domingo, 23 de março de 2008

Hey, boys!
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Suzana Freitas - direto pro Blog
A Madalena Moog tem se firmado como uma das boas bandas de João Pessoa, ou da Paraíba. Participou das duas edições do Festival Nordeste Independente, tendo músicas incluídas nas coletâneas PB Rock, "Stronic Up", e Nordeste Independente, "Descartáveis". Uma recente entrevista do vocalista da banda, Patativa, foi uma das mais visitadas no site local LadoNorte [cf. entrevista abaixo e links para o site]. A banda, na boa fase que segue, tem feito shows empolgantes em alguns lugares da cidade, recebendo propostas pra tocar em Fortaleza (CE) e Campina Grande (PB), e ainda foi uma das cinco aprovadas na seletiva do site LinkMusical para concorrer com mais quatro bandas do Nordeste. Duas dessas bandas (as mais votadas) subirão ao palco do conhecido Festival entre os dias 11 e 12 de abril próximo. Pra votar na banda basta acessar o site: http://www.linkmusical.com.br/abril/ No mais, só resta torcer, e esperar pra ver!
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MySpace:http://www.myspace.com/madalenamoog8
Flog:
http://www.fotolog.com/madalena_moog
Orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2976684
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MAIS
Quatro vídeos da banda tocando ao vivo: 1 e 2) show de lançamento da Coletânea PB Rock, no pátio da loja Música Urbana, em João Pessoa: "A rua da vida feliz":
http://br.youtube.com/watch?v=xnge45ErywY e "Monotonie": http://br.youtube.com/watch?v=gBdK061amKA&NR=1; 3) no Kant Bar, em Porto Alegre: "Carrossel": http://br.youtube.com/watch?v=MbpaF2b_g4A e 4), e na UFPB, nas programações culturais do EREH (Encontro Regional dos Estudantes de História): "Monotonie": http://br.youtube.com/watch?v=rAns2lAJVUM
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Link DIRETO pra download da primeira coletânea do Festival Nordeste Independente:http://www.reciferock.com.br/site/?dl=17
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Links para as entrevistas com Patativa

http://www.ladonorte.net/site/content/view/155/1/#easyentry
e com Edy no Lado Norte:
http://www.ladonorte.net/site/content/view/18/42/

terça-feira, 11 de março de 2008

Entrevista

Antonio Patativa é Madalena Moog
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por Jesuino Oliveira
11-Mar-2008
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Quem olha para Antonio Patativa nem imagina que ele é professor de Filosofia e um compositor/músico de mão cheia. Esse pernambucano radicado na Paraíba ligou-se à música pop de forma decisiva quando fez o Madalena Moog em 2001. Já no ano seguinte lançou o EP "As flores mortas e outros prenúncios". Entre poucos shows, mudanças de formação e uma breve morada para estudos em Porto Alegre, retornou a capital paraibana para dar gás à banda - agora com Edy (guitarras), Nildo (bateria), Carol (voz, teclados e efeitos) e Thiago Sombra (baixo) - com um novo EP intitulado "Intoduction Super Ut..." e participando da coletânea virtual PB Rock, vol. 1 (cf. link abaixo); além de outras histórias que ele nos conta agora!
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Jesuíno: Podemos iniciar você falando quando começou no mundo da música, o inicio...
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Patativa: Cara, falar desse início messssmo ficou ruim, ruim porque não lembro "exatamente" quando "comecei no mundo da música". O que me vem à mente, em imagens dispersas, é o tempo em que eu, ainda pirralho, ficava fazendo paródias, destruindo os sucessos que tocavam no rádio. Na casa de minha mãe, no interior de Pernambuco, tinha um rádio de pilha, de ondas curtas, e eu ficava até tarde procurando as vozes distantes; eu sei, é uma coisa meio lesa, mas eu achava mágico ouvir a voz do mundo. Acho que daí vem a minha frescura em achar que música é um troço sem fronteiras, embora seja usada politicamente, ideologicamente, como instrumento de manipulação e dominação; mas a música, a grande música, é aqui falo de uma perspectiva meio socrático/platônica – que considera aquele lance de, por exemplo, não falar das horas, mas do tempo. Então, ao menos para mim, porque eu nunca posso falar pelos outros, esse lance de música regional é legal, mas quando você considera dentro de um todo, e não isoladamente, como parte. Isolada, às vezes é uma bosta. Comecei a estudar violão com um bicho que era muito doido, um cara chamado Gomes. Ele era meio que um aventureiro, um andarilho, um artista não sei de que categoria. Isso tudo lá no Crato, no Ceará. As datas precisas eu não tenho, mas acho que era lá pro meio dos anos 80. A gente ficava treinando com umas musiquinhas fáceis da Legião Urbana, outras da Ira! Depois comecei a ter aulas de violão clássico no Teatro Raquel de Queiroz, com um cara, Jair Ferreira, que além de um bom amigo era muito paciente comigo. Eu tinha preguiça de estudar o instrumento como ele queria, e fazia só o convencional. E ficava compondo musiquetas maluquetas. Me lembro que, por esse tempo, participamos de duas edições de um festival local, o Festivale (Festival no Vale do Cariri), e ficamos uma vez em terceiro lugar e outra em segundo; dizíamos que, na próxima edição, ganharíamos o primeiro, mas não houve uma nova edição do festival. Foram apenas três edições, e nós participamos das duas últimas. Tempos legais aqueles. Eu tava no meu segundo grau do estudo médio.
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J: O que a música significa pra você?
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P: É uma das grandes criações da humanidade. É legal pensar que, como o andar ou o falar, ela não teve "um criador", o cara que disse: "vou inventar a música". Por isso que ela é de todos e não é de ninguém, nem tem fronteiras, nem pode ser rotulada – poder até pode, mas aí perde sua universalidade, e passa a ser instrumento, pássaro engaiolado... e a grande música, enquanto arte, não deve ser assim. Por isso também que os estilos vêm e vão, e não tem sentido você brigar por estilos. Cada um faz como quer, respeitando o outro. Há espaço para todos na música. O que você tem que se perguntar, em se tratando de música, e principalmente as mais comerciais, ou seja, aquelas que estão na mídia, é: o que querem me vender com isso? É importante fazer isso pra evitar a manipulação do Mercado, essa coisa invisível que, se você não se cuidar, acaba sendo arrebanhado. É ruim ser mais um no grande rebanho. Em tudo isso, penso que e preciso ser crítico, antenado com as músicas que não aparecem na grande mídia. Esses dias mesmo eu descobri uma banda que, agora, amo de paixão, a Peter, Bjorn and John, é uma banda sueca, formada em Estocolmo, copiei dois álbuns pelo eMule, e ouço o tempo todo. Não é, pelo menos ainda, o tipo de música que a grande mídia quer te empurrar orelha abaixo. É verdade que algumas bandas que nascem com essa veia indie, como a gente costuma classificar, quando viram pop, como no caso da REM e U2, por exemplo, passam a fazer parte da lista da grande mídia (falo de grande mídia como instrumento político-ideológico, etc), e passam a ser mais conhecidas, vendidas... mas, como você vai saber de bandas como a Peter, Bjorn and John, ou da Luna, ou Yo La Tengo, ou tantas outras se o Mercado adota um seguimento e lhe diz: "Isto é o que há de bom e melhor; ouça isto!" O grande lance, ao que me parece, digo isso pra quem gosta de música, é driblar as barreiras, as fronteiras, procurar ver o que há do outro lado da janela. Tem muita coisa boa que a gente não conhece, tem uma música nos esperando lá fora, uma música que vai ser a música da nossa vida.
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J: Como você definiria a música que faz?
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P: Eu não saberia classificar isso direito. Tanto é assim que já mudei várias vezes o perfil da banda lá na comunidade do Orkut, na apresentação do Blog... Penso que a música da Mada (Madalena Moog) é o resultado das coisas que eu escuto. Tem um pouco de indie, coisas experimentais, música brasileira... To pensando em fazer, ainda esse ano, um EP de umas cinco músicas com uma pegada bem brasileira, com umas bossinhas, umas... é, por aí. Como compositor e instrumentista, o que é mais fácil e o mais difícil de fazer nessa arte? No meu caso, as duas coisas. Não sou, e isso não é falsa modéstia, um instrumentista virtuoso. Por outro lado, para o tipo de música que faço, é mais importante a criatividade do que a virtuosidade. Toco o suficiente pra compor as músicas, e tocá-las nos shows. Se eu não tocasse não sei onde esconderia meus braços. Já nas letras, aboli, desde o nosso primeiro EP ("As flores mortas e outros prenúncios", de 2001), os poeminhas com rimas e frases de efeitos, refrãos que obedecem a uma ordem. Tenho procurado, longe do dadaísmo, letras mais subjetivas, poemas que falam do dia-a-dia, mas sem melodramas de amores findos. Odeio essa coisa do cara cantar só falando de si, na primeira pessoa, ou do outro(a), na segunda: "Você me deixou, uou, uou, uou... meu mundo desabou, uou, uou, uou..." Deixa isso aí pra galera que gosta de música emo... nada contra os emos, mas acho o estilo uma merda, embora respeite quem gosta de merda... eu gosto das pessoas, das merdas que fazem, não – embora muita gente também possa dizer que o que faço ou ouço seja merda também; é um direito que todos têm. Acima de tudo, o respeito às diferenças... mas que tem "diferença" que é uma merda, ah, isso tem! Acho que fugi um pouco da pergunta, mas, enfim...
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J: Como você avalia o cenário pop e rock da cidade e do Estado?

P: Bom e ruim. Explico: tem muita banda por aqui, cara; e me refiro só à cidade de João Pessoa, que é mais da minha alçada. Houve uma época que, por aqui, todo mundo só sabia tocar Hard Core, e nada contra essa galera, mas é chato ficar notando essas ondas; outra época, por influências da mídia e do sucesso dos pernambucanos da Nação Zumbi, todo mundo queria juntar o regional com o eletrônico, e fazer a fusão do côco, do maracatu, da ciranda etc., com breack-beats, kaos-pads, synts, etc... uma coisa meio Stereolab + Moby + Luiz Gonzaga e Jacson do Pandeiro, só pra exemplificar... essas coisas até são interessantes, inovadoras (ao menos quando despontam), mas, quando todo mundo começa a seguir a fila, porque dá audiência, ibope, ah, não! Aí vira série. Pô, bicho! A arte não pode ser feita em série. Já imaginou o uma tela de Miró, reproduzida aos montões? Só a primeira é original, e só ela é arte, por sua originalidade; as outras, apenas cópias da primeira, que já é uma cópia de "algo retratável", simulacro. Quer dizer, aquela que não é original é cópia da cópia – que pretende-se original; isso é platonismo, eu sei, mas é que isso serve pra dizer do distanciamento que a última copia tem em relação à primeira, e do valor que tem em relação à arte maior. Acho que viajo demais, né? É que outro dia eu vi alguém defendendo a música regional – e não tenha dúvida de que o Estado, sabendo do peso político-turístico da "música regional", aposta nisso –, dizendo que a gente tem que valorizar os músicos da terra. Discurso da ideologia cega que quer vender o regional, incorporando-o, a força, ao mecanismo do Mercado da esquisitisse. A música do Nordeste é linda, e eu falo daquilo que foi feito pelo Jacson do Pandeiro, pelo Trio Nordestino, o Luiz Gonzaga e tantos outros que seguem as pegadas desses aí, ou de outros tão bons quanto, ou mesmo suas próprias pegadas, e que fazem muito; mas eu não posso concordar que a música do Nordeste seja "só isso"... e desvalorizar outras iniciativas que surgem com propostas que não se limitam à língua, à região. Daí alguém pode dizer: "Ah, mas o público pra esse tipo de música é muito pequeno, e os caras que administram os recursos da cultura do Estado, ou do município, pensam nas maiorias". Sim, é que a maioria, sem opção de conhecer outros estilos, porque desde pequenos são doutrinados a ouvir a música do Mercado – prova disso é a bosta, com minúsculas exceções, que são as emissoras de rádio da cidade –, veiculada na grande mídia, não tem os ouvidos educados para o novo, e isso vale, inclusive, em relação à música erudita (que os mal informados só conhecem como "clássica"), mais ou menos como diz o Caetano: "Narciso acha feio tudo o que não é espelho". Bom, essa é, sem dúvida, a tua pergunta mais complexa e que pode gerar mais controvérsias; e eu não tô nem um pouco interessado nesses debates que não levam à porra nenhuma.
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J: Seu conhecimento filosófico influencia de alguma forma na sua música?
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P: Sim! Com certeza. Mas eu tento não fazer das letras uma estampa pra divulgar idéias e coisas do tipo. Nos anos 80, principalmente com as bandas de Brasília – que influenciaram muita gente –, a exemplo da Legião Urbana e Plebe Rude, as letras tinham um tom muito politizado, e tem muita gente que não sabe fazer letra se não for falando mal do "sistema"... coisa de adolescente isso. A música, a grande música, é arte-pela-arte, quando tu começa a usar a música como meio, ela deixa de ser fim-em-si-mesma. E aí deixa de ser "a grande música". Então, penso que escapar da tentação de fazer letras com estampa, mensagens que não colam, é sim uma atitude filosófica. Tento falar o mínimo possível, como já disse, nas primeira e segunda pessoa; procuro letras, quando necessárias – porque cada dia mais estou me enamorando do minimalismo –, que tenham uma certa subjetividade poética, mas não tanto, pra não ser confundida com progressivo/psicodélico ou porralouquice mesmo. Gosto de falar de coisas do cotidiano e, acima de tudo, criar imagens mentais em que presta atenção às letras; coisa do tipo: "Tarde sem sol, ventos do mar, frutas verdes no pomar..." Isso não diz nada, quer dizer, não tem um discurso direto; mas gera uma imagem, e aí, na palavra, esta a morada da poesia, ou a morada do Ser, como diria Heidegger.

J: Com toda essa tecnologia atual e uma turbulência anárquica no mercado musical, como você enxerga o futuro da música?

P: Sou péssimo com "pré-visões", nem gosto delas. Nisso tudo, vejo um dualismo marcante, bom e ruim. Veja só: ao mesmo tempo que o monopólio das grandes gravadoras sobre a música e a produção musical foi pro beleléu, porque hoje em dia todo mundo pode gravar e ter suas músicas na Rede, o que é bom, aumentou também a produção de música de "baixa qualidade". O mp3 é exemplo disso. Eu uso essas novas tecnologias, e tenho músicas em formato mp3, mas a qualidade é ruim, cara, é sincado demais... ouça o som dos pratos, por exemplo; escuta o original num aparelho de som legal e depois escuta a mesma música em mp3... tu vai sacar a diferença. É claro que tem gente que não nota "diferença nenhuma", mas aí entra outra questão: a educação do ouvido. Cara, na verdade, isso ainda é muito complicado pra mim, na minha análise demasiado simplista; prefiro ir vendo e, o mínimo possível, dando meus pareceres... é que não gosto de fazer juízos apressados; e penso muito nessa via dupla do bom/ruim. Mas, acima de tudo, penso sempre que tudo o que é vulgarizado, acaba desvalorizado.

J: Quais as metas para o Madalena Moog em 2008?

P: Eu finalizei, com músicas gravadas entre 2006 e 2007, um EP novo, que tô dando o título latino "Introduction Super Ut...", ou seja: "Introdução para...". Ainda nesse primeiro semestre deverei fazer a masterização. As gravações e as mixagens, caseiras, foram feitas aqui em João Pessoa e lá em Porto Alegre. No referido EP eu toco quase tudo só, mas contei com a ajuda do Edy, nosso baixista desde muito, e agora guitarrista, e do Tiegue, que tocava guitarra na banda, lá em Porto Alegre, nalgumas músicas. "Introduction Super Ut..." tem 10 músicas que são, basicamente, experimentos, projetos e sobras de "outras coisas" que estamos planejando pra mais adiante... um tipo de "aperitivo do futuro". Achei por bem disponibilizar isso tudo pros amigos que gostam da nossa música. Também estamos reestruturando a banda e selecionando músicas com uma roupagem mais brasileira para um álbum que, se tudo correr bem, será lançado ainda este ano.


Confira essa entrevista no site: http://www.ladonorte.net/site/content/view/155/1/

Link DIRETO pra download da coletânea Festival Nordeste Independente, vol. 1: http://www.reciferock.com.br/site/?dl=17