O polo da vez no Recife
Aos poucos, sem fazer muito alarde, a Rua do Lima se tornou o polo alternativo mais movimentado da cidade
Carolina Santoscarolinasantos.pe@dabr.com.br
Foi rápido, mas não de um dia para o outro. No começo, mal se notava. Pareciam ações isoladas. Um evento aqui, outro acolá. De repente, numa noite, a rua estava cheia. Na outra, também. E assim os fins de semana iam passando e a movimentação crescendo. Não eram somente bares com mesas nas calçadas. Era música, teatro, artes plásticas, fotografia, instalações, moda. Pronto. Não há mais como não notar. Há um novo polo cultural no Centro do Recife. E ele começa a pulsar e ferver nos dias e noites da Rua do Lima. Cheios de histórias para contar, esses 450 metros de asfalto se consolidam como o ponto de encontro para quem está atrás de diversão e arte.
Foto: Guga Matos/Divulgação |
A nova fase da Rua Capitão Lima, seu nome oficial, começou há pouco mais de um ano, com a inauguração de espaços híbridos - aqueles locais que juntam comércio e arte num ponto só. O primeiro deles foi o Acre, em junho do ano passado. "Acho que a Rua do Lima recebe um pouco do perfume cult que a Aurora ganhou nos últimos dez anos. Tem também um pouco do histórico da rua e a necessidade das pessoas por um polo alternativo. O Recife Antigo tem decaído muito. É tanta história de criminalidade, mendigos e crack, que quem ia para o Recife Antigo prefere hoje ir para Rua do Lima", acredita o estilista Cássio Bomfim, dono da Acre. "Mesmo não tendo atração musical, sempre tem uma exposição, bons locais para comer. É uma boa pedida", atesta o músico Léo Stegmann, frequentador da Rua do Lima.
Depois da inauguração da loja Acre vieram o Banquete, Espaço Muda, Nave. O público do Quintal do Lima, que já movimenta a rua há cinco anos, acabou se integrando com os demais espaços. "Viemos para cá porque todos os nossos amigos diziam que aqui era a área que estava mais crescendo no Centro", lembra Ester Aguiar, uma das sócias do Banquete, aberto há menos de um ano.
Pontos fracos, pontos fortes - Na Rua do Lima, verdade seja dita, não há a ação ostensiva de flanelinhas como ocorre no Recife Antigo. Pedintes são raros. A questão da violência parece ser mais branda do que em outras partes do Centro. O caso mais grave ocorrido nos estabelecimentos ouvidos pelo Diario foi o furto de bombas d'água. Como a rua fica perto da Secretaria de Defesa Social, há sempre viaturas passando, o que inibe os criminosos. Assaltos a mão armada, por exemplo, nem os moradores mais antigos lembram de ter visto. O problema mais citado pelos estabelecimentos é a coleta de lixo. "É muito iregular. Tivemos até que fazer um acordo com a síndica do prédio ao lado porque não tínhamos espaço para guardar o lixo até o caminhão vir buscar", reclama Jorge Feó, do Espaço Muda.
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