domingo, 11 de outubro de 2009

Madalena Moog – “Madalena Moog”
Baixe de graça, aqui:
http://www.jamendo.com/br/album/53458

Madalena Moog – EP 2003
Release e ficha-técnica escritos por: Susan Handfield

Houve uma época em que Patativa acreditava que a música, mais que ela mesma, poderia ser “mensagem” e suas letras poderiam ser instrumentos revolucionários. Não é o que ele faz ao musicar o papelete de um menino que, num ônibus, às “14:40” (e daí o nome da música), distribuía-o entre os passageiros, pedindo ajuda? “Senhores passageiros, colaborem comigo comprando esta pastilha por apenas R$ 0,50...”; não é o que ocorre quando ele faz a música de “First fruits”, um abecedário acróstico que ensina as primeiras letras às crianças da Inglaterra protestante do século XVI? Houve uma época que Patativa acreditava no poder da poesia, e acreditava que também ele, como todo mundo, poderia ser poeta. Não é por isso que ele faz a letra de “Música de inverno”, seguindo as pegadas da mineira Adélia Prado, que é citada? “Quando chega o inverno, aproveito os dias de chuva / Não espero que o sol se ponha / Deixo a noite ser como o dia / E se esbarro numa saudade, aproveito isso também: / Leio tudo o que posso, sem pressa / Comendo verso por verso / Ouvindo os pingos de chuva caírem no teto / Ah, Adélia! Velha amiga, você me inventa outra estação?...” Não é por isso que ele escreve “A tempestade”? “Haverá uma noite fria / Você perdido por aí, buscando horizontes, encontrando abismos / Porque todo mundo é uma ilha...” É, houve um tempo em que Patativa acreditava que as amizades poderiam ser quase transcendentes, transcendentais, e que o utilitarismo não era assim tão medonho. Houve um tempo encantado, e isso não faz tanto tempo assim. Era final de 2002 e início de 2003. Foi nesse ano que o álbum “As flores mortas e outros prenúncios” foi lançado. Mas aí, e já pelo tema, vê-se o desencanto aparecendo, como o arco-íris que vai se desmanchando no céu. Não é por isso que existem as canções “As flores mortas”, “Talvez” e “27 de agosto”? Era gótico? influência da The Cure? ou desencantamento mesmo? O presente EP da Madalena Moog (que na época era apenas Madalena), é uma seleção pessoal do Patativa, que não pensou em dar explicações do porque da “seleção”. Dentre as quatorze faixas do álbum original, ele recolheu as sete que aqui apresentamos, fazendo essa leitura pseudo-psicológica do seu autor, que parece nos recomendar em “27 de agosto”: “Não espere muito de mim, eu não tenho tanto / [...] Quando não há mais tempo, os sinais se fecham todos pra nós / O leão está solto em nossa rua, e ela não saída”. O EP, homônimo, é o registro de um tempo esquecido da banda, que tomou outras direções, que apostou noutro seguimento – mas sem ignorar suas raízes de encantamentos; é, outrossim, um presente aos amigos e fãs que procuram pelo primeiro álbum da banda, físico ou na internet, e nada encontram – porque seus proprietários intelectuais tiveram o cuidado de remover quaisquer rastros do mesmo. É, por fim, e com o consentimento dos mesmos, uma forma de dizer: “A gente era assim, aí a gente cresceu... olhe pra gente hoje! mas foi daqui que viemos”. Enfim, houve uma época que Patativa acreditava que as músicas eram feitas para serem ouvidas, como se fossem pequenos sermões. Se hoje ele acredita que as músicas são feitas, como diz, “para serem sentidas” – música pela música, arte pela arte –, isso não foi sempre assim. Boa audição!

Ficha técnica de “Madalena Moog” (EP de 2003)

Gravado e mixado no final de 2002 e início de 2003, em casa (João Pessoa). Masterizado em março de 2003, no Estúdio Peixe-Boi (João Pessoa). Todas as letras, músicas, arranjos e arte das capas originais são de Patativa Moog. Músicos adicionais: Rodrigo Rocha (baixo); Mirna Hipólito (flauta transversal), Jailson Mello, Ratto (baixo e programações); Evágoras (teclado); Fernanda (violino); Tribo Éthnos, backing-vocal em “27 de agosto”.

Em 2003, Madalena Moog era:

Patativa Moog: Voz, violão, guitarras, teclados, programações e efeitos
Silmara Ferreira: Voz
Edu Paz: Guitarras

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