segunda-feira, 30 de maio de 2011

PAI NOSSO



& quando nos aproximamos de Ferlinghetti
& havendo um de nós pedido que ele nos lesse um dos seus poemas
ele disse assim: Não decorarem nada. Ouçam em seus corações:

Pai nosso que estais ao léu
maldito seja o vosso sono
venha a nós o nosso reino
& seja feita a nossa vontade
assim na Terra como no Inferno
a grande fome de cada dia, temos hoje
pois sempre aumentam as nossas dívidas
& não nos pagam os tantos putos que nos devem
& sejam bem-vindas as tentações
mas livra-nos da Caixa, do Banco do Brasil
pois o que é teu, é teu; é o que é nosso, deles...
& como é linda essa tal de Glória, sempre & sempre...
... Ah, man!

& tendo dito isso, o mestre se retirou para o Bar da Jane
& disse à mesma que, a conta, ficava por nossa conta
que não nasceu para a caridade, não
& que não lhe caía bem dar lições assim, de graça
& sem ao menos um trago depois...
& depois subiu a Ladeira de São Francisco
em direção a puta que lhe pariu... & acabou-se o dia


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Sobre o evento

Em 3 de junho de 1901 nascia, na cidade paraibana de Pilar, José Lins do Rêgo. Aquele que hoje é reconhecido como um dos ícones da literatura brasileira. Imortalizado por obras como “Fogo Morto”, é reverenciado como o mestre do romance regionalista. Para lembrar os 110 anos do nascimento do eterno “Menino de Engenho”, a Fundação Espaço Cultural José Lins do Rêgo realiza, de 31 de maio a 4 de junho, a Semana Cultural em homenagem ao seu patrono. A abertura acontece nesta terça (31), às 19h, na Praça do Povo.

Realizado desde a criação da Funesc, a Semana José Lins é um dos mais tradicionais eventos organizados pelo órgão. Criada no ano de sua fundação, este ano toma a proporção digna do escritor que dá nome ao Espaço Cultural, com a realização de atividades dentro e fora das suas dependências.

Ao longo da semana, serão realizadas atividades de teatro, música, literatura, cinema, contação de histórias e palestras. Entre os destaques estão as presenças do escritor carioca Ivan Cavalcante Proença, do cineasta Vladimir Carvalho e do documentarista Lúcio Vilar. O público também contará com as oficinas de escrita com Carolina Bernardes (SP) e Hildeberto Barbosa (PB).

Todos os equipamentos culturais da Funesc serão utilizados de forma que a programação esteja sempre bem distribuída. Um dos pontos altos da programação será o show tributo com a participação de 11 artistas paraibanos. Todos terão em seus repertórios músicas inspiradas na obra de José Lins.

No sábado (4 de junho), os conterrâneos de José Lins poderão conferir parte da programação da semana, que será realizada no município de Pilar. A movimentação começará às 9h em uma solenidade que contará com apresentações de Oliveira de Panelas, do grupo folcórico Moleque Ricardo e da quadrilha Cel. José Lins. Em seguida, haverá exibição do filme de Vladimir Carvalho, “O Engenho de Zé Lins”. Na sequência, haverá visita oficial ao Engenho Corredor, universo da infância de José Lins do Rego que serviu de cenário para seus escritos.

Além de proporcionar uma semana inteira de intensa atividade cultural gratuita pra toda a população, um dos principais aspectos da Semana José Lins é o seu caráter didático. A programação e estrutura do evento foi pensada para receber a visita de escolas da Paraiba, que num gostoso passeio vão ter a oportunidade de aprender de forma interativa um pouco mais sobre “Zé Lins”.

Durante toda a Semana também será realizado o Festival Zé Lins Encenado, no qual os grupos inscritos vão encenar espetáculos a partir de obras, biografia, curiosidades e criações temáticas relacionadas a José Lins do Rego.

A Semana Jose Lins do Rêgo é realizada pela Funesc e apoiada pelo SEBRAE, Secretaria de Estado da Educação e Funjope, no período de 31 de maio a 4 de junho.

Serviço:

Semana Cultural José Lins do Rêgo
Data: 31 de maio a 4 de junho
Local: Espaço Cultural José Lins do Rêgo
Realização: Funesc
Apoio: Sebrae, Secretaria de Estado da Educação e Funjope
Preço: Gratuito

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Fonte:

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eu atravessei João Pessoa a pé



Eu atravessei João Pessoa a pé; é, eu atravessei
& fui andando assim, sem reparar as suas ladeiras
& as acácias, & os ipês amarelos não me detiveram
& fui uma faca cega cortando o seu estômago; fui
como um drogado que é empurrado escada abaixo
senti a fedentina entre a Rodoviária & a Integração
& vi o sangue coagulado na calçada do Esplanada
o sangue anônimo – outro entre tantos outros –; sim
& não lembro de nenhum telejornal ter anunciado
nem o Anacleto, nem o Samuca, outros excessivos
& eu vi os bêbados falando merda para... Ninguém
& eram tão felizes!, fantasmas perdidos na escuridão
& qualquer fela da puta que olhe para mim, qualquer
& ouse dizer que eu não te conheço, João Pessoa
não sabe mesmo, porra nenhuma, o que eu faço...
não sabe mesmo, porra nenhuma, & melhor assim

João Pessoa, eu te conheço bem; conheço
Eu te conheço bem, querida; conheço. Eu sei
& dei atenção aos teus invisíveis tão marginais
tão mais marginais quanto eu mesmo não pude ser
não pude & nem quero, porque a Sorte é como é
& a roda da fortuna não escolhe ninguém; não
& por isso sei me dar por contente de ser mais um
um que é violento por puro acaso & ocasião
na violência de sossego lounge & da bossa-nova
que a Ocasião, puta, fez o ladrão & também a mim
este ser coisado, jogado ao Mundo, outro Da-sein
que bebe para esquecer, & fuma para lembrar
que morre sempre que a noite acaba & o dia vem
que a Razão é tripalium, & a sua hora também
...
Mas não quero, mesmo, uma filosofia da ocasião
mato o ladrão que rouba a alegria & a letra do Chico
chamo o ladrão, chamo o ladrão para a paz imposta
(que a alegria, fora de propósito, é desventura; é
que a felicidade, fora da cidade, é solidão; sim)
eu vi a propaganda de perfume francês no televisor
& me vi a mim frente ao espelho & tive pena
& como são patéticos todos esses que sentem isto
& é tão vexante que é bem melhor colocar um disco:
… hugging and a-kissing, oh what we’ve been missing
... é Billie Holliday, encantada, cantando para mim
(mas um homem bom, oh, não!, não quer um só amor:
como o Cristo, que tinha tantas & tantos seguidores
como o Buda, iluminado, cercado por seus discípulos
ou como Confúcio, de cidade em cidade, & os seus...)
...
Eu atravessei João Pessoa a pé; é, eu atravessei
& fui andando assim, sem reparar as suas ladeiras
& as acácias, & os ipês amarelos não me detiveram...
... & se eu fosse sábio, eu saberia: ninguém vai tão longe
pois o corpo não suporta tantas viagens interestelares
tantos saltos quânticos para dimensões nunca exploradas
como um fósforo que é aceso e, depois da luz, o carvão...
... não foram os dinossauros que sobreviveram ao fogo
mas as baratas, os ratos, os macacos &... os homens
... & as mulheres; & você, meu doce & dolorido amor
yes, someday we’ll meet, and you’ll dry all my tears
and whisper sweet, little things in my ear…


quinta-feira, 26 de maio de 2011

BEBA CULTURA, sem moderação!

Próximos eventos em João Pessoa - PB:

#MundoSolidario (27 de Maio, 22:00), no Espaço Mundo (Centro Histórico):



Noite Contra o Preconceito - Pogo Pub (28 de maio, 21:00):



3ª Mostra de Teatro de Grupo:

23 até 28 de maio de 2011 - Centro Histórico - João Pessoa / PB


O Coletivo SerTão Teatro se lança em mais uma ação, desta vez de militância, ao realizar a III Mostra de Teatro de Grupo no período de 23 a 28 de maio no centro histórico de João Pessoa. Patrocinado pela Caixa Econômica Federal através do Programa CAIXA de Apoio a Festivais de Teatro e Dança e pelo Fundo Municipal de Cultura, esta edição será dedicada ao Teatro de Rua.
A programação é extensa. Serão apresentados seis espetáculos de importantes grupos do cenário teatral nacional, sendo três grupos paraibanos, um cearense e um paulistano. Além dos espetáculos, a Mostra promove também uma oficina, duas vivências, uma conferência e três mesas redondas. TODA A PROGRAMAÇÃO É GRATUITA!
A ABERTURA DO EVENTO ACONTECE NO DIA 23 DE MAIO (SEGUNDA-FEIRA) COM A ESTRÉIA EM JOÃO PESSOA DO APLAUDIDO ESPETÁCULO FLOR DE MACAMBIRA, NOVA MONTAGEM DO GRUPO SER TÃO TEATRO. TODAS AS APRESENTAÇÕES SERÃO
EM FRENTE À SEDE DO SER TÃO TEATRO, NO LARGO SÃO PEDRO GONÇALVES, CENTRO HISTÓRICO DE JOÃO PESSOA, SEMPRE ÀS 20H.
Confira a programação completa no site: http://j.mp/iUbxAx



Passe Livre Pro Rock (dias 1, 2 e 3 de Junho), na UFPB - Praça da Alegria:




quarta-feira, 25 de maio de 2011

OS DIAS & AS NOITES CLARAS


Os únicos paraísos verdadeiros são os que perdemos
Não é o instante que devemos colher; não, não é
mas o eterno presente de tudo o que dura & passa...
É preciso dar razão a Proust, a Shaw, a Bergson, a Zola
& é preciso pensar no tanto que isso realmente importa
porque, a quem não nos interessa, ah!, que se dane!
& quanto à sua razão? À merda com toda a sua razão!

É preciso saber que o inconsciente vai mais além...
... que a razão, quanto maior, tanto mais paradoxal
que a intuição & o inconsciente podem dizer mais
que a civilização não foi construída sobre a técnica, não
mas sobre a intenção. Sim, sim!, sobre a maldita intenção
Que a intencionalidade é a marca de toda consciência
que toda consciência é consciência de alguma coisa
que a consciência é caracterizada pela finalidade
que a dirige sempre a um objeto determinado &...
... ah! garota, venha cá, venha: acenda o meu fogo
acenda o meu cigarro & encha o meu copo de Black Stone
... é o melhor que posso por esses dias miseráveis
&, além do mais, o que importa mesmo é o resultado
& não o meio, não – é bem como ensinava Maquieval
Venha cá, venha! Ainda temos umas horas noite adentro
& o dia vai desfazer a nossa ilusão de um orgasmo cósmico
tão logo a clara manhã se anuncie aí, desavergonhada...

... ah, garota! Você me pede canções de amor
& eu somente peço que me esqueça, & para sempre
que me abandone como sempre faz, & faz muito bem
porque eu não sou (mesmo!) um bom lugar para estacionar
porque eu não tenho nenhuma fé, como o seu macho α
& a Gabriele tem razão quando diz que são loucas, sim
que são loucas todas as garotas que me têm amor
as que me pedem canções & algum afeto, algo de bom...

... ah!, a vida me ensinou a ser isto: um porco espinho!
Mas o Novalis me vê a mim como um ideal a ser atingido
& se me fragmento em fractais & notas dissonantes
& que a covardia é uma cama boa, um cobertor no frio...
... ah, garota natural!, você sabe como funciona:
primeiro é a fome, depois a saciedade, & depois o tédio
& a vontade de ver a vida passando como em um filme
um filme em branco & preto, em um janeiro de 87
quando você nasce &, daí em diante, começa a morrer...
... ah, garota natural! Vá!, corra!, corra para a vida!
Quando é que chegaremos ao lado oposto do arco-íris?
Quando a canção que você ama não achar ouvidos?
Quando os seus desenhos perderem a cor & o sentido?
Quando o seu cantor estiver afônico & longe daqui?...

... oh! garota, venha cá, venha! Acenda o meu fogo
acenda o meu cigarro & encha o meu copo de Vat 69
... é o melhor que tenho por esses dias tão miseráveis
dias de um amor tão perto &, depois, tão longe, tão longe
dias de um sexo desconhecido, de anjos embriagados
dias em que o que era tão cedo é, já, agora, tão tarde...
esperando por um fim de mundo que deve começar, aqui

... ah! garota verde, venha cá, venha! Acenda o meu fogo
acenda o meu cigarro & encha o meu copo de Vat 69, cowboy
... é o que posso por esses dias, por esses dias intermináveis



OS DIAS & AS NOITES CLARAS

(segunda parte)



É uma madrugada delirante, como tantas; é...
... daquelas em que o sono chega tarde demais
– ou muito cedo, conforme a perspectiva –
& a garota lhe diz, voz de Girassol, ao telefone:
– Bom dia, P. Vamos tomar café juntos?, hum?
– Bom dia? Em que planeta, pequena?
– Ah!? – ela não entende, & pergunta “o quê?”
– Nada – você responde. – Tomar café aonde?
– Em sua casa, pode? – Ela diz, perguntando.
– Hum, rum... pode sim; e pode ser agora, 05:20...
Você fala, sim; assim: depois de alguns segundos
você fala, sim; decidido, voz amassada, cara encardida
– Você traz algo para comer, & eu faço o café...
... que eu não tenho nada além disso mesmo
nem na geladeira & nem na porra do armário
aliás – você se lembra –, também não tenho armário

É outro dia começa, ao acaso, como tantos outros
depois da noite morrida de claridade & de tédio
depois do show dos passarinhos exibidos, cantadores
– Puta merda! – você reclama, impiedoso, imperioso:
– Ah!, passarinho; cala a boca! Cala a boca, caralho!



OS DIAS & AS NOITES CLARAS

(parte final)


A sua voz me diz, bem longe, feliz:
“Estou fazendo faxina, & você?”
Eu? Estou andando na rua, respondo
perto da casa onde você mora, olha!

I

Mas você não está aqui, ah!... silencio...
(Os carros passam, & as pessoas sem rostos
& o dia está escuro & vai chover
& a voz do Tempo é muda, coadjuvante
& os sinais ficam amarelos, & verdes
& eu avanço, sem pensar que avanço...
... que quem pensa que avança deixa de ir
detêm-se no pensamento temerário do querer)
... ainda silencio & penso se um dia já esteve
Não é estranho que pessoas vivam em nós
depois que partem para muito longe?
Não é estranho que pensemos nelas
quando vem o sol ou quando vem a chuva?
Porque as ruas são povoadas pelos fantasmas
de gente que vai embora, & continua por aí...

II

– A..., menino! Quanto tempo! Tu tá bem?
– P...! Sim, sim! Muito tempo mesmo!
& eu estou ótimo, menina. & você, hem?
– Eu estou também. Obrigada! Escuta...

III

Ao que não posso dar o meu amor, posso
ao menos, dar um tanto mais de tanta atenção


Web Rádio Piratas do Açude Grande


O Coletivo Cultucar (Cajazeiras-PB) e a ACRS-PB - Ponto Fora do Eixo no sertão da Paraíba -, estão enviando agora o link da Web Rádio Piratas do Açude Grande www.wrpiratasdoacude.blogspot.com para vocês, sempre que puderem, visitarem e ouvirem ai com a galera, ok?
Meu programa (Ao Cantar do Galo) vai ao ar todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, das 6h30 às 9h00, e sempre tocamos de forró pé-de-serra ao pop rock nacional e internacional. Tem também meu Programa Cultucando a Cultura Independente, na terça-feira a noite as 20h00. A meia-noite e aos domingos também rola o Programa Cultucando a Cultura Independente a partir das 13h30 às 16h30, abordando temas e ações do Fora do Eixo e RECID e da Casa da Cultura Independente do Coletivo Cultucar em Cajazeiras (blog do coletivo www.coletivocultucar.blogspot.com).
A rádio está no ar nesse momento, ouça aí: www.wrpiratasdoacude.blogspot.com

--

Osvaldo Ferreira Moésia
Articulador Cultural da 9ª Regional de Cajazeiras
Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba
Avenida Padre Rolim, 156 – 1° Andar - Centro, Cajazeiras, CEP 58900-000
Telefone: (83) 3531-7010

Celular: (83) 9105-1217 (Claro)
9633-1684 (Tim)
8843-6286 (Oi)
8869-7469 (Vivo)

Apoiador e filiado da ACRS-PB - Associação Cultural do Rock do Sertão da Paraíba
Ponto Fora do Eixo
E-mail: acrs.pb@gmail.com
SKYPE: acrs-pb
Cajá Rock Produções e Eventos
CNPJ: 11.681.025/0001-14
Avenida Presidente João Pessoa, 223, Centro, CEP: 58900-000, Cajazeiras-PB
Microempreendedor Individual
www.cajarock.com

sábado, 21 de maio de 2011

Réplica ao poema "Esta é Marilia, leonina, aos 24..."

Esta é SIM a Marília, leonina, aos 24

Eu sou do tipo de gente que acha que Gin com tônica e Bourbon com menta coisa de veado. Que escreve contos que acabam mal, mas que recebem elogios e é melhor que mal acabe do que seja mal escrito.
Só ouço o que me agrada, sem me preocupar com a crítica – que a crítica tome no seu limpo e pomposo cu – acha que eu deveria ouvir. E acho que ouvir o que gosta é o melhor dos gostos musicais.
Sou do tipo de gente que acha que Arnaldo Jabor é um cara inteligente que fala merda. Sei lá, como Lars Von Trier e tanta gente com as quais eu me bato nas ruas.
Eu não acredito estar péssima. Péssima eu estive. Pretérito perfeito, perfeitíssimo. E não sou do tipo que acha que nuvens choram, porque nuvens chorando é uma metáfora tão ruim que não gosto de usar nem em pensamento. Sou do tipo que dorme rápido... depois de um ou dois comprimidinhos. Do tipo que tem afeto por desafetos.
Mas o mais importante de tudo. Eu sou do tipo que quer ser visto como SER HUMANO e não personagem. Eu sou maior do que o que dizem, do que pensam. Eu sou maior do que tudo isso. E polissíndetos não vão me definir perfeitamente. (meu inglês não é decadente, porque decadente é algo que declina, que piora. E todos sabem que nunca tive um bom inglês)

quinta-feira, 19 de maio de 2011


Bazar e festa de lançamento do novo álbum do Continental Combo. O Continental Combo acaba de lançar seu terceiro álbum "Conveniências na Cidade", pela gravadora Voiceprint, é esse material que a banda vai apresentar em um pocket show no estúdio Quadrophenia, além de faixas encontradas nos discos anteriores, "Continental Combo"/2005 (Monstro Discos) e "A Vida é um Mistério"/2008 (Monstro Discos).
A festa ainda vai contar com um pequeno bazar de discos e roupas, cervejas e refrigerantes, salgados e também uma discotecagem ao som de vinil. Todos estão convidados!

SÁBADO DIA 21.05· À PARTIR DAS 17:00HS - ENTRADA FRANCA
POCKET SHOW PONTUALMENTE AS 20:00HS
NO ESTÚDIO QUADROPHENIA - R. Clélia, 1469 (ao lado da antiga casa de show Olympia na V. Romana)

Próxima apresentação:
Bazar e Pocket Show no GUSTA Café Bar y Gastronomia Dia 18.06, à partir das 17hs, show as 20hs



Olá! Esta é Marília, leonina, aos 24



Olá! Esta é Marilia, leonina, aos 24
& ela gosta de gin com tônica, oierrr...
& adora Bourbon com menta, oierrr...
& escreve contos que acabam mal, quando acabam
& tem medo de relâmpagos & de trovões
& as canções que ela ouve – uh!, credo! –
me dá vergonha até de dizer, & digo não
& ela gosta de filmes noir, stop making sense
& gosta de Funny Girl & Arnaldo Jabor
& faz mestrado em linguística, que “vai levando...”
& é professora desses projetos mi mi mi do MEC
& orienta (meu deus!, meu deus!) uns aí, ai ai...

Marilia agora está péssima, & chora de vez em quando
Ela vai até a janela & vê a chuva caindo na rua
& ela sente que as nuvens estão chorando
& tem vontade de chorar também
que uma coisa não sei o quê aperta o seu peito
& alguém está ouvindo uma música de Elis, lá longe
& ela volta para o seu quarto, à sua cama desarrumada
& eescreve um outro conto que deixará sem fim
& é quando sua mãe lhe chama, que vá à sala...
... a TV está muito alta, & sua mãe também, & feliz
(é uma chamada para o show deste sábado, dia 31
cujos ingressos devem ser comprados ainda hoje, dia 22)

Eu disse uma vez que tinha uma HQ para a Marilia
de uns alienígenas mutantes que invadiam a terra
vindos em uma nave que, perdida, fora resgatada
trazendo seu astronauta & os tais aliens mutantes
(É uma história loucassa do louco do Bill Plympton
com desenhos loucassos do louco do Bill Plympton)
Marilia nunca pegou a revista; não pegou não
& nunca mais eu a encontrei para entrega-la
& é melhor que seja assim como é, não sendo...
... pois somente a sua loucura lhe poderá manter sã
& qualquer visão que não seja uma visão fantástica
bem poderá ser uma rara, raríssima & nova loucura
– o mais falso, sim, o mais falso de todos os delírios –
... pois o real pode ser um grande de um grande saco
Mas é a realidade nos agarra assim, pela mão, & nos leva
& sonhamos para poder escapar daí, do medonho
& corremos pela rua, em meio aos carros buzinantes
& gritamos nas praças, & mijamos nos chafarizes
& colamos cartazes eróticos nos pontos de ônibus
nos pontos de ônibus & nos prédios públicos
nos prédios públicos & nas lojas das galerias
& ameaçamos as estátuas que se fazem de surdas
& dançamos dancinhas da moda mainstream
as paradas de sucesso da modinha MTV
boogie-woogie & bubblegum & blue beat
(somente para mostrar como são ridículas
& como o sucesso é só um conceito, sim
& como o sucesso é só um ponto de vista
& como Ponto de vista é um espetáculo teatral
– & uma maneira de avaliar a coisa toda –
& como os críticos são, tão... críticos...)

Quando Marilia sonha eu invado a sua mente
& o muzak é Chico & outros clichês delícias
& digo que ela está sonhando, & que vai acordar
& será uma grandessíssima de uma bosta, igual antes
& que isso é uma pena, é; mas já são, oh!, 06:30
& o som horrível do despertador é um cu; é!
& que, embora sonhar seja tão bom & tal & tal
ela deve parar de confundir isto com aquilo
(mas ela não devia me ouvir nunca; devia não...)
& quando Marilia acorda, briga comigo
diz que sou um chato fela da puta até dizer basta!
& que não a deixo em paz nem aí, em seu sonhar...

... & por falar nisso, sem insistir em ser mais chato
li não sei aonde que dreaming é a mesma coisa, sim
seja em inglês, seja em japonês... “sonhar”, “sonhar...”
& Paul Valéry diz uma coisa que todo mundo devia saber:
“Toute vue des choses qui n’est pas étrange est fausse...”
& estranha também é a não-coisa, a não coisa não-visível
& falsíssima & cheia de olhos & de narizes & de dentes
(& os manifestantes do Maio de 68 o sabem bem...)
& Marilia sabe que precisa dormir &... dreaming dream
mas o sono não vem, não; somente os pesadelos:
uma puta de uma ruga novinha que diz: Olá, nega!
& Marília diz, azeda que só: Ah, meu!, à merda, caralha!
Mas a porra do sono não vem messsmo; não vem não...
... dreaming... ruu... fuck you and the world all
O inglês de Marilia é decadente, somente para constar

__________
Este poema, quase biográfico, é dedicado à Marilia Dalva,
para que o seu dia seja melhor...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

¡SARAU POÉTICO DO CAIXA BAIXA!


¡Aviso aos navegantes!

O CAIXA BAIXA surgiu como uma associação, amontoado, movimento, aglomeração, ajuntamento de poetas, escritores, dramaturgos, filósofos e cientistas no Bar do Elvis, em João Pessoa, no dia 15 de Janeiro de 2011. Mais de três meses depois, dia 25 de Maio (próxima Quarta-Feira), a partir das 19h00, será realizado no Salão Panorâmico do Estação Ciência o I Sarau Poético do Caixa Baixa.

Portanto, para não esquecer.

I SARAU POÉTICO DO CAIXA BAIXA
Local: Salão Panorâmico do Estação Ciência.
Data: 25 de maio, às 19h00.

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

Estarão expostos trabalhos dos poetas Gustavo Limeira, Betomenezes, Joedson Adriano, Jairo Cézar, Félix Maranganha, Bruno Gaudêncio, Laudelino Menezes, Anna Apolinário, Bruno R. R. Santos, Mirtes Waleska, Raonix, Roberto Denser, Wander Shirukaya, Jô Mendonça Alcoforado, Tiago Lia Fook Braga, Cyelle Carmem e Lau Siqueira.

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Fonte: http://ocalangoabstrato.blogspot.com/2011/05/sarau-poetico-do-caixa-baixa.html?spref=tw



SAMBA PRO SEU DIA - Madalena Moog

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“A arte não pode ter preço / Justamente por isso é coisa sem valor...” A frase, ambígua, é de “O movimento romântico”, música do/no novo álbum da banda paraibana Madalena Moog, “Samba pro seu dia”. Trata-se do trabalho mais recente e mais trabalhado da banda. Depois de várias sessões de gravação – de junho a agosto de 2010 – e de mixagem e masterização (de setembro o outubro), todas realizadas no estúdio Peixe-Boi, eis aqui a mais nova faceta dessa banda que, como Patativa Moog (vocal, guitarra) diz, não “sabe como se classificar”. E nem precisa. “Samba pro seu dia” é o segundo álbum da banda e, como o próprio nome denuncia, traz um conteúdo bem mais centrado na música brasileira, misturando rock com samba e com carnaval – palavra reincidente – e com marchinha carnavalesca que parece com uma ciranda, uma festa. Na letra da música que dá nome ao álbum, aliás, isso já fica bem explícito: “Menina, eu vou comprar um cavaco / Vou botar samba no meu rock / Olha que eu vou fazer choro do meu samba...”, e por aí vai. Há que se notar, ainda, que as músicas, embora mantenham a velha fórmula – de referenciar as letras com citações literárias, a exemplo da já citada “O movimento romântico”, que é título de uma obra do suíço Alain de Botton –, estão contextualizadas na cidade de João Pessoa, nomeando suas ladeiras, suas ruas e bairros. Na descrição da banda, no site do Festival Mundo, por exemplo, pode-se ler:


Madalena Moog é uma aquarela de João Pessoa, e do Brasil. Casas coloridas, ladeiras históricas e ruas da cidade antiga são retratadas nas músicas que convidam o povo para a festa, para a celebração. Guitarras, metais e sintetizadores, principalmente, marcam os sambas, as bossas e as marchinhas que, temperados pelo bom e velho rock and roll, fundem-se numa musicalidade que procura por novidades, sempre, de modo inquieto e inquietante, provocativo (http://www.festivalmundo.com.br/festival/shows/madalena-moog/).


O repertório de “Samba pro seu dia” é uma seleção de músicas que a banda já vinha executando nas apresentações ao vivo, e experimentando. Ao total, são nove inéditas e mais três, já gravadas em trabalhos anteriores. Assim, “Hey, amigo”, do álbum “Universal Park” (2009), ganhou novas guitarras, tratamento de voz e uma completa remixagem e remasterização. As outras duas são do EP “Stronic up!”, de 2006: a cativante “Stronic up!” vem acompanhada com a entusiasmada apresentação do americano Pete Cogle, tal como ele a fez, espontaneamente, em seu podcast (Pete Cogle's Podcast Factory: http://petecogle.com/blog/tag/madalena-moog/); “A rua da vida feliz”, por fim, foi incluída por estar sempre no repertório da banda, também remixada e remasterizada. O CD oficial, que deverá lançado no primeiro semestre do ano que entra, trará faixas extras, remixadas por Chico Correa, DJ Guirraiz e DJ Fabiano Formiga, adequadas para as pistas.



Participações


Na gravação de “Ela só gosta é de carnaval”, “O homem do doce” e “Quarta-feira”, Pablo Ramirez (Cabruêra) foi o homem do pandeiro e do tamborim, emprestando seu talento e alegria à banda. “Pablo não tinha tamborim”, diz Patativa, “então eu comprei um para que a gente usasse na gravação, e depois dei o bicho de presente a ele, em agradecimento”. Foi o “pagamento”. “Já o Arthur Pessoa (Cabruêra) não ganhou foi nada, só a nossa gratidão sincera, amizade verdadeira e simpatia simpática”, diz ainda, rindo. (foto Arthur / Pablo)

E não foram as únicas participações. Xisto Medeiros, por exemplo, estava lá pelo estúdio quando a banda gravava as vozes festivas de “Ladeira da Borborema”, na maior animação, e também entrou na folia. E teve Erick de Almeida (Baluarte), que gravou um trecho enorme em “O homem do doce”; trecho que, infelizmente, foi suprimido, quando foram feitos ajustes na mixagem e redução do tamanho da música que era enorme. Também Fabiano Formiga, Renata Maysa e Marcelo Macedo fizeram participações, falando, gritando, etc., tudo muito assim, espontâneo e alegre. Quem ouvir o CD inteiro vai notar essa alegria toda, e é bem capaz de ser contagiado. Todos os backing vocals foram feitos por Érica Maria e Débora Malacar (Sonora), com exceção de “Stronic up!” e “A rua da vida feliz”, que tem back de Silmara Ferreira, primeira vocalista da banda.

Enfim, “Samba pro seu dia” promete ser mais uma grata surpresa para a música produzida na cidade de João Pessoa, e na Paraíba. É esperar para ver. A banda promete lançar o CD durante o show que fará na VI edição do Festival Mundo, dia 15 de Novembro. O CD é produzido por Patativa Moog, em parceria com os selos alternativos Mundo Disco e Sanhuá Discos, dos Coletivos Mundo e Sanhauá.

......... Madalena Moog é: Patativa (voz, guitarra e sintetizadores), Edy Gonzaga (guitarras, baixos), Rieg Wasa (sintetizadores), Valter Pedrosa (guitarras), João Henrique (trompete), Mib (trombone) e Emerson Pimenta (Bateria).


por Fernanda Niger


Samba pro seu dia - MADALENA MOOG

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Fonte: http://www.verbo21.com.br/v5/index.php?option=com_content&view=article&id=48&Itemid=58

terça-feira, 17 de maio de 2011

Teto branco-gelo
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Estou sentado em meu sofá lendo Allen Ginsberg
..... que me faz companhia (oh, yeah!)
..... & o antitérmico me deixa mole & sonolento
..... & a febre traz efeitos lisérgicos & eu deliro
..... olhando a luz & a Mariposa & depois o Nada
..... pronto & manifesto no teto branco dessa varanda
Um pastor idiota & barulhento fala lá longe
..... & usa o microfone como se fosse uma garotinha
..... que geme & enfia o seu vibrador na boca & no rabo
..... qual gay solitário que tá cagando para os desafetos
..... & não se envergonha de ser fodido & gemer gostoso
..... vociferando coisas incompreensíveis & sussurradas
..... enquanto a noite é uma guitarra desafinada
..... tocando “Arnold Lane” ou coisa parecida
Uma vez eu fiz um poema para o meu amor
..... & era um poema alegre, apesar de tudo
..... & nem estava assim, sim: sem amor nenhum
..... & somente amava por uma falta que não tem tamanho
..... como a Diotima dentro da cabeça do velho Sócrates
..... naquele banquete cultual-erótico-dionisíaco
..... na presente ausência do Alcibíades muito amado
..... que todo amor é amor de nada ou amor de algo
..... & amor é falta & é vontade & perspectiva acerca de...
Uma vez & por tanto amar cheguei a pensar que me amariam
..... mas não fui amado, não, eu não fui amado
..... & pelo simples fato de que não tinha mesmo que ser
..... & me voltei aos livros & aos filmes & me vi assim
..... inconscientemente recitando Alberto Caeiro
..... & enchendo tudo com tantos nomes & referências
..... do jeito que o Igor von Richthofen diz adorar...
..... Então, meu, venha cá: beije a minha bunda! rá rá...
Estou sentado em meu sofá & uso meias coloridas
..... longas meias verdes & uma cueca vermelho-vinho
..... & uma regata listrada em bege, vermelho & preto
..... & penso que Nabila muito riria se me visse assim
..... de nariz fungoso & metido em roupas de cafuçú
..... visu locasso & incontestavelmente psicodélico
..... oierrr, que não se vê em Sousa & nem em Campina
Estou sentado em meu sofá & escrevo tudo ao sabor do acaso
..... querendo o real que atravessa a sala & entra no quarto
..... como nas narrativas de um Kerouac ou um Burroughs
..... meio ladeira abaixo, no automático
..... meio assim, cut-up
..... meio fold-in
..... meio junkie, peep out
..... meio Salvador Dali
..... – como tem de ser –
..... para não perder o dínamo da verborreia das palavras
..... & de sons & de imagens que este glorioso delírio traz
Estou sentado em meu sofá & minha garota ligou p’ra mim
..... disse estar no shopping comprando um tênis Keds vermelho
..... & o meu vizinho está fumando um baseado aqui ao lado
..... & o meu corpo diz que este sofá é tudo o que eu quero
..... & eu sei que ele não suportaria outro delírio, não
..... nem mesmo um careta comprado ali na Viña Del Mar
..... um Derby Azul ou
..... um Hollywood Vermelho ou
..... um Marlboro Gold ou
..... um Lucky Strike Cinza, ahh...
..... ... & também não quero essa cerveja ruim & quente
..... quero estar aqui, absorto & trêmulo & jogado aí...
..... vendo os móveis brancos & a TV preta desligada
..... & vendo as coisas girando & girando diante de mim...
Uma vez sonhei que ganhava uma bicicleta de Almilinda
..... & era um sonho tão tão real que
..... logo que acordei
..... saí apressado a procurá-la
..... & ela não estava onde eu queria (ah!)
..... – não estava não! –
..... Que sonhos, somente, sonhos é o que são
Estou sentado em meu sofá & vejo os livros em minha estante
..... & eles permanecem todos aí onde os coloquei
..... & eles esperam por mim quietos & impassíveis
..... & eles imploram que eu os procure & me sirva bem
..... – como um sultão às suas tantas & tantas putas –
..... & eles me olham com olhar pidão & mãos estendidas
..... & eles aguardam...
..... & meu nariz está ficando cheio de uma coriza quente
..... que escorrer leve & cocegante sobre os meus bigodes
..... & fazem umas bolhas como no nariz do Neil Young
..... no incrível show junto com os caras da grande The Band
..... o último show da grande The Band
..... o legendário show da grande The Band
..... & sei que preciso urgentemente assoar
....................................... pela milésima vez
.................................................... essa porra desse nariz...