quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Resenha de disco: Coletânea PB Rock

Por Jezuíno Oliveira


Parte do público na Música Urbana, 09/12/07 - PB Rock
Lançada em novembro último a coletânea virtual PB Rock (volume 1) - com áudio no formato mp3 -, contendo dezenove bandas/artistas da atual cena rock e pop paraibana. Abrangendo diversos estilos e tendências sonoras desde o tradicional hard rock até o mais moderno instrumental jazz-pop, enriquecida pela participação de nomes conhecidos nacionalmente como Chico Correa e Star 61.
A idéia tomou corpo a partir da iniciativa da lista de discussão chamada PB Rock, criada ano passado, hoje constando com mais de oitenta participantes entre músicos, jornalistas e produtores paraibanos. O objetivo desse grupo - de sentido coletivo - é fomentar a integração, promoção e divulgação das produções e atividades relacionadas ao meio musical independente.
Esse tipo de abordagem, utilizando a Internet como veiculo divulgador, é um fato inédito no país partindo de uma produção de cunho coletivo. Elaborado durante todo o ano de 2007 e com o apoio técnico do Portal PB Point, o disco apresenta a ebulição e multiplicidade de uma nova geração de músicos/compositores bem direcionados, exibindo variadas produções sonoras.
Além da coletânea que pode ser baixada gratuitamente junto com a arte da capa, o site contém informações, imagens e contatos de cada um dos participantes. Vale ressaltar que antes mesmo de utilizar a moderna ferramenta via Internet - de baixíssimo custo, agilidade na produção e de alcance incontestável -, tentou-se fazer um disco no formato tradicional buscando até mesmo apoio de entidades públicas, sem obter sucesso.
A expectativa é atingir um grande público em todo país com uma resposta satisfatória em menor tempo possível, até o momento foi registrado mais de quatrocentos downloads em dez dias depois de lançada.
Abrindo a coletânea e como legitimo representante da qualidade sonora do rock paraibano temos o veterano power trio Musa Junkie com a faixa “Una salsa”, um rock alternativo de riff matemático e poderoso de guitarras,bateria e baixo cadenciados, frases esparsas em castelhano e um pequeno toque de experimentalismo. Em seguida o pop elegante de sotaque nordestino de Chico Correa & Eletronic Band com “Lelê” numa mistura perfeita do tradicional com o moderno explorado pelas referencias nordestinas exibidas no vocal e no ritmo sobre uma roupagem eletrônica.
Numa postura rocker moderna o quarteto Dalila No Caos alia em “Coleção de Vidro” as incongruências do rock -som pesado, psicodelia e barulho - seja no lirismo simbólico ou em andamentos “nervosos” de sua melodia. A essência do rock é o protesto e a contestação, elementos decisivos na música “Pra não dizer que não falei pra Mãe” do grupo Mobiê juntando as suas formas mais poderosas: punk hardcore, metal e hip-hop. O deboche e um certo cinismo bem humorado também são presentes no glam-rock do Star 61 na faixa “Onde estou”, liderada pelo carismático vocalista Flaviano, que é um dos melhores compositores da nova safra paraibana.
Com inspirações no rock nacional dos anos 80 o grupo Conceitobásico contesta de forma sutil e melódica a situação política do país com “Artigo 7º”, como bem entrega o título. Infelizmente a banda acabou, mas na sua curta existência o Motherhell mostrou-se uma das bandas de sonoridade mais energética surgida nos últimos dois anos, a música “I walk for award” é speed-rock primitivo, curto e grosso! Considerados com melhor grupo punk hardcore da cidade o Comedores de Lixo prova em “Mães de Infância” que isso é verdade, destilando com propriedade, urgência e sem firulas, criticas ao sistema politíco atual.
Numa levada rock’n'roll setentista bem simples e com boas guitarras o quarteto Cordel Blue agrada com “All my life” que tem um refrão bem pegajoso. Mesmo sendo uma dos novos grupos dessa compilação o Enquanto Isso…mostra personalidade de veteranos em “O amor é caro”, composição com melodia e harmonia em arranjos perfeitos, além de excelentes guitarras. Sintonizados no pop psicodélico sessentista a banda Gauche apresenta uma exuberância lírica e rítmica impressionante, “Teatro de Serafins” é uma verdadeira viagem de uma sonoridade contemplativa.
Embora exista há bastante tempo, o Guerrilha é pouco conhecido na cena, shows esparsos e variação na sua formação, mas na ótima balada pop “Quanto tempo” não esconde a capacidade da banda de fazer letras positivas e boas composições. Já os veteranos Dead Nomads são bastante conhecidos com seu punk-pop de primeira linha, agora bem atualizado, amadurecido e surpreendente em “Dinheiro”, faixa inédita especialmente publicada para essa coletânea.
Decano do hardcore nordestino, a respeitada Rotten Flies certifica seu avassalador hardcore old school em “Guerrilha urbana”, com a característica e postura peculiar de uma banda experiente e incisiva. Liderada pelo vocalista, guitarrista e compositor André a banda Psicocedim traz a faixa “Neurose”, extraída de seu primeiro disco, em que mostra novo direcionamento com influências de rock alternativo, mais bluesy e melódico. O The Silvias talvez tenha uma musicalidade mais inusitada de todas, entretanto sua concepção minimalista, krautrock, ambient e uma tinta de psicodelismo em “O vácuo” nos remete a uma linhagem de trilhas sonoras e ambiências provocativas, que recita a mesma linguagem rock.
Os garotos do Molestrike se apropriam do velho metal para fazer uma nova alternativa, pode soar pretensioso, mas a demonstração do caminho é clara em “Não dará para todos”, uma boa promessa no estilo. Fazendo jus a diversidade dos sons o trio campinense Aerotrio é puro jazz-instrumental moderno e pop, sendo o agradável combo formado por ex-roqueiros que abusam da experiência anterior para uma nova e rebuscada abordagem. E fechando o disco temos o Madalena Moog, o autêntico indie pop pintado de bossa nova e samba-rock em “Stronic Up”, cujo refrão “A vida é boa, a beira mar em João Pessoa” é super apropriado para o desfecho.
Para obter a coletânea PB Rock, acessar o site: www.pbpoint.com.br/pbrock


Ver matéria em: http://www.dosol.com.br/2007/12/12/resenha-de-disco-coletanea-pb-rock/

vídeo no YouTube:

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

PB Rock Show
por Jesuino Oliveira
madalena moog, tocando no lançamento da coletânea PB Rock (09/12/07)
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O conhecido ditado "a união faz a força" caiu feito uma luva na execução do show PB Rock no último domingo. Na base do mutirão tivemos um show comemorativo ao lançamento da coletânea virtual PB Rock, vol. 1 , lá no pátio da Musica Urbana, contando com as bandas The Silvias, Madalena Moog, Gauche, Rotten Flies e Dead Nomads.Num domingo calorento cerca de 150 pessoas prestigiaram o evento assistindo ao shows de algumas mais representativas bandas paraibanas que fazem parte da coletânea.
Com um pequeno atraso o quarteto Madalena Moog, liderado pelo vocalista e guitarrista Antonio Patativa, abriu os shows com um pop-rock de boas guitarras e uma nova formação bastante interessante. Patativa retorna a João Pessoa depois de temporada em Porto Alegre, aproveita para firmar sua banda e gravar novo material o mais breve possivel.
Na expectativa se tocava ou não o The Silvias fez a sequência com uma sonoridade instrumental simples, mas densa numa combinação perfeita de baixo, teclados, violão e percussão. O não rock do grupo, do modo convencional que conhecemos, serve bem para exemplificar a diversidade de sons que cenário local expõe e o modo tolerante como todas as tendências devem conviver.
O quarteto Gauche vem evoluindo com suas novas composições e em cada apresentação que faz. Cheio de referências sessentistas e de um atualizado progressivo pop fizeram um set enxuto e preciso. Um boa promessa local que recentemente gravaram novas músicas para seu primeiro disco oficial.
Ramsés uma semana antes tinha dito que o Rotten Flies estava ensaiando especialmente para o PB Rock Show. Não deu outra, foi o show mais insano da tarde de uma da bandas punk de grande respeito e prestigio da cidade. Petardo em cima de petardo sem descanso pra ninguém!
Fechou a festa o Dead Nomads com um bom set, outra veterena que evolui musicalmente a cada ano misturando suas influencias hardcore melódico com pop punk e rock alternativo. Estão divulgando seu novo disco intitualado "Garage 80" com versões para hits dos anos 80.
O evento só foi possivel graças ao apoio de Robério dono da loja Música Urbana, do portal PB Point que acredita no rock local e a ajuda valiosa de pessoas como Nildo, Edy, Degner, Thiago Sombra, Adriano Stevenson, Ramsés, Carol Morena, Coloral e Beto Luxúria, que cederam tempo e equipamentos para a realização do show. Destaque especial da tarde para Régis com seus 1,90m e 150 quilos que acelerou no rum e se divertiu pra valer...

Um mais um é sempre mais que dois.