sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

MARAVILHOSA QUEDA





Eu vi a mim mesmo caindo, & era uma Queda maravilhosa...
Como um Adão que cai para cima, era assim que eu caía
& vi pessoas andando a esmo, mas certas de seu Destino
certas de um paraíso porvir: a vida eterna, a Cidade Celeste
uma “Shangri-la” post-mortem, muito além do Himalaia
portas eternas que se abrem tão logo as do Tempo sejam cerradas
uma certeza tão certa que, por ela, todos morriam & matavam
lotavam igrejas, pagavam dízimos, faziam procissões, longas orações
torturantes penitências, abstinências cruéis & obras de caridade
trocando o que possuíam por essa pérola de valor enorme
depositada fora do Tempo, longe do furto & da corrosão
onde estariam os seus tesouros, suas esperanças & corações...
& enquanto eu caía, pensava se isso não era – ah, era! –
o maior de todos os egoísmos, maquiado pela piedade da fé
– o mesmo egoísmo tão combatido por todas as seitas cristãs
o mesmo que era seu, sim!, seu motor & antagonismo

Eu me vi a mim mesmo caindo, & era uma Queda maravilhosa
& aqueles que me viam, assim, não podiam compreender
chamavam-me de louco, herege, idiota ateu, filho de Satã
&, caso pudessem, queimariam meu corpo corrompido
para que minha alma se libertasse, depois da dor infligida
que o fogo pode queimar o mal, pode purificar o corpo
como o crisol faz ao ouro, &/ou o fogo do purgatório
& assim, & assim somente, se pode entrar na Cidade Santa
& eu, pela eternidade da eternidade, & pelos séculos sem fim
lhes bendiria por me acordarem, com a faca & com o estilete
& pela via da dor eu entenderia tudo: descortinada a Verdade
& seria feliz como eles: em eternos louvores ao deus cristão
bendizendo o seu lindo, santo, majestoso & doce Nome

& eu me via caindo, & as mãos de todos os santos se erguiam
& as mãos de todos os santos se voltavam para mim
suplicando que me retratasse, & que tivesse amor à minh’alma
& que visse quão grande era o delírio, & a multidão dos meus pecados
& tantos que, se colocados em livros, impressos & encadernados
o mundo inteiro não caberia, não; não poderia contê-los, não...
Mas as putas, os poetas, os boêmios, os loucos & os pagãos
de mãos ainda mais erguidas, animados pelo éter & pela fome
cantavam canções em volta do fogo, poetizando meu nome
em trechos inteiros de Adélia Prado & Manuel de Barros:
um enorme concerto a céu aberto para solos de passarinhos
anarquia da Palavra & da escrita, por amor & fidelidade a elas

& enquanto caía, a multidão de loucos perdidos & iluminados
celebrava a Liberdade Sagrada & incrível de se ser o que se é
sem leis & travas morais impostas, criadas pelo poder do medo
& todos diziam, a uma voz, como em um templo medieval:
“Bendito o que vem em nome do Nada, & caí dos altos céus
& ascende a ele, pelo poder da visão, & pela graça da Queda...”
& a multidão de vozes festivas & caras alegres dizia:
“Amém! & amém, & amem... & amem porque isso é bom!”
& quando perguntavam quem eu era, & qual a minha intenção
“eu não sou um bom lugar”, lhes dizia, “& nem uma religião”

& eu caía, mais & mais, caia... & era uma Queda maravilhosa!
Tão maravilhosa que não podia ser descrita em línguas modernas
mas tão somente por metáforas, analogias, figuras de linguagem
tão maravilhosa que, devidamente registrada & escrita
seria outro livro santo: como a Bíblia, o Corão, o Bhagavad Gītā
livro tão santo que, folheá-lo sem luvas, seria profanação
– porque a Velha Lei era, nele, abolida, rasgada & lançada fora
porque a Nova toldava a Velha: num fundamento que ninguém via
e nem precisava: bastava fechar os olhos e sentir o peso da Queda

& eu me via caindo, & tão divina era a Queda que, isso
o desejo de descrevê-la, a vontade de fazer seu fiel registro
era, de longe, a última coisa que eu pensava, que eu queria pensar
& fui julgado louco por aqueles que se julgavam sãos, donos da razão
& por aqueles que desconheciam o valor incalculável da Queda
& fui julgado & culpado de tudo, por todos, & por amor à Queda
& todos os juízes eram, naturalmente, certos, justos & bons
fincados na misericórdia comum da Graça, do Ocidente cristão
tão graciosos & justos que permaneceriam graciosos & sempre justos
mesmo quando arrancassem sangue inocente de pobres “mundanos”:
aquele que, contrário, levantasse o dedo mandando-os à merda
da primeira à terceira & quarta geração dos descendentes escrotos
os descendentes escrotos dos juízes escrotos, santos & bons
& fui julgado, sem voz & sem defesa: um louco, um câncer social
& todo mundo sabe o que o câncer faz, & o que se faz ao câncer
& todos sabem o medo que o câncer dá – & é preciso extirpá-lo
para que a cidade durma, & a dondoca ande descalça pelo jardim

& eu caía, caía... & curtia como um drogado a lombra dessa Queda
&, caindo, eu vi a mim mesmo como um dançarino de tango
um dançarino de tango em uma disputa de hip-hop, de trance rock
& via a mim mesmo como uma águia real furando as nuvens
& via a mim mesmo como um santo sem altar, mestre sem discípulos
um templo sem fiéis, uma praia sem sol, uma puta sem clientes...
& via a mim mesmo como um Atlante com o seu céu, seu castigo
um Sísifo com sua pedra, montanha acima, em seu castigo
sonho sombrio de Kaspar Hauser, contado por Werner Herzog
um Prometeu sem correntes, & ainda dado aos abutres &, por fim
a Esperança liberta: a caixa vazia de Pandora... & a fé sem fé

Sim: eu me via a mim mesmo caindo por toda a eternidade
a eternidade das horas, dos dias & dos meses que duram uma vida
uma vida que é tudo o que há, quando sabe-se findo o carnaval
Sim: eu me via a mim mesmo caindo – venturoso e extasiado –
&, ah, meus amigos!, ah, meus amigos!, como era tão bom cair...



(P.)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O CINZA




04:20 de uma quarta-feira, em um posto de gasolina
um posto de gasolina no Bancários, em João Pessoa
Gabriel deita na grama do jardim, perto dos tanques de gás
deita na grama & olha para o céu, & ele está chapado geral
como é bem comum de vê-lo, sempre, andando por aí
Ele olha para Halisson & diz, numa poético-filosofice baratíssima:
“Essa árvore está dançando com o mundo
& aquela outra é mais bonita do que essa
porque o verde é melhor que o cinza, é...” & eu anoto tudo
Halisson rir, segurando um dos quatro copos que trouxe do bar
que trouxe do Carboni, para serem bem úteis aqui no posto
& para serem ainda mais úteis, depois, em sua cozinha
A cerveja acabou & ninguém tem mais um centavo nos bolsos
& o último cigarro é compartilhado, com gosto de despedida
& o computador da loja de conveniência é um filho de uma puta
desses que, quando mais você precisa dele, lhe deixa na mão

E eu olho para os dois & digo que isso é uma pena
& que é uma merda que Nego não esteja ali, de carro, ou Said
porque poderíamos usar o cartão noutro lugar, ou não
“Você poderá se perder”, eu digo, pensando no dia que já veio
pensando que acordar é sempre uma opção, diferente de dormir
“você poderá estar horrivelmente sozinho na perdição
lamentando que seus amigos também não estejam
Você poderá contar com a sorte, apostar no Destino cego
& poderá ser mais um frustrado na horrível História do Mundo...”

“É foda!” Todo mundo diz & concorda, igual coro de tragédia grega
& parece que toda a conversa se esgotou, com a cerveja & o cigarro
& parece que a realidade é uma violência contra os sentidos
contra o lugar quente & doce da ilusão, da irresponsabilidade
& como é difícil chegar em casa & ver as contas sobre a mesa
& a geladeira que diz, desafiadora: “Me alimenta, canalha desgraçado!”

Com raríssimas exceções, poetas & boêmios não acabam bem
& no fundo, apesar do riso, apesar dos amigos, apesar das garotas
você sempre é & está muito sozinho neste Mundo, do nascimento à morte
& todas as suas loucuras, & todas as loucuras das pessoas que você conhece
são escapas do trágico, são cápsulas contra a dor do mundo
como a música, a poesia, os livros, os filmes & a arte em geral
– pois é preciso enganar a morte, até que a fuga não faça mais sentido
& nos só temos nossos sentidos, & nossos corpos, & pensamentos
mas o pensamento, o pensamento mesmo, instrumental, dói & corta
Igual o muito saber, a razão levada às últimas consequências
não traze a paz de espírito, & nem o contentamento, & nem a felicidade
mas aduba a solidão de invernos inteiros da alma, & o distanciamento
& semeia a aridez do humor, promovendo rugas & cabelos brancos

A grande tentação é a Mentira: a crença & a vontade de amor eterno...
Nada é eterno, nada – como a noite, as cervejas & os cigarros
Nada é eterno. Tudo é contraditório: como o tempo & as frases feitas
o Grande Paradoxo do Mundo é: toda & qualquer afirmação
– Sim, & mesmo aqui, & agora, é preciso duvidar de tudo

Ah, meu amor: se o haxixe, a maconha & o álcool trazem ilusões
& a felicidade artificial, que Santo Agostinho rejeitava tanto, & Nietzsche
me diga, me diga: o que não traz? Que felicidade é real, realmente?
O Mundo pode ser, sim, o sonho louco de um deus mais louco ainda
um teatro do absurdo, com seus atores que entram & saem de cena
atores que representam a vida real, que vivem seus papéis sociais
que pagam a pena da vida, & vão aos shoppings, & passeiam com seus cães
& pensam poder comprar a felicidade com o status em 60 meses
em 60 suaves prestações financiadas pelo Banco do Brasil ou a Caixa
& depois fogem do pensamento amargo que diz que tudo isso é fútil
indo ao Parque Arruda Câmara olhar os jacarés dormindo
& o leão em sua jaula, magro & preguiçoso, & tanto que nem ruge mais
mas olha, malemolente, seus visitantes que têm cara de idiotas
idiotas que fazem milhões de fotos com suas máquinas digitais
& riem de tudo: do macaco-prego em suas macacadas, por exemplo
& do pavão com a sua cauda, & do homem do algodão-doce...

O parque fecha às 17:00, para quem vai entrar
nosso posto é aberto 24h, & a loja de conveniências
& o dia acaba às 06:00 – ou começa, conforme a miséria individual...
Mas o mundo continua girando, & aquela árvore continua dançando com ele
& aquela outra não é tão mais bela do que esta, vítima outonal
porque a beleza é um conceito vazio de Fundamento, como a Verdade
“Verdade” que divide o Mundo em sim & não, preto & branco
& esquece que o cinza – sim, o cinza – está no meio de tudo

Nada é certo, exceto a incerteza



quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Chico César, Jaguaribe Carne, Baixinho do Pandeiro e Madalena Moog, em uma jam no Espaço Mundo, 17/09/2010. Momento histórico para a banda.



O paraibano de Catolé do Rocha, o cantor e compositor Chico César, acaba de ser anunciado (via Twitter) como Primeiro Secretário de Estado da Cultura, pelo então governador eleito, Ricardo Coutinho. Para quem os conhece (Ricardo Coutinho e Chico César), isso representa um grande passo para a arte e a cultura do nosso Estado. Veja um pouco mais sobre o nosso Secretário, por ele mesmo.

Chico César, por ele mesmo


De onde venho há silêncio. Pra preencher esse tipo de abismo os homens abóiam e as mulheres cantam benditos. Às vezes é o contrário, por artes de diversão os adultos também atracam-se em noites de forró ou podem passar horas em torno de dois violeiros a fazer repentes e as crianças brincam de roda, caí-no-poço, anel, mas também pode ser tudo misturado, gente grande e pequena sem diferença, e todos vêem televisão: jogo de bola, novela, programa de calouro e ouvem rádio, em alto volume.

Havia mais silêncio quando minha mãe, dona Etelvina, me deu à luz. Era 26 de janeiro de 1964, aí pelas cinco e meia da tarde. Aquário ascendente gêmeos. Para quebrar o silêncio, os trovões de uma tempestade janeira. Dizem que eu respirava com dificuldade, chorava com facilidade. Herdei o primeiro nome do meu pai e do santo com que minha mãe se pegava em tudo e por tudo: Francisco. Meu único irmão homem cismou que seria bom eu ter um nome de rei. Daí o César. Minhas cinco irmãs não foram consultadas e eu fiquei sendo Francisco César Filho até os sete ou oito anos, depois, Francisco César Gonçalves no rancho do povo, numa casa de beira de estrada sem asfalto, há quatro quilômetros de Catolé do Rocha, era onde vivíamos, aí tive minha infância de caçula.

A televisão só chegaria em Catolé do Rocha na copa de 70 para que os sertanejos paraibanos se aboletassem na praça boquiabertos como o resto do mundo vendo Pelé, Gérson, Tostão, Jairzinho, Rivelino. Um ano antes conheci o gelo, numa festa para comemorar a saída de meu irmão da cadeia, ele havia sido preso com outros estudantes por subversão.

Cedo fui pra escola já sabendo soletrar e até ler um pouco. Uma escola rural com o aperto de mão da aliança para o progresso na parede. Depois o rigor do colégio das freiras franciscanas alemãs, onde minha tia maria lavava roupa e conseguiu uma bolsa de estudos pra mim e algumas das minhas irmãs, pelo meio, um pouco no colégio dos padres capuchinhos, mais colégio das freiras, colégio estadual, terceiro científico no Colégio Tambiá de João Pessoa e por fim o curso de comunicação na Universidade Federal da Paraíba.

Menino ainda, com oito anos de idade, fui trabalhar no Lunik, loja de discos, de livros e também um foto. Por essa época as freiras bombardearam Catolé com flautas doces. Por todos os lugares, debaixo dos pés de algaroba, das Cajaraneiras e mangueiras, nas praças e nos campinhos de futebol tinha um menino ou menina, pobre ou remediado, fazendo "tuts", eu era um deles, e a música instalava-se irremediavelmente em mim.

Primeiro vieram as "bandas cover", a partir dos dez anos, como Super Som Mirim e The Snakes, com instrumentos inventados por mim e meus amigos. Depois, aos 14 anos, o grupo Ferradura. com canções próprias, desbravamos festivais em Sousa, Cajazeiras, Patos, Pombal (todas na Paraíba). Aos 16 anos, ao mudar para João Pessoa conheci os irmãos Paulo Ró e Pedro Osmar, eles formavam o grupo Jaguaribe Carne, voltado para experimentação de linguagens, e me adotaram, mostraram-me música aleatória, poesia concreta, cinema novo, Mao Tsé Tung, poesia pornô, música do mundo, dodecafonismo, pra quem vinha do sertão mal conhecendo João Cabral, era uma farra. O grupo existe até hoje e é uma referência muito forte na minha vida.

Em fins de 1984 deixei João Pessoa com destino a São Paulo. Antes passei por Ouro Preto (MG), Barra Mansa (RJ) e um pouquinho no Rio de Janeiro. Em maio de 85 cá estava eu, em Sampa. Nordestino demais para tocar nos espaços modernetes da cidade e com uma música muito esquisita para tocar nas casas de forró. Continuei a trabalhar como jornalista, fui revisor, copidesque, repórter e preparador de textos. Fazia pequenos shows em bares e teatros alternativos.

Numa viagem para a Alemanha, a convite da Sociedade Cultural Brasil-Alemanha para fazer algumas apresentações, quase fico por lá. Mas voltei, decidido a me dedicar enfim só a música. Participei de alguns festivais, montei a Câmara dos Camaradas que depois virou Cuscuz Clã. Em 1994 gravei o Aos vivos aconselhado e co-produzido pelo engenheiro de som Egídio Conde, o disco só veio sair um ano depois pela gravadora Velas. A extinta Rádio Musical começou a tocar "À primeira vista", comecei a lotar de estudantes o Bambu Brasil, também extinto. Vieram os outros discos, a gravação de músicas minhas por diversas intérpretes importantes, as turnês pelo Brasil, no Japão e na Europa.

E um pouco do resto da história estamos contando juntos. Eu e você. Agora.

FRONTEIRAS



Eu vejo a fronteira ao Norte
com suas estradas sinuosas & seus meninos que vendem tudo
a começar dos seus corpos, dados ao Tempo
a começar da esperança & do futuro que nunca vem.
Eu vejo o Brasil por dentro & ele ainda dorme
cambaleando embriagado & com cheiro de gasolina
coçando o saco & procurando alguma porta para a latrina:
cagará instituições, mijará leis, vomitará direitos tributários
& quando chegar ao espelho, verá sua cara amassada
& sua cara será a cara do povo: amassada & sedada
– gente feliz sorridente, morta de utopias, viva de barbáries
feliz demais pela graça da vida & da saúde pública
feliz demais pelo pão dormido & pela água fresca
feliz demais pelo futebol & pelo programa do Silvio Santos
feliz demais pela TV Globo & seu jornalismo tão competente
feliz demais pela garota de Ipanema, que nunca morre
& pelas FMs que tocam todas as canções da moda
que é melhor que o passado glorioso da bossa-nova
que era melhor que nada – que o tapa na cara, por exemplo
ou a morte certeira, chegada assim, de acaso anunciada:
sem explicação, sem licença, sem cerimônia
sem fundo musical, sem cenário colorido, sem nada, nada...
Eu vejo a fronteira ao Norte & suas estradas gritam por mim

Não demora & eu vejo, aí, uma extensa fronteira ao Sul
ele de nariz empinado, com seus piás de olhos azuis
& o Negrinho do Pastoreio passando chispe, doble e luz!
por entre coxilhas & canhadas, & na beirada dos lagões
montando o baio & tangendo as tropilhas, endiabrado
cortando os charcos, vencendo os pampas sem fim, deitados
onde o Mario Quintana desenhou nuvens & as poesias
que a ABL depreciou – por estupidez, imbecilidade & zombaria
& eu vejo Porto Alegre da janela do meu avião
da janela do avião & deste meu assento que é flutuante
& vejo São Chico & São Leopoldo, os santos que um dia amei
porque também fui amado: que amor é assalto, salto no escuro
é o passado & o presente, & não se sabe o futuro, não
mas liga as coisas: feito a palavra & o pensamento
de um Eduardo Guimarães a um David Coimbra.
Eu vejo o Sul como ele é, & o vejo de cima
que é preciso estar fora da casa para poder notá-la
eu vejo a alma do povo é pelos olhos que o povo tem
& a alma de um povo é sua arte & sua cultura
& é preciso garantir a arte & a cultura para o povo
porque é no povo que o Espírito do Tempo habita
& a medida da sua grandeza é dita pela História
nos anacronismos tão evitados por todos nós
– nós, que planejamos as férias para o Verão
enquanto a moça fala do tempo na TV em mute.
& eu sinto que preciso ver o Leste, imediatamente
se não quiser ficar cego, perder a alma, & para sempre
noites de Vodka, Gin & Absinto me fosforizaram
mas o sol do Sul, sim, me lembra Catulo, que quero bem
me lembra o luar, sim, do sertão, que igual não tem...

& vejo o Leste, levado por um Pavão Misteriosíssimo
& suas canções me trazem sossego &, dormindo, sonho
& nos meus sonhos vivo alguns temas de Antônio Nóbrega
& vejo as noites iluminadas de São João, & de São Pedro
quando há folguedo das criaturas que habitam o mato:
a Codorniz que voa assustada, & o sr. sapo em sua lagoa
& a Coruja, que é a mãe da Lua, & a Peitica & o Bacurau...
& o orvalho que beija a flor, que só quem vê é quem sabe andar
que nem Gonzaga que é ser tão grande, tão bom lugar.
Eu vejo o povo marchando, com seus benditos & procissões
& sobem ao horto, em Juazeiro, & descem ao Crato, à Praça da Sé
& há santos vivos, promessas pagas – São Saruê, outro Canindé
Padre Cícero dá uma patente de Capitão para Virgulino
& Frei Damião reza o seu terço em uma serra de Guarabira
dizendo que o Cão anda aprontando pelas cidades
& que se carece, hoje mais que sempre, de penitência, de caridade
& que o preço é alto para a alegria dessa indulgência...
O discurso engrossa &, para mim, já não diz mais nada
vou ao litoral & vejo a menina com seu bikini pela calçada
eu vejo a casa de Jesuíno & vejo o quiosque do Amauri
estamos num sábado, final de dia, boa rotina
& minha vontade é uma garota lá de Campina
– mas o sonho é breve & muito breve o amor, também
minha fé pequena me leva ao Leste, me leva além...

& por fim eu vejo a fronteira Oeste, & o centro-oeste
& a essa altura, de tanto andar, nem sei onde estou
nem sei onde estive ou quantos de mim ficam onde vou...
mas sei o que quero, quando chegar & quando partir
& nem é tão grande a América, & Santiago é logo ali
& desejo o Mundo com suas estradas... caio nos Andes
corro para a neve, que pode ser arma em minhas mãos:
agora sou menino: sem contas atrasadas, preocupação...
Caio em mim. O Planalto Central me chama
& eu quero ver logo o Maciço dessas Guianas
me parto em dois: o que vai embora, o outro que fica
um que é liberdade, outro que é prisão & contentamento
um que é energia, outro que é todo esse esgotamento
que nem a Balbina ou a Samuel alimentariam, não
“um velho safado”, como Edy diz, se não me engano
“um velho safado”, como Edy diz, bukowskeano
& o santo Renato vê meu estado & tem piedade
me paga uma cerveja, me dá uma carona & “até mais tarde...”
eu que vou tão pássaro, num voo leve, assim, sem asas...
É quando a noite chega & vem trazendo outra madrugada
o Oeste se cala, & não há fronteiras... não há mais nada

(P.)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A DIFÍCIL ARTE DE SE VIVER DE ROCK EM JOÃO PESSOA



Documentário (em 9 partes) que reúne relatos de algumas pessoas que fizeram e que ainda fazem parte da cena ativa do rock and roll de João Pessoa, contando suas histórias, suas dificuldades e as alegrias de fazer rock por aqui. O documentário é produzido por Darielle Santos, resultante de um trabalho acadêmico - para o curso de Publicidade e Propaganda do IESP Faculdades, na disciplina Cultura Brasileira, sob orientação do Prof. Dr. Marcus Alves.
Vá direto ao links abaixo e conheça um pouco mais sobre a nossa cena alternativa. Divulgue também para os seus amigos e, melhor ainda, vá aos shows e faça parte dessa história que está sendo escrita com muito barulho e diversão.

Partes 1 a 9 (YouTube):

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

INVENTÁRIO




Ah, como fui estúpido & idiota por toda a vida
Como perdi noites com filmes B & livros ruins
Bebendo cerveja, uísque & vinhos baratos
& falei merda por não pensar como ouviriam
Fiz amigos falsos & também ganhei uns poucos, sinceros
& como foi tanto, todas as coisas que eu escrevi
Coisas que ninguém leu; nunca leu & nunca lerá...

Ah, como é difícil ver a verdade sobre si mesmo:
Mais um no mundo cheio de bicho & cheio de gente
Mundo de anônimos tão idiotas quanto é possível
Mundo de anônimos que vendem a alma para não ser
& tanto acordei por um pensamento fútil & vazio
Alguma “verdade” que poderia abalar o cosmos
Que não me deixava em paz se não vomitada
Rabiscada às pressas em qualquer parte, nalgum papel
& como fui louco em acreditar que eu poderia
Contribuir para a felicidade do meu país
Criando máximas &/ou preceitos universais
Desconstruindo as leis, as regras & o mofo histórico
Dessa anarquia imperiosa sobre a razão & a boa-fé

Ah, como fui ingênuo em apostar na delicadeza
& tanto abracei por acreditar que valia a pena
Que o amor, mesmo inexistente, mostrava a ternura
& eu não deveria tirar a fé de quem acredita & dela precisa
Porque eu não tinha um “algo” melhor para oferecer

Ah, como também fui tolo & fui cafajeste
Mesmo me esforçando para não ferir & não ser ferido
Mesmo me esforçando para acreditar na bondade humana
Mesmo que só visse a patifaria & a mediocridade
Dos filhos da puta que botam fogo & saem correndo
Deixando a merda que tanto fede ao deus dará...

Ah, como fui estúpido & idiota por toda a vida
Maltratando o corpo & ouvindo discos que ninguém ouvia
Perdendo meu sono para acompanhar loucos vigilantes
Como um vampiro que ama a noite & foge do dia

Ah, como eu fui tudo & nunca fui nada
Não acumulei tesouros na terra & nem no céu
& os ladrões, quando me roubaram, tiveram pena
Traças & ferrugens, em minha casa, morreram de fome

Ah, como essa vida longa é também tão breve
& eu devoraria o mundo inteiro, caso pudesse
Beberia os oceanos & os horizontes vistos ao longe
& roubaria as estrelas, & os planetas & os pores-do-sol
& andaria de patins por todas as ruas & avenidas
Mostrando o dedo aos homens de terno & aos padres da igreja
Pichando seus muros com frases feitas & letras gigantes
Como a que diz que tempus fugit, carpe diem
&: amanhã & ontem são hoje, e olhe lá!
& mais outra, assim: vá agora à praia e tome banho nu!

Ah, como eu fui tudo & não fui nada
Sim, eu não somei & não dividi
Como eu fui tolo & também... desperto
Como eu fui triste & fui tão... feliz



domingo, 12 de dezembro de 2010

DELÍRIO E DESTRUIÇÃO... “Diário” de uma noite bem rock and roll


Delírio e Destruição, mais do que dizem os dicionários sobre esses substantivos masculino e feminino, respectivamente, são também dois personagens importantíssimos na grande obra do inglês Neil Gaiman, a aclamada e enorme série Sandman (10 arcos completos, mais de duas mil e quinhentas páginas desenhadas por um respeitoso time de artistas), ou Sonho – personagem inspirado em Robert Smith, da The Cure; o Lúcifer, quando aparece, tem cara de David Bowie. Delírio é uma menininha de cabelos coloridos e olhos também: um azul e outro verde. E como o seu nome diz, ela vive em constante “transe” e criando alucinações, viagens. Destruição, por sua vez, é um brutamontes, mas com espírito de artista – pintor e músico. Tudo o que é destruído ou se destrói, dá lugar a algo novo, e às vezes melhor. Delírio e Destruição, aqui, servem como metáfora para tudo o que direi no resto do texto. Os dois, juntamente com Sonho, Morte, Desejo, Destino e Desespero, na obra de Gaiman, formam os sete Perpétuos (the Endless), que não são exatamente “deuses” ou “semi-deuses”, mas manifestações antropomórficas das características peculiares presentes em todas as pessoas.

Sandman: Robert Smith e T.S.Eliot: “Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó...”


Todo esse pano de fundo é preparação para o tiro ligeiro que é esta descrição das minhas aventuras no sábado/domingo passados (11/12 de Dezembro de 2010).

Mesmo tendo dormido bastante tarde, na sexta, precisei acordar cedo para tratar sobre e rescisão contratual do apartamento que moro, aqui em Bancários. O proprietário, sujeito gente boa, só apareceu quase 14:00, saiu por volta das 15:00. Depois de resolvida essa questão, entrei em contato com Jesuíno e Renato, para saber se eles já estavam lá em nosso point sabatino: o quiosque do Amauri, em frente ao Clube Cabo Branco, em Miramar. Uma amiga nossa, de Porto Alegre, estava visitando a cidade, e estaria (e esteve) lá com a gente. Marcelo Nocera, que eu não sabia que iria ao nosso encontro, foi. Olga, que disse que apareceria por lá, não apareceu. Mas, enfim e afinal, nossos encontros são sempre muito divertidos. Tão divertidos que, parece, o tempo anda mais rápido por ali.

Por volta das 20:00 eu liguei para o Degner, para confirmar o horários dos shows lá no Papagaio Pirata que, como todos sabem (ou as pessoas mais ligadas em cultura alternativa em João Pessoa), reabriu. “Começa às 23:00, Patativa”, ele disse. “Beleza, man”, agradeci. Cerveja gelada, conversa animada, tempo passando. Fiquei em um dilema: vir para casa e, além de isso praticamente ser o tempo de vir e voltar para o Papagaio, ou ir direto para lá e esperar que começasse. Foi o que fiz.

O “novo” Papagaio está bem melhorado – mas ainda pode melhorar bem mais. Lá pelas tantas chegaram os nossos amigos Halisson, Guanambi e Gabriel. E esses loucos me fariam bater o meu próprio record de permanência acordado e na folia. A primeira banda a tocar foi a Retrohollics Classic Rock, e depois a In The Mood faria o show de encerramento. Num intervalo lá, ainda no show da primeira, Ícaro Max (SquizoPop) surrupiou a guitarra de Ivan Leite e, acompanhado por Esaú, que surrupiou a bateria de Vitor Rocco, mandaram um cover tosco – bem tosco mesmo (e também, por isso, bem divertido) – de “God save the Queen”, da Sex Pistols. Não era justo o Degner continuar lá, monopolizando o baixo... Por isso que eu mesmo fui lá e, da maneira que pude, e depois de surrupiar o baixo dele (o melhor baixo que já “toquei” até hoje) dei a minha “enorme” contribuição a essa esculhambação toda. Todo mundo meio... delirante.

Depois que os show acabaram lá pelo Papagaio, decidimos ir ao Carboni – bar que fica ao lado do Bebe Blues, e que está sendo aquilo que o Bebe foi nos seus momentos mais gloriosos. Lugar para shows e cerveja com preços justos. Constatação do óbvio: já não se pode dizer que, na praia, não tenha espaço para as bandas alternativas, independentes, autorais.

De conversa, por lá, vimos o dia clareado e, maldita boca, alguém sugeriu: vamos tomar a saideira na beira-mar? Todos: vamos! E fomos. E aí o tempo se estendeu, garrafa após garrafa. E quando o meu relógio dizia que eram 07:20, eu pensei: “Vou sacanear com Renato, e fazer um favor a ele: acordá-lo para a vida”. Liguei, e ele, sem a experiência do nosso mestre Jesuíno – para quem fiz a mesma patifaria, mas o telefone dava como desligado –, estava com o telefone ligado e, pior, atendeu, com voz rouca: “Fala, Patativa”, e aí o resto foi só de coisas como: “Venha ver que sol lindo, rapaz. Acorde pra Jesus! Ou: tá com saudade da praia, é, nego?” Enfim, cumpri a minha obrigação de amigo que não deixa o outro perder o dia, passar o tempo.

A fome começou a bater e, evidentemente, não tínhamos mais dinheiro para comprar nada. Resultado: “Vamos aos caixas do Pão de Açúcar do Bessa, e aí tiramos dinheiro para um café e, depois, podemos ir à praia, ali no Iate Clube da Paraíba, por trás do Golfinhos”. E foi o que aconteceu.

E o resto da história, sem fatos extraordinários, foi de risos delirantes e, para a minha pele, destruição da epiderme: braços, pescoço, costas, nariz... E é por isso que, se você me ver por aí, vai notar como estou vermelho. Quase 14:00, meu bom amigo Jesuíno liga para mim e, estando razoavelmente próximo, foi lá, me resgatar dessas “viagem” – meus outros amigos, ainda acesos, ficaram por lá, com alguns amigos deles que chegaram depois –... e ainda me deixou comer uma coxa do frango assado que ele levava pra casa. Minha carona foi até ali, Praça das Muriçocas. Entrei no ônibus e o cansaço bateu – era a areia do Sandman fazendo seu efeito*. Chegando em casa, eu não sabia se estava mais com fome do que com sono. Na dúvida, comi. Na sequência, depois de um enorme banho para tirar o sal e de me besuntar com hidratante, dormi até acordar... e havendo acordado, faço esse relato viajoso, mentiroso – porque eu disse que era pequeno, e não soube fazer ser. E fico pensando que, se eu inventar de corrigi-lo, acabo mesmo é apagando-o. Que fique assim, portanto.

Para terminar, quatro observações: 1) há vida inteligente na madrugada de sábado, sim; mas ela não está em nenhum programa da TV Globo; 2) há lugares (bares) legais e experimentais (indie) na praia, e no Centro Histórico a coisa está indo também (Vamos conquistar a cidade, gente!); 3) João Pessoa é a cidade mais linda do Brasil, e ainda não é tão violenta como outras que, também lindas, disputam essa vaga; 4) eu não tenho mais idade para tanta folia.

E é só, e já foi muito.

Sejam felizes, vivam! (Mas tenham juízo, e sejam responsáveis!) Depois da morte, meu bichim, puff...


Agora são 02:24 do comecinho da madrugada de... Segunda-feira, 13 de Dezembro; e eu ainda tenho sono atrasado para ser compensado.



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* Sandman é também conhecido como Morpheus, Oneiros, Oniromante e Lorde Moldador, dentre outros nomes – é o governante do Sonhar. Em inglês, o seu nome equivale a Pedro Chosco, ou João Pestana, o Homem de Areia, na tradução literal. Trata-se de uma referência mitológica encontrada em várias culturas. Uma referência consagrada é a dinamarquesa, através de um conto de Hans Christian Andersen, chamado Ole Lukoeje (ou Olavo Fecha-Olhos). Trata-se da uma figura mitológica que sopra areia nos olhos das crianças para que elas durmam.



sábado, 11 de dezembro de 2010

DUAS DOSES DE BR 101



Blake, visionário,
Escreveu um poema ao vinho
O The little vagabond
Que, começando, dizia:
“Querida mãe, Querida mãe,
A Igreja é fria...”

& elogia a taberna,
Sempre agradável & quente
Onde o pesar dos pecados
Vai longe daquela gente

Também Manoel Monteiro
Num cordel, cheio de graça
Escreve num tom jocoso
Uma Exaltação à cachaça

(Pausa)

Ah, garota! Garota!
Lembremos do nosso pacto:
Se você não pede rimas
Eu fico mais abstrato

& sentamos aí, na grama
Deixando a vida rolar.
Nosso tempo, bem finito,
A isso vamos brindar...

PLIMMMMMMMMM...

Meu elogio ao vinho
Termina agora, embriagado
Nos beijamos &, enfim,
Cada qual vai pro seu lado

Que o amor acaba assim:
Bolo em festa de criança
O amor acaba, sim
Quando vai-se a esperança

Alcançado o objeto
Não se espera mais nada
O gozo feliz, garota,
É graça desesperada




quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

PB Rock – Melhores de 2010



O estimado músico e jornalista Edy Gonzaga disse-me certa vez, sem ufanismo barato, que a nossa música independente tem quantidade e qualidade compatível com os melhores da região (e do país!). Tenho a certeza que esse período em 2010 foi um dos mais produtivos e interessantes que tivemos nos últimos anos.

Podemos fazer uma breve retrospectiva e um saudável exercício de auto-estima. Aqui cabe. Bem informal, o grupo PB Rock faz sua lista dos melhores do ano, sem caráter competitivo, mas como modelo agregador de integração ao meio, tendo uma visão atualizada desse cenário. O fato mais observado é o crescimento nas atividades e produções, com um notável teor de qualidade, motivo esse de orgulho para todos. Podemos enumerar vários pontos, mas para não cair no erro de omissão e na conversa muito longa, faço um breviário particular do que tenho visto e ouvido. Vejamos:

- A considerável quantidade de novos discos lançados (virtuais e ou físicos) - p.ex: Os Reis da Cocada Preta, Madalena Moog, Burro Morto, Madness Factory, Zé Viola Progressive Band, Scary Monsters, Elmo, Sex On the Beach, Nublado, Sem Horas, Bárbara, etc.

- Apesar da diminuição de espaços privados para shows, e demais eventos, tivemos grande intensidade de apresentações de bandas de fora e a execução de produções importantes como Festival Mundo e o Mafalda Sin Falda. Além dos produzidos pelas instituições públicas.

- O surgimento de novas bandas e projetos musicais que fortalecem na qualidade e diversidade da cena, como exemplo, temos os grupos Dalva Suada, Squizopop, Hazamat, Violet, Andada, Ubella Preta, Varadouro Groove Orchestra e outros.

- Foi o ano de integração definitiva com a cena do interior, aproximando e integrando todo estado, desde a capital até o Sertão, em cidades como Campina Grande, Sousa e Cajazeiras.

- A consolidação de propostas culturais sustentáveis, como representação desse meio, para pleitear a participação dos governos e de empresas particulares na fomentação da cadeia produtiva local, vide os coletivos Mundo, Natora e Sanhauá, que inserem esse propósito nos seus objetivos.

- Além disso, temos a inclusão do estado no intercâmbio do cenário independente nacional. Hoje podemos afirmar que fazemos parte dessa rota (obrigatória) musical. Tivemos também uma maior inclusão na política cultural do governo municipal, realizando ótimos projetos públicos.

- Pra finalizar, a utilização expressiva, e racional, da Internet, para divulgação e propagação de todo esse contexto. A existência de sites, blogs, microblogs, comunidades, grupos de discussão, fóruns, entre outras ferramentas, contribuem bastante para essa realidade. Podemos citar alguns pessoais e outros comunitários de grande valor, como no caso do Carrinho PB Pop, Cenário Cultural, Música da Paraíba, Cult PB, Yellow Domain, Madalena Moog, Rarefeitoo, coletivos Natora e Mundo, entre outros.

Diante desses pontos, uma certeza: a união faz a força. A manutenção da independência requer a interdependência. Obviamente se faz necessário à participação de todos interessados para que a coisa progrida.

Shalom!

Bom, tomei, mais uma vez, a liberdade de fazer essa enquête dos Melhores de 2010. É uma sugestão básica. Quem desejar incluir a sua lista, dar opinião e fazer sugestões, fique a vontade. Participe e divirta-se!


Eis a minha:


Melhores PB Rock – 2010

Disco: “Samba pro seu dia” do Madalena Moog

Banda: Cabruêra

Show: Cabruêra no Festival Mundo

Revelação: Ubella Preta

Site: da revista Cenário Cultural


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Texto de Jesuíno André, para a lista PB Rock



segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A boa música da Paraíba: onde achar




Tempos atrás, eu me lembro, você saia à caça de álbuns de bandas e artistas locais e, puff, às vezes cansava - ou desistia - de procurar e, nada. Não é que isso, hoje, seja um "problema" do passado, mas muita coisa já mudou, e para melhor. Na lista de discussão PB Rock, idealizada por Jesuíno André, surgiu uma proposta (alô, Gerson!) de se criar um blog que disponibilizasse somente música produzida na Paraíba, não importando o estilo (rock, pop, forró, MPB, etc). Todos assentiram à proposta e, daí, surgiu nova discussão: Que nome dar ao blog, para bem identificá-lo? Depois de várias sugestões, Música da Paraíba pareceu ser o nome do agrado de quase todos. Mas havia um pequeno "problema": já havia um blog com esse nome, e com a mesma proposta - só que mais fincado em música regional, e variantes dela. Decidiu-se entrar em contato com o dono do blog (era Raoni) e propor uma parceria, revitalizando-o (as postagens, na época, eram bem escassas e antigas). Foi o que fez a lindíssima Mari Boop, com a maior das boas vontades. Assim, e desde então, ela, Raoni e Gerson mantêm o blog sempre atualizando, despejando aí toda a produção da boa música da Paraíba, conforme vão encontrando os materiais (CDs, EPs, etc), ou conforme os mesmos lhes vão sendo enviados. Se você tem banda com CDs ou EPs gravados (mp3 mais capinha frontal), ou se é um artista solo, com CDs ou EPs gravados, poderá enviá-los para mari.adcarneiro@gmail.com Eles serão disponibilizados gratuitamente para download, sem ônus para qualquer parte, somente com a finalidade de divulgação. É o que, na descrição do blog, pode-se ler:

Blog para postagem de arquivos e troca de opiniões sobre a Música Paraibana. Música feita por quem nasceu aqui ou por quem vive aqui ou, ainda, por quem se identifica com as nossas particularidades, mas que fala para o mundo. As postagens pretendem compartilhar o prazer em divulgar o cancioneiro paraibano, sem objetivos comerciais. Nesse sentido, os arquivos aqui inseridos estão voltados à divulgação e apreciação dos sons da Paraíba. De qualquer forma, se alguém se sentir prejudicado, basta nos enviar um e-mail para que o post seja retirado. Obrigado e sejam bem-vindos!


Mais recentemente, surgiu o Harmonice Musices Odhecathon: coisas que não se ouvem todo dia, mantido pelo meu entusiasmadíssimo amigo Matteo Ciacchi, também com a proposta de, como o próprio nome diz, oferecer músicas de álbuns produzidos em nosso Estado e que não são mais tão fáceis de achar. A descrição do blog, um Prelúdio, é como segue:

Bem vindos, senhoras e senhores, a mais um desses blogs destinados a compartilhar música difícil de encontrar de todos os cantos do mundo.

Não criei esse blog com nenhuma pretensão de fazer um blog que seja seguido por milhares de pessoas, que disponibilize as gravações de melhor qualidade, que seja referência no (vastíssimo) mundo de sites do tipo. Criei simplesmente porque existem algumas coisas que eu acho que precisam ser compartilhadas e que só se encontram com muita dificuldade - uma pequena contribuição no sentido de algum dia chegarmos ao estado em que será possível encontrar tudo na internet. Até lá, irei postando. E não esperem nenhuma freqüência fixa de postagens ou foco em um tipo específico de música... aliás, não esperem nada. Só espero que eu possa fazer você escutar alguma coisa que você não escutaria normalmente.

Porque existem mais coisas entre céu e terra do que supõe nossa vã filosofia.

Bons downloads.

E parece que isso é o suficiente, por hora.


Visite o Harmonice Musices Odhecathon: http://odhecaton.blogspot.com/

Visite o Música da Paraíba: http://musicadaparaiba.blogspot.com/