segunda-feira, 21 de julho de 2008

Ponto de encontro de
quem gosta de disco
Música Urbana faz 10 anos
Por André Cananéa
De saco cheio do trabalho burocrático em uma empresa de seguranças de João Pessoa, um fã dos Smiths, R.E.M. e Echo & The Bunnyman pediu demissão e abriu uma pequena loja de CDs usados, no Centro da cidade. Isso foi há dez anos. De lá pra cá, a Música Urbana pode não ter dado uma fortuna em dinheiro para Robério Rodrigues, mas o lugar se tornou um ponto de encontro para quem gosta de música e a melhor opção (senão, a única) para os cada vez mais raros colecionadores de CDs e LPs.
Sobreviver dez anos da venda de discos, em João Pessoa, numa época de pirataria como esta, é um feito notável. Por isso, músicos e freqüentadores do lugar resolveram fazer uma festinha, aberta a todo mundo. Começa às 14h, com shows das bandas Madalena Moog, Sem Horas, Nublado, Gauche e The Great Boys, uma boa leva da cena roqueira local. O ponto alto é o lançamento do vídeo Música Urbana – 10 Anos.
Feito pelo produtor e fanzineiro Jesuíno André, o vídeo de aproximadamente 15 minutos traz depoimentos do dono da casa, contando como abriu a loja e o que aconteceu nesses dez anos, e de habitués, como os músicos Ramssés e Beto (Rotten Flies), Flaviano (Star 61, ex-funcionário da loja), Ilson (Zefirina Bomba) e até visitantes interestaduais, como Alexandre Alves (The Automatics), de Natal (RN). O vídeo vai estar disponível na própria loja, em DVD. Mas Jesuíno espera, nos próximos dias, disponibilizá-lo, também, no Youtube.
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ALTA FIDELIDADEA Música Urbana acabou se tornando nossa Championship Vinyl, a loja onde se desenrola Alta Fidelidade, livro que consagrou o britânico Nick Hornby e acabou ganhando uma ótima adaptação para as telas. "Eu só vim conhecer o livro anos depois que abri a Música Urbana. Me identifiquei bastante com a loja, mas não com o cara. Minha vida conjugal é muito bem resolvida", comentou Robério, um sujeito tímido e antenado que, dez anos depois, reflete que ter aberto a loja o levou a conhecer muita gente e aprender muito mais sobre música pop.Do ponto de vista mercadológico, os melhores anos para a Música Urbana foram 2002 e 2003, contabiliza Robério. Hoje, ele tem que diversificar para não fechar, embora possua um grande acervo de 1.500 CDs e aproximadamente mil vinis, vendidos a preço de banana. "Fui colocando camisas, instrumentos, livros e até um serviço de bar", conta Robério. "Afinal, as pessoas vêm aqui e, embora não comprem discos, acabam, pelo menos, tomando uma cerveja".
Nos finais da manhã de sábado, entrando pela tarde, o lugar fica lotado. São fãs de rock e música pop que sabem que além de discos, vão encontrar pessoas e trocar informações tanto sobre os clássicos do rock, quanto as novidades do gênero. "A Música Urbana transcendeu o mera toma-lá-dá-cá de uma loja de discos comum. Se tornou um espaço de cultura da nossa cidade por onde passam pessoas antenadas e circula muita informação", atesta Jesuíno.

Fonte: Jornal da Paraiba, 19 de julho de 2008