quinta-feira, 11 de março de 2010

Edy, o Homem-Música!*
Por Jesuíno André
Edy Gonzaga, em foto de André Melo
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Falar sobre o rock e o pop paraibano é obrigatório falar de Edmundo Gonzaga Nascimento. Caso raro de talento musical, instrumentista versátil, Edy é guitarrista, baixista, compositor, produtor e dublê de jornalista-publicitário. Nos últimos quinze anos, com sua diversidade artística, tem participado dos momentos mais significantes, com as melhores produções feitas atualmente na Paraíba.
De espírito cosmopolita já rodou o país todo, fez excursões no exterior e chegou a morar na Oceânia (Nova Zelândia).
Curiosamente seu interesse pela música teve inicio bem distante de João Pessoa, como revela: “Comecei a tocar quando ainda morava em Fortaleza e cursava ensino médio. Tony Cochrane, um amigo da época, dono de uma loja de sons alternativos/punk/metal me mostrou muitos dos sons que me fizeram começar a ter vontade de tocar.”
Vestido de uma singular modéstia, já participou e colaborou para um monte de bandas e artistas, sempre deixando sua característica como músico e compositor. “Já passei por muitas, muitas bandas mesmo ! Bandas de garagem, bandas que duraram pouco. Vou citar algumas da fase em que, digamos, as coisa começaram a ficar mais sérias mais consistente:
Rotten Flies (hardcore.) – gravei minha primeira demo – “Cultura do Ódio”
Tribo Éthnos (hip-hop) – gravei meu primeiro CD e participei do segundo CD da Tribo
Flávio Cavalcanti (rock) – Começamos a trocar em grandes festivais, gravamos um CD independente, lançamos um single pela Virgin Records e um cd pela Abril Music, morreu na contramão atrapalhando o tráfego.. hahaha. Acho que uma grande experiência, tivemos oportunidade de trabalhar com grandes produtores, moramos em São Paulo durante quase dois anos, gravamos em grandes estúdios. Aprendizado importante.
Eleonora Falcone (mpb) - Cantora que faz uma MPB de vanguarda, que morava no Rio de Janeiro e flertava com bossa, ritmos regionais e música eletrônica. Riquíssimo musicalmente. Interessante é que tínhamos um Cello na banda.
Zeferina Bomba (noisecorecocogrooveenvenenado) – Época divertida, muito divertida. MADA, Festival Ruído, em Fortaleza, gravação com Miranda no Fábrica Estúdios. Divertido, muito divertido, infelizmente, não pude ir com eles pra São Paulo em unção de compromissos profissionais em João Pessoa. Eles estão muito bem com o Martin, gente boa.
Star 61 (glitter rock) – Se o Zeferina já era divertido, o Star era o triplo. Fá, o vocal é uma das pessoas mais roquenrou que eu conheço. A formação da qual fiz parte era muito louca, com Fá, Túlio(Zackarias Nepomuceno) e Walter (Aleph – banda de metal). Foi com eles que toquei pela primeira vez em eventos no mesmo dia que bandas internacionais tocaram - no Abril Pro Rock com o Placebo e Claro Q É Rock em São Paulo, com Iggy Pop e Stooges, Sonic Youth, Flaming Lips, outros. Divertido demais, é isso.
Chico Corrêa & Electronic Band (eletrônico) – Experiência marcante de fusão de rock, música regional com música eletrônica. Viajamos bastante pelo país. Experiência muito rica musicalmente. Gravamos um cd, que atualmente, está sendo bem recebido no Japão e Europa. Esmeraldo, identidade real do Chico Corrêa, é uma pessoa fantástica.”
Atualmente toca exclusivamente em três bandas - Cabruêra, Zé Viola Progressive Band e Madalena Moog. Quando o assunto é sobre música e implicâncias, diz suas opiniões com inteligência, bem centrado em seus argumentos, com devida experiência é sempre requisitado em qualquer atividade que envolva o meio. Aproveitei uma chance para fazer uma rápida entrevista, onde ele nos conta:
O que significa Música pra voce? porque fazer Música?
“Música é de onde tiro oxigênio. Música, para mim, nem é uma escolha, é uma imposição, tá no meu cotidiano. É nisso que penso e ouço o dia todo, como uma trilha sonora cotidiana. Estou sempre cantando, ouvindo ou batucando alguma coisa.”
Como você avalia a atual música pop e rock na Paraíba?
“Sem dúvida, cresceu. Antes conhecíamos quase todos os nomes, as bandas, as pessoas do circuito. Hoje não acontece mais isso, recentemente andamos catando bandas pra colocar nos palcos e acabamos descobrindo muita coisa boa, que sequer tinha saído das garagens. São jovens com informação e capacidade, mas que, muitas vezes, se limitam a montar sua banda e se ater aos domínios da internet, colocando o som que eles mesmos produzem em casa com os amigos e colocam para download e audição em sites de hospedagem de MP3. Interessante que comprovamos que algumas dessas bandas funcionam ao vivo, digo, no palco, e outras não, permanecem impressionando somente virtualmente. Mas percebo que os sons hoje são bem mas trabalhados e com influências bem mais diversas do que tínhamos anteriormente. Sinto falta, apenas, de vê-los nos palcos. Estamos tentando resgatá-los.”
Pirataria, internet, mp3, estamos no final de uma era e começo de outra?
“Essa nova fase já começou, o que ainda não se concretizou é a parte comercial da coisa, essa, acredito, ainda leva um tempo. Mas muitas bandas já tem tirado proveito dessa nova fase, digamos, democrática da rede. Esta mais fácil para divulgar e para manter contato direto com o público. Quem vai ter que se adaptar agora, são as gravadoras e todos esses “esquemas” de divulgação, criados pelas majors e do qual se tornaram escravos. Enfim, prefiro essa situação meio anárquica de hoje.”
No seu universo musical o que tem ouvido de interessante?
“Ouço tudo ao mesmo tempo. Tenho por hábito pegar sons de amigos próximos que tem gosto em comum e baixar outras coisas. Curiosamente ando ouvindo muitos sons antigos, algumas raridades baixadas de blogs de música nacional (Joelho de Porco, trilha sonora do Orfeu Negro(1958), Dom um Romão e outros) e bandas muito recentes baixadas de sites gringos (The Shins, 1990s, Ingenting, The Noisetes, Jucifer, outros). Bandas da região que gosto de ouvir ? Vamoz !, Bugs, Bonnies, Cabeça Chata, Honkers, Scary Monster, pô, um monte! Ficaria horas listando, ouço música o dia todo, o tempo todo.”
Cabruêra: www.myspace.com/cabrueramusic
Disco novo para baixar: : http://www.overmundo.com.br/banco/visagem-cabruera
Ze Viola Progressive Band: http://www.myspace.com/zeviolaprogressiveband
ZVPB músicas para baixar: http://www.overmundo.com.br/banco/ze-viola-progressive-band
Madalena Moog: www.myspace.com/madalenamoog8
2 Eps e 1 álbum, para download: http://www.jamendo.com/br/user/madalenamoog
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*Entrevista editada, mas foi publicada originalmente em 2007 no blog PB Rock (http://www.paraibarock.blogspot.com/)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Coletivo Sanhauá
Informe de divulgação
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Na final da belíssima tarde azul deste domingo (28/02/10), num casarão antigo localizado na Praça Antenor Navarro, nº 15, no Centro Histórico de João Pessoa, quatro amigos músicos, depois de vários acertos anteriores, se reuniram para, finalmente, dar vida ao mais novo ponto de cultura independente da cidade. Nasceu ali, depois de várias sugestões recebidas para o nome, o Coletivo Sanhauá – que é nome do rio onde a cidade de João Pessoa nasceu, e que pode ser visto das janelas internas da sede do Coletivo e de boa parte do casario antigo do Varadouro e adjacências.
Os atuais mentores do Coletivo são: Erick de Almeida (líder-vocal da banda Baluarte), Patativa (líder-vocal da banda Madalena Moog), Chico Limeira e Érica Maria, artistas solo bastante conhecidos e respeitados na cidade. A marca comum desses artistas, na atualidade, e que será priorizada nas atividades do Coletivo, é a brasilidade, a cumplicidade com a música do Brasil e da América Latina, por extensão. No Coletivo também haverá destaque para a cultura local e as demais artes, sem sectarismos puristas e excludentes. Assim, e por isso, outros grupos já estão se juntando a nós, somando forças; são eles: Alieenígenas (música); Cia Paralelo (dança), Fazendo Arte (escola de teatro e dança) e Os Caronas do Opala (música).
O espaço físico do coletivo, além de funcionar como estúdio de ensaio (música, teatro, dança), também abrigará exposições e outras atividades culturais, como: lançamento de livros, palestras, exibição de filmes, et cetera. Uma série de outras utilizações, todas ligadas à cultura alternativa e independente, de um modo bem abrangente, estão sendo estudas e, a seu tempo, serão divulgadas aos interessados.
O Coletivo também, em parceria com a Intoca e o Galpão 17, planeja um festival (Festival Brasil MPb [música da Paraíba]) anual (sem ter um mês definido para tal), privilegiando artistas da Paraíba que fazem música legitimamente brasileira.
O funcionamento do Coletivo, nos próximos dois meses, será restrito a ensaios, planejamentos e estruturação e do local. Já para abril, porém, está sendo agendada a exposição de uma artista plástica portuguesa (detalhes omitidos), e outros eventos da mesma natureza já estão sendo tratados; e na primeira quinzena de Maio haverá a primeira edição do Festival Brasil MPb, marcando a inauguração oficial das atividades normais do Coletivo Sanhauá.



No mesmo espaço do Coletivo, também, funcionará o Espaço Cultural Cia da Terra, nossa parceira e incentivadora. Todas as atividades do Coletivo, assim, estarão diretamente vinculadas à Cia da Terra, que nos patrocina e incentiva.
Em breve teremos uma página na internet e outros meios de contato mais direto e funcional.
Produtores, músicos, artistas de um modo geral são convidados a somarem forças com mais essa iniciativa, e isso em função da cultura local, independente, nova e criativa; também em prol do Varadouro e arredores, que esperamos vir a ser uma zona livre de cultura, valorizada por todos e para o bem de todos.


Érica Maria, Chico Limeira, Patativa (Madalena Moog) e Erick de Almeida (Baluarte)
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Coletivo Sanhauá