sexta-feira, 22 de junho de 2007

A Música do Brasil

RETROPICALISMO
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Textos de Omar Godoy
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Artistas brasileiros são a nova mania entre o público antenado americano. Não se via uma onda tão grande da nossa música nos Estados Unidos desde o estouro da bossa nova, ainda na década de 60. Os discos mais recentes de Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil (ganhador de um Grammy) e Tom Zé receberam críticas mais do que positivas das revistas especializadas, tanto as mais famosas quanto as alternativas. Até nomes considerados medianos por aqui, como Vinícius Cantuária, estão sendo exaltados pelos gringos. É uma espécie de segunda invasão verde-e-amarela em território ianque.
O músico americano Arto Lindsay morou no Brasil por muito tempo e levou algumas sementes da nossa sonoridade para sua terra. David Byrne também é um dos maiores responsáveis pelo recente levante musical brasileiro no exterior. O ex-líder dos Talking Heads resgatou Tom Zé do ostracismo e criou uma carreira internacional para o baiano. O super produtor Quincy Jones disse que gostaria de ouvir "Começar de Novo", de Ivan Lins, antes de morrer. O moderninho Beck adora Jorge Benjor. Entre os roqueiros, bandas como Nirvana, L7, Fugazi e Posies sinalizaram sua admiração pelos Mutantes. Não podemos nos esquecer do oportunista Paul Simon, que convidou o Olodum para as gravações de The Rhythm of The Saints, seu último trabalho de repercussão. Recentemente, a revista Ray Gun fez uma matéria sobre o mangue beat, enchendo a bola de Fred 04 e do falecido Chico Science.
De Carmen Miranda ao Mundo Livre s/a, passando por Djavan, Sérgio Mendes, Marcos Valle e Sepultura, a música brasileira é vista com respeito pelos americanos. Os tropicalistas, porém, são a grande bola da vez. A maior prova disso é a coletânea The Best Of Tropicália, aposta da gravadora Universal para o mercado estrangeiro. Também lançado no Brasil, o disco contém catorze faixas essenciais para entender o gênero e concentra-se basicamente em músicas de Caetano, Gilberto Gil, Gal Costa e Mutantes. Clássicos como "Tropicália", "Divino Maravilhoso", "Panis Et Circenses", "Alegria Alegria" e "Batmacumba" compõem o repertório impecável da compilação.
A grande virtude do movimento é não descartar nenhum tipo de música. Do clássico ao brega, tudo passa pela antropofagia dos tropicalistas. Uma mesma canção pode conter harmonia dos Beatles, refrão exagerado no melhor estilo de Orlando Silva, psicodelia radical e batucada afro-brasileira. Se a cultura de massa estrangeira sempre invadiu nosso país, aqui nada há de xenofobia. A ordem é pegar o melhor do que vier de fora e reciclar ou jogar no lixo o que não prestar.
Se você é daqueles que descobriram a bossa nova pelos discos do Stereolab, seja inteligente e fique ligado no que acontece ao seu redor. A fonte de inspiração de seus artistas preferidos pode estar bem próxima de você. Talvez até na coleção de discos de seus pais.
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Influências


Os Mutantas; capa da coletânea americana The Best of Os Mutantes

Stereolab
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OS MUTANTES
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Se Raul Seixas é o maior roqueiro brasileiro de todos os tempos, Os Mutantes certamente são a mais importante banda de nossa história. Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias (que formavam o núcleo central do grupo, apesar dos outros integrantes posteriores e eventuais convidados) foram os primeiros a ter um estilo próprio no rock brazuca, mesclando influências nacionais e estrangeiras absorvidas de todos os lados. Sua importância ultrapassa as fronteiras musicais, pois a atitude e rebeldia do trio fizeram tremer as estruturas de seu tempo. Além de chocar os conservadores, Os Mutantes provocaram também alguns artistas, que nem sempre nutriam simpatia pela banda.
A obra do grupo vem passando por um processo de redescoberta nos últimos anos. No Brasil, cada vez mais moleques vêm se surpeendendo com o som da banda. Para estes recém-iniciados no universo mutante, o trio representa um verdadeiro oásis perto da indigência do rock nacional da atualidade. Fora do país, Os Mutantes também estão em alta. O selo americano Luaka Bop (de David Byrne, ex-Talking Heads e entusiasta da música brasileira) lançou este ano Everything Is Possible, uma abrangente coletânea bastante recomendada aos que ainda não travaram contato com os geniais discos do grupo paulista (o disco já ganhou edição nacional, pela gravadora Universal).
A história dos Mutantes tem início com com Cláudio César Baptista, irmão mais velho de Arnaldo e Sérgio. Influenciados pelo seu gosto pelo rock de grupos como The Ventures, os dois começam a aprender a tocar instrumentos musicais logo cedo. A educação liberal dada pelos pais também é fundamental para o despreendimento dos filhos. Os três irmãos tocam em algumas bandas de garagem, até que Cláudio decide se dedicar inteiramente à condição de técnico de som, terreno que domina como ninguém. Rita Lee se une aos Baptista no grupo Six Sided Rockers. Algumas mudanças de nome e formação ocorrem até o surgimento dos Mutantes como conhecemos.
Depois de vários shows e participações em programas de televisão, o trio finalmente estréia em disco com Os Mutantes, de 1968. O ano seguinte traz o lançamento do segundo trabalho, Mutantes, e marca os primeiros shows do grupo no exterior. O trio, acrescido do baterista Dinho, vai à França e volta com uma novidade: Arnaldo está aprendendo a tocar teclado. No caso dos Baptista, pegar as manhas de um instrumento significa dominá-lo em questão de meses.
O terceiro álbum, considerado por muitos o melhor dos Mutantes, sai em 1970 e é batizado de A Divina Comédia Humana ou Ando Meio Desligado. Nesse meio tempo, o trio experimenta LSD, é duramente discriminado pelo pessoal da emepebê e grava um disco (Technicolor, nunca lançado até agora) durante sua segunda estadia em território francês. Também são plantadas as primeiras sementes da carreira solo de Rita Lee, com o show e o disco Build Up.
Com o tempo, Os Mutantes vão se sofisticando musicalmente. Assim como os Novos Baianos, a banda (agora contando com o baixista Liminha, que futuramente se tornará o produtor de discos mais conhecido do Brasil) resolveu fundar uma espécie de comunidade, seguindo os ideais do flower power. Jardim Elétrico (1971) apresenta as influências de rock progressivo que serão definitivamente incorporadas nos próximos trabalhos. No ano seguinte saem os álbuns Os Mutantes e Seus Cometas No País dos Baurets e Hoje é o Primeiro Dia do Resto de Sua Vida, a segunda empreitada "solo" de Rita Lee. O solo do caso vem entre aspas pois o disco conta com os Mutantes como banda de apoio de Rita, que é só mais uma peça no decorrer do disco, não a estrela central.
Começam então as inúmeras crises que culminam na saída de Rita dos Mutantes. O sexto disco, O A e o Z (1973), não é aceito pela gravadora e o desestimulado Arnaldo resolve deixar a banda. Sérgio Baptista ainda toca as atividades do grupo por algum tempo, mas a magia original já se acabara. Seguem-se os álbuns Tudo Foi Feito Pelo Sol (74) e Ao Vivo (76).
A biografia A Divina Comédia dos Mutantes, lançada pela Editora 34 e escrita pelo jornalista Carlos Calado, é um ótimo começo para os interessados no universo da banda paulista. Porém, a riquíssima trajetória de Rita, Arnaldo, Sérgio e companhia não pode de ser resumida em apenas um livro. Espera-se que sejam publicados mais títulos sobre Os Mutantes. Pois seu nome sempre será sinônimo de rock'n'roll, no sentido mais amplo e mítico do termo.
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Livro: A divina comédia dos Mutantes
Autor: Carlos Calado
Editora: 34

sábado, 16 de junho de 2007

Da série: As Bandas da Madalena
S T E R E O L A B
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Texto de Marcos Boffa




Formado no início da década de 90 pelo inglês Tim Gane (guitarras e teclados) e a francesa Laetitia Stadier (teclados e vocais), o Stereolab é um dos grupos mais prolíficos da atualidade. Em menos de 10 anos de carreira lançaram 10 álbuns, além de inúmeros singles e edições limitadas em vinil (alguns vendidos apenas pelo correio pelo próprio grupo). Com uma sonoridade que combina melodias dos anos 60 (bossa nova, lounge music, trilhas sonoras), arranjos elaborados, jazz, letras em francês e teclados analógicos, a banda foi colocada pela revista americana Spin na lista dos "40 mais vitais artistas na música".
A história do grupo começa no final dos anos 80, quando Tim Gane fazia parte do grupo londrino McCarthy e conheceu Laetitia em um de seus shows. O par começou uma relação romântica que, com o final do grupo em 90, se tornou também parceria musical. Com o nome Stereolab tirado de uma forma de masterização do final dos anos 50 a dupla (mais o baterista Joe Dilworth - do The Faith Healers; o baxista Martin Kean - do Chills - e a vocalista Gina Morris) começou a gravar alguns singles e vendê-los por reembolso postal. Em 1992 lançaram pelo selo Too Pure seu primeiro álbum, Peng!, e uma coletânea com os primeiros singles, chamada Switched On. Estes dois discos, mais uma série de singles lançados em edições limitadas (incluindo John Cage Bubblegum, a primeira gravação com a tecladista e vocalista australiana Mary Hansen e o baterista Andy Ramsay, que viriam a ser tornar membros fixos do grupo) transformaram o Stereolab em uma cultuada banda no cenário independente da Inglaterra.
Lançado no início de 1993, o disco The Groop Played "Space Age Batchelor Pad Music" trazia quatro membros fixos da banda (os ainda hoje integrantes Gane, Sadier, Hansen e Ramsay), além do ex-Microdisney e futuro High Lhamas Sean O´Hagan (guitarra) e o novo baixista Duncan Brown. Como os discos anteriores, The Groop se tornou uma sensação no underground inglês e pavimentou o caminho para a banda até os Estados Unidos, onde viriam assinar com o selo Elektra (Warner).
Transient Random-Noise Bursts With Announcements, quarto disco da banda e primeiro a ser lançado nos Estados Unidos, saiu no outono de 1993. Como acontecia em seu país natal, o disco se tornou um sucesso entre os descolados e as college radios, tornando o Stereolab um grupo cultuado por gente como os membros do Sonic Youth, Pavement e Blur, que convidou Laetitia para cantar no single "To The End".
Mars Audiac Quintet, o próximo disco, saiu em 94. O mais pop e acessível disco do grupo marcou a saída de O'Hagan (que a partir de então se dedicaria exclusivamente ao High Lhamas) e a entrada de Katherine Gifford (substituída pela francesa Morgane Lhote no álbum seguinte).
Emperor Tomato Ketchup, o próximo álbum, foi lançado na primavera de 1996 e era o oposto de seus dois antecessores, trazendo fortes influências de hip hop, jazz e dance. Primeiro disco do grupo produzido por John McEntire, do Tortoise (que viria a produzir também os dois álbuns seguintes), Emperor Tomato Ketchup foi aclamado pela crítica e marcou a saída de Duncan (substitituído por Richard Harrison).
Gravado parte em Chicago (com McEntire), parte em Dusseldorf (com Andi Toma e Jan St. Werner do Mouse on Mars), Dots and Loops, o novo álbum, saiu um ano depois, em 97. Com o nascimento do primeiro filho e Gane e Laetitia, a banda só viria a lançar seu novo disco, Cobra and Phases Group Play Voltage in the Milky Night, em 1999.
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FORMAÇÃO (desde 96):
Laetitia Sadier - vocal, teclados (Moog)
Tim Gane - guitarra, teclados (Vox)
Mary Hansen - vocal, guitarra, tamborim
Andy Ramsey - bateria, percussão, vocal
Morgane Lhote - teclados (Farfisa, Moog)
Richard Harrison - baixo
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F L Y E R S













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DISCOGRAFIA
Não são considerados os singles e EPs



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2004 - Margerine Eclipse
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2001 - Sound-Dust
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2000 - The First Of The Microbe Hunters
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1999 - Cobra And Phases Group Play Voltage In The Milky Night
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1997 - Dots and Loops
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1996 - Temperor tomato ketchup

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1995 - Refried Ectoplasm
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1994 - Mars Audiac Quintet
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1993 - Transient Random Noise Bursts With Announcements
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1992 - Space Age Batchelor Pad Music

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1992 - Switched On Stereolab

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1992 - Peng!
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1991 - Super Electric
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Para ver os singles e EPs, aqui omitidos: http://www.debaser.it/artisti/222015/Stereolab.htm

Site oficial:
http://www.stereolab.co.uk/
Para mais informações:
Na wikipedia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Stereolab
No Tuttitesti.it:
http://www.tuttitesti.it/siti/s/stereolab/stereolab.htm

Para Ouvir:
Na Last-FM:
http://www.lastfm.pt/music/Stereolab

Para ver letras, ouvir a música e cantar junto: http://stereolab.letras.terra.com.br/cds.php
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A Banda no Brasil: 2000
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Belo Horizonte, Data: 16 de Agosto, no Festival Eletronika Telemig Celular
Local: Cine México (Rua Oiapoque, 216 - Centro)
Abertura: 4 Track Valsa com participação especial do Gerador Zero
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Rio de Janeiro, Data: 18 de Agosto
Local: Cine Íris (Rua da Carioca, 51 - Centro)
Abertura: Stellar + 4 Track Valsa + Pelvs
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São Paulo, Data: 23 de Agosto
Local: Sesc Pompéia (Rua Clélia, 93 - Pompéia)
Abertura: Sala Especial
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São Paulo, Data: 24 de Agosto
Local: Sesc Pompéia (Rua Clélia, 93 - Pompéia)
Abertura: Zorac e Dr. Silvestre




Drops
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Cultura – Destaques. Revista Época. Edição 193 28/01/2002.
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SOUND-DUST, Stereolab (WEA). Sound-Dust, o último lançamento da banda franco-britânica Stereolab, reafirma a bem-sucedida receita do grupo: rever o passado com olhos postos no futuro. O Stereolab é liderado pelo casal Tim Gane e Laetitia Sadier. Suas canções misturam sintetizadores das antigas (como clavinetes e moogs) com guitarras suaves, metais e algumas brincadeiras eletrônicas. O resultado é ao mesmo tempo melancólico e dançante: receita das mais modernas num disco delicioso.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Edward Gorey
UM GÓTICO AMERICANO

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Texto de Danilo Corci



Edward Gorey (1925-2000) é um artista cujo volume de desenhos encanta, diverte e provoca um fanatismo em colecionadores. Seu estilo único de desenhar se junta à sua imaginação mordaz e a um gosto peculiar. Também há mistério e obscuridade em suas histórias para desafiar o leitor-observador a responder a pergunta "O que ele quer dizer?".
Como acontece com a maioria dos artistas, seus trabalhos não são únicos e seu estilo de desenhar pode variar de livro para livro e seus escritos oscilam entre o explícito e o obscuro. Desde 1953, quando publicou seu primeiro livro, Gorey lançou 29 obras com trinta desenhos cada. Alguns destes trabalhos consistem exclusivamente em ilustrações, com ou sem título. Outras tem o que de certa maneira pode se chamar de linha de história. E ainda outras que ilustram versos ou frases. Há, entretanto, uma lógica especial em seu texto e o leitor não deve esperar uma progressão natural de sentido enquanto vê os desenhos.
O mundo de Gorey está povoado de personagens tirados de Brontë, Wodehouse ou outras novelas góticas. Homens e mulheres da classe alta vestidos em estilo Edwardiano. Os empregados, restritos, sabem onde se posicionar e as divisões de classes são cristalinas. Seu trabalho expressa mais palavras do que idéias e um clima de ameaça está sempre em foco. A expectativa de um horror enlouquecedor, que nunca se realiza, é direcionada para quem aprecia seus trabalhos.
Em "The West Wing", a maior parte de seus desenhos são sobre ou se passam perto quartos vazios escuros, quase quadros ominosos. Este estilo cria um ambiente de incômodo mas a violência, mesmo quando ocorre, nunca é explícita. Em "The Doubtful Guest", um lar é invadido por uma criatura de tênis, que se parece com um pingüim. A família, incapaz de lidar com este problema inexplicável, sofre com sua presença e isto se torna um fardo para todos, um enigma até o seu final. Esta persistência e resolução ocorrem em vários contos de Gorey. Uma invasão similar de um ser estranho ocorre em "The Sinking Spell" mas a aparição, de uma hora para outra, vai embora.
"The Hapless Child" são os devaneios de uma criança infeliz, que usa sua própria morte como ato de vingança contra seus pais. Uma gentil e inocente criança é punida erroneamente por seu professor e seu brinquedo é roubado por outra criança. Ela chora, sozinha em sua cama, até que é raptada por um homem. Libertada e deixada à esmo, ela acaba assassinada por seu próprio pai, que não a reconhece. Este massacre do inocente é comum nas obras de Gorey. Virtude ou o bem nunca triunfam e desastres são imprevisíveis como terremotos.
Mas nem todos os seus trabalhos são sisudos. "The Curious Sofa" é uma celebração da invenção e do humor. "The Gilded Bat" revela seu interesse pelo balé, "The Utter Zoo" e "The Fatal Lozenge" são livros de alfabetização para crianças.
No que tange à suas paisagens, as obras de Gorey estão cheias de baluartes, urnas gigantes, estátuas e prospectos fúnebres. Seus interiores são crus mas detalhados com moldes, cornija, armários e portas. As paredes possuem papéis escuros, cortinas rococós e mobílias opressivas. Seus personagens possuem rostos vagos, com exceção de um. Este é um homem barbudo, sempre visto de robe ou limpando pó e que engole todos a sua volta. As personagens ainda possuem nomes sugestivos como Luke Touchpaper (Luke Papel-Mata-Mosca), Maudie Splaytoe (Maudie Dedo-Torto) e vivem em cidades como Elbow (Cotovelo), Penetralia (precisa traduzir?) ou Hiccupboro (algo como Terra do Bêbado).
Seu humor ainda o permitiu escrever com pseudônimos, em geral formados com anagramas de seu próprio nome. Ilustrou também livros infantis e clássicos da literatura. Sua vida, de um garoto nascido em Chicago, estudante de Harvard e funcionário de uma editora, estão dentro de suas obras. Conhecer Edward Gorey é descobrir um universo ilimitado de belezas e de um estilo vigoroso e cativante. É mergulhar no mundo de nosso próprio desespero e sair ileso e revigorado. Precisa dizer mais para perceber este gênio das artes?

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Texto original em: http://www.speculum.art.br/module.php?a_id=431
08/12/2003
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Mais sobre Edward Gorey em

http://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Gorey

http://www.edwardgoreyhouse.org/biography.html
http://www.goreyography.com/west/west.htm
http://www.goreybibliography.com/index.html
http://www.lunaea.com/words/gorey/
http://archive.salon.com/people/bc/2000/02/15/gorey/
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Algumas ilustrações de Gorey
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http://www.coldbacon.com/writing/edwardgorey.html

http://www.geocities.com/sunsetstrip/stage/7535/gorey.html
www.salon.com/people/portfolio/2000/02/15/gorey/index.html - 9k -
www.salon.com/people/portfolio/2000/02/15/gorey/older7.html - 2k -

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Do aprendizado coletivo

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A arte alimenta-se de ingenuidades, de imaginações infantis que ultrapassam os limites do conhecimento; é ai que se encontra o seu reino. Toda a ciência do mundo não seria capaz de penetrá-lo.
- Loinello Venturi
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O oposto do amor não é nenhum ódio, é a indiferença. O oposto de arte não é a feiúra, é a indiferença. O oposto de fé não é nenhuma heresia, é a indiferença. E o oposto da vida não é a morte, é a indiferença.
- Elie Wiesel
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domingo, 10 de junho de 2007

Rock & Adjacências

CRÍTICA & AUTOCRÍTICA EM SGT. PEPPER, 40 ANOS
A OBRA-PRIMA POP DOS BEATLES CONTINUA A ENTERNECER CORAÇÕES SOLITÁRIOS

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Texto de André Singer
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.Chico Buarque de Holanda lembra, em “Paratodos”, que a música brasileira pode ser tomada como remédio. O mesmo raciocínio vale para o pop. Por isso, agora em junho, muitos usuários desse princípio ativo – a canção popular – comemoram o aniversário de Sergeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Se “contra a solidão agreste / Luiz Gonzaga é tiro certo / Pixinguinha é inconteste”, as treze faixas do disco dos Beatles são um verdadeiro elixir. Lançado em 2 de junho nos Estados Unidos, quando estava para começar o “verão do amor” californiano, o long-play chega aos 40 anos ainda com força para esquecer o mais renitente dos corações solitários.
Na aparência, ele fornece as alternativas da época para levantar o astral. A principal delas, fruto típico da estação em que foi gravado, entre 6 de dezembro de 1966 (“When I’m sixty-four”) e 20 de abril de 1967 (a reprise, modificada, da abertura), é lançar mão de aditivos químicos. Além da tradicional cannabis, as experiências com LSD se encontravam no auge. Apesar das menções psicodélicas literais e sonoras, é engano imaginar que Pepper se resuma a um elogio das drogas, ou da variante oriental de busca pela felicidade. Ao contrário, e nisso consiste a sua originalidade, ele critica várias formas de fuga do real.
Não foi por fazer um inventário de temas como ácido lisérgico e orientalismo que o sargento Pimenta entrou para a mitologia da cultura de massa como o melhor LP (hoje CD) da história do pop. A razão está na qualidade artística. Há uma longa e inacabada discussão sobre se objetos projetados para vender em larga escala devem ser consideradas obras de arte. Sem entrar nessa delicada seara, vamos convir, ao menos para efeitos desta análise, que os criadores do material que será depois transformado em mercadoria incorporam, com maior ou menor sucesso, elementos artísticos às etapas de composição, arranjo e interpretação das canções. Foi o êxito dessa absorção que garantiu a permanência das músicas de Sergeant Pepper’s. Como nota Caetano Veloso no livro Verdade tropical, “a lição que, desde o início, Gil quisera aprender com os Beatles era a de transformar lixo comercial em criação inspirada e livre, reforçando a autonomia dos criadores – e dos consumidores”. Em Pepper, os ensinamentos atingiram o seu zênite.
John Lennon e Ringo Starr, então com 26 anos, Paul McCartney e George Herrison, ambos com 24, tinham conseguido ótimas performances – ao vivo e em vinil – e ainda obteriam outras depois. Mas o disco de 1967 foi o ponto máximo alcançado pelo grupo que, pela última vez, funcionou plenamente como tal. John e Paul agiram em parceria e sintonia nos momentos decisivos dos quatro meses de gestação. Os quatro intérpretes se empenharam a fundo na execução do material. O produtor e maestro George Martin acrescentou, na medida certa, elementos incidentais e truques eletrônicos. Enquanto o LP de estréia dos Beatles, Please please me, foi quase todo gravado num único dia (11 de fevereiro de 1963), ocupando 16 horas de estúdio, Sgt. Pepper’s gastou 700 horas, a um custo aproximado de 25 mil libras esterlinas, um orçamento extraordinário para a indústria fonográfica dos anos 60.
O resultado obteve reconhecimento nas duas pontas da cultura. É um dos discos mais vendidos de todos os tempos – tendo atingido a marca de cerca de 10 milhões de cópias até o assassinato de Lennon, no final da década de 1970. Com o passar do tempo, acabou exaltado também pelos musicólogos, a ponto do inglês Allan Moore, professor de música popular da Universidade de Surrey, se perguntar se um “futuro dicionário de música terá uma entrada para ‘Sergeant Pepper’ em algum lugar entre ‘Schoemberg’ e ‘Sprechstimme’?” Sprechstimme é uma técnica vocal de “canto falado” que Schoemberg usa em Pierot Lunaire, de 1912. “Me parece que Sgt. Pepper vai, de fato, crescer para ocupar o espaço entre Schoemberg e sua voz e, assim fazendo, vai marcar uma mudança paradigmática em direção a uma apropriação e utilização dos materiais musicais mais flexível e menos guiado pela culpa”, conclui Moore, num livro de 1997, publicado pela prestigiosa editora da Universidade Cambridge.
Os jovens de Liverpool deixaram, em suma, um legado que lembra o de Shakespeare: feito para o povo e mais tarde adotado pela alta cultura. O crítico australiano Craig McGregor aponta outros exemplos de dupla aceitação (popular e de elite), como os romances de Charles Dickens e os filmes de John Ford. Poder-se-ia acrescentar os folhetins de Honoré de Balzac. Nessa linha, Pepper segue um roteiro que, sem chegar à chatice da ópera-rock, pede uma audição completa, para ser aproveitada a máximo.

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[Para ver a matéria completa é preciso COMPRAR a revista Piauí: http://www.revistapiaui.com.br/ -, nº 07, junho, p. 58-61. Quase todas as matérias dos números anteriores estão disponíveis aí]
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Capa do "Sgt. Pepper's", feita por Robert Fraser, Peter Blake e Paul McCartney. Abaixo, uma relação com os nomes (por número) das pessoas e coisas que aparecem na ilustração:
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1 Sri Yukteswar Gigi (guru) 2 Aleister Crowley (dabbler in sex, drugs and magic) 3 Mae West (actress) 4 Lenny Bruce (comic) 5 Karlheinz Stockhausen (composer) 6 W.C. Fields (comic) 7 Carl Gustav Jung (psychologist) 8 Edgar Allen Poe (writer) 9 Fred Astaire (actor) 10 Richard Merkin (artist) 11 The Varga Girl (by artist Alberto Vargas) 12 *Leo Gorcey (Painted out because he requested a fee) 13 Huntz Hall (actor one of the Bowery Boys) 14 Simon Rodia (creator of Watts Towers) 15 Bob Dylan (musician) 16 Aubrey Beardsley (illustrator) 17 Sir Robert Peel (politician) 18 Aldous Huxley (writer) 19 Dylan Thomas (poet) 20 Terry Southern (writer) 21 Dion (di Mucci) (singer) 22 Tony Curtiss (actor) 23 Wallace Berman (artist) 24 Tommy Handley (comic) 25 Marilyn Monroe (actress) 26 William Burroughs (writer) 27 Sri Mahavatara Babaji(guru) 28 Stan Laurel (comic) 29 Richard Lindner (artist) 30 Oliver Hardy (comic) 31 Karl Marx (philosopher/socialist) 32 H.G. Wells (writer) 33 Sri Paramahansa Yogananda (guru) 34 Anonymous (wax hairdresser's dummy) 35 Stuart Sutcliffe (artist/former Beatle) 36 Anonymous (wax hairdresser's dummy) 37 Max Miller (comic) 38 The Pretty Girl (by artist George Petty) 39 Marlon Brando (actor) 40 Tom Mix (actor) 41 Oscar Wilde (writer) 42 Tyrone Power (actor) 43 Larry Bell (artist) 44 Dr. David Livingston (missionary/explorer) 45 Johnny Weissmuller (swimmer/actor) 46 Stephen Crane (writer) 47 Issy Bonn (comic) 48 George Bernard Shaw (writer) 49 H.C. Westermann (sculptor) 50 Albert Stubbins (soccer player) 51 Sri lahiri Mahasaya (guru) 52 Lewis Carrol (writer) 53 T.E. Lawrence (soldier, aka Lawrence of Arabia) 54 Sonny Liston (boxer) 55 The Pretty Girl (by artist George Petty) 56 Wax model of George Harrison 57 Wax model of John Lennon 58 Shirley Temple (child actress) 59 Wax model of Ringo Starr 60 Wax model of Paul McCartney 61 Albert Einstein (physicist) 62 John Lennnon, holding a french horn 63 Ringo Starr, holding a trumpet 64 Paul McCartney, holding a cor anglais 65 George Harrison, holding a flute 66 Bobby Breen (singer) 67 Marlene Dietrich (actress) 68 Mohandas Ghandi (painted out at the request of EMI) 69 Legionaire from the order of the Buffalos 70 Diana Dors (actress) 71 Shirley Temple (child actress) 72 Cloth grandmother-figure by Jann Haworth 73 Cloth figure of Shirley Temple by Haworth 74 Mexican candlestick 75 Television set 76 Stone figure of girl 77 Stone figure 78 Statue from John Lennon's house 79 Trophy 80 Four-armed Indian Doll 81 Drum skin, designed by Joe Ephgrave 82 Hookah (water tobacco-pipe) 83 Velvet snake 84 Japanese stone figure 85 Stone figure of Snow White 86 Garden gnome Tuba

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Cultura
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O ano de 1967
Celso Loureiro Chaves*.

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Poucos se atreveriam a dizer que Sgt. Pepper's Lonely Heart Club Band ainda tem o ar da novidade, pois querer impor atualidade ao venerável álbum dos Beatles, com os seus 40 anos de idade, é ignorar que tudo aquilo é parte fundamental do seu tempo, é testemunho do seu tempo, é prisioneiro do tempo. Querer prolongar-lhe a novidade é roubar-lhe tanto o passar das décadas quanto todas as camadas de significação que se foram acumulando. Sou de um tempo em que Sgt. Pepper's ainda não existia. Quando passou a existir, lá estava eu na loja para comprar o vinil com sua capa emblemática e suas fotos internas um pouco ridículas. Mas basta ouvir os primeiros acordes da primeira música (e o som de público que os antecede) e logo me vem à memória o ano de 1967. É 1967 que volta. Não é hoje.
Toda música tem essa prerrogativa de estar aprisionada no seu tempo. Se Sgt. Pepper's adquiriu longevidade e perdeu atualidade, tanto melhor. Característica boa da música urbana, essa. É uma garantia de que os sons nos transportarão para um tempo que não vivemos ou, se vivemos, dele se apagaram alguns traços de memória que se redesenham com traços fortes, a um simples acorde, a uma simples inflexão de voz. Mas o que dizer de músicas que ainda fingem juventude mesmo tendo aparecido naquele mesmo ano de 1967? Sgt. Pepper's vem sendo ouvido, discutido e analisado desde então. Não é o caso da música de concerto de 1967, tantas vezes analisada, tão poucas vezes ouvida e ainda menos discutida. É a função dos gêneros musicais, me parece. Uns plantam-se firmemente no seu tempo e projetam-se na memória de tempos futuros. Outros permanecem enganadoramente jovens, como se música moderna fossem.
Foi no ano de 1967 que o alemão Karlheinz Stockhausen compôs Hinos, a sua peça eletroacústica principal. Quatro lados de vinil com variações infindáveis sobre hinos das nações, com um arrazoado ideológico tão complexo quanto a sonoridade da música. Hinos saiu de circulação e não foi mais ouvida. Mas, se ouvida hoje, seria ainda de vanguarda essa peça emblemática da vanguarda tardia que ecoa os anos 1950? Certamente não, tantas foram as águas passadas por baixo (e por cima) da ponte do eletroacústico. Mas assim parece, já que não nos acostumamos a ouvir Hinos e nem temos a dimensão precisa, nesse tipo de música, do quanto se prosseguiu desde então. Para ficar no território do eletroacústico, haveria que citar As Prateadas Maçãs da Lua, do norte-americano Morton Subotnick, também de 1967. Poucas obras eletroacústicas são tão hippies quanto essa, menos lunar do que pré-Woodstock, ares de outro tempo. Por falar em música hippie: Ecos do Tempo e do Rio, do também norte-americano George Crumb, é do mesmo 1967 e já tem todos os maneirismos pegajosos de obras posteriores: citações "espertas", instrumentação pretensamente exótica, temática apocalíptica. Outro caso é o de Lontano, de Gyögy Ligeti, peça orquestral que reveste uma outra peça sua, Lux Aeterna, de um caráter ainda mais dramático. Aliás, ninguém como Ligeti conseguiu viver as décadas com plenitude, se transformando sempre, mostrando que quem foi um em 1967 podia sempre se metamorfosear em outro, tão fascinante quanto, década a década. De hoje, essas obras? Em absoluto, só parecem assim se as ouvimos de supetão, sem nos darmos conta que Subotnick, Crumb, Ligeti e Beatles giram num mesmo universo temporal.
Há um dado incontornável que remete a música de concerto de 1967 ao passado que lhe pertence. Aquele foi o ano da publicação das últimas duas obras de Igor Stravinsky, uma delas os Cânticos de Réquiem, nos quais o compositor vela a si próprio e ao seu tempo. Ao pensarmos em Stravinsky, não há como fugir: é música do passado que estamos pensando. Beatles e Stravinsky convivendo no mesmo momento? Sim, o fato é esse mesmo. Nem um nem outros deixaram de se aprisionar em sua época e não vejo por que uma determinada música ainda possa ser considerada "de hoje", em detrimento de outras, ouvidas mais ou ouvidas menos. Radicalmente falando: nada do que apareceu na música de 1967 é música de hoje.
Existe, no entanto, uma diferença fundamental que marca e distingue Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band: esse álbum veio vindo conosco, passou a fazer parte da nossa bagagem e é dessa maneira que ainda é ouvido hoje, estendendo o largo tempo de quatro décadas e nos devolvendo a tempos passados, qual máquina do tempo. Nem Subotnick, nem Crumb, nem Reich, nem Ligeti - muito menos o último Stravinsky - vieram conosco. As audições são tão mais esporádicas que o sabor da novidade quase que se recria a cada nova ouvida, como se começasse do zero. Mas é só impressão. As décadas passaram para todos. Vem daí a conclusão óbvia: 1967 é 1967. Hoje é hoje.
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* Celso Loureiro Chaves, músico, escreve quinzenalmente no caderno Cultura do ZH
Zero Hora, Porto Alegre-RS, sábado, 9 de junho de 2007, p. 3


sábado, 2 de junho de 2007

Da Série: As Bandas da MADALENA
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BIOGRAFIA

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Hacer una biografía sobre un grupo q lleva en activo casi 20 años es una ardua tarea. Y es aquí donde, a riesgo de no merecer el calificativo de redactor, los gustos personales de quien firma el siguiente articulo entran en escena. Dicho de otra manera: cabe destacar en la carrera de estos chicos un antes y un después de la publicación de “painful” (cityslang/1993), punto de inflexión donde los haya, ya que pese a contar con trabajos previos tales como “fakebook” (cityslang/1990), “may i sing with me” (cityslang/1992) o “ride the tiger” (cityslang/1993) no es hasta la publicación de “painful” cuando este trío (antes cuarteto, antes dueto… siempre cambiantes) consigue llegar a las cuotas de creatividad que les han llevado a ser considerados como una de las bandas de pop americano más importantes del siglo. Sí, sí, del siglo. Parte de culpa de esta explosión de creatividad contenida, es sin duda la entrada en el grupo de su actual bajista james Mckenaan quien supo dar a mi modesto entender una visión mucho más amplia de la palabra pop de la que se tenia en yo la tengo por aquellos días. No hay más que comparar sus trabajos previos (una recopilación de temas más bien del montón, por llamarlos de una manera amable) con temas de la talla de “big day comming” o la grandiosa “from a motel 6”, autenticas epopeyas sonoras que hicieron las delicias para mis oídos cansinos allá por el verano de 1997. Tras la publicación de “painful” se publico el single “Tom Courtney”, antesala de lo que sería su siguiente trabajo “Electr-o-pura” (cityslang/1995) que aunque se apartaba de los experimentos sonoros de su anterior obra para adentrarse en terrenos más clásicos y distorsionados seguía dejando constancia de que la nueva etapa abierta con la incorporación de James al bajo, no iba a quedar en una mera anécdota, ya que los 14 cortes que encierra el álbum son de una factura impecable incluso para alguien que no tenga sus orejas acostumbradas a los quehaceres del pop. Un año más tarde aparece ese pedazo de disco llamado “genius + love = yo la tengo”, obra clave para entender hacia donde se encaminarían los pasos de estos chicos en el futuro. El disco (bueno más bien el doble disco) se compone de dos CDS. En el primero encontramos 16 cortes de lo más variado siempre dentro de la temática alcanzada con “painful” aunque si olvidar sus peripecias más roqueras de “electr-o-pura”, pero lo q realmente llama la atención es su segundo disco donde nos obsequian con una banda sonora ideal para estas tardes de verano tan calurosas q vivimos y que harán q nos sumamos en una de esas siestas en las que ni el sudor nos hará borrar la sonrisa de nuestros labios mientras caemos en un profundo y reparador sueño. Entre los temas instrumentales (son 14 en total, todos ellos sin voz) encontramos piezas de anteriores obras como “from a motel 6” proveniente de “painful”, con la que muestran su alta cuota de creatividad versionandose a ellos mismos sin reparo ni vergüenza.
Acudiendo a la cita anual con todos sus fans y no contentos con haber parido obras de la talla de las q venimos comentando, el trío de Hoboken, nos regala lo q seria su álbum de confirmación en Europa, ya q si bien eran ya conocidos en su país natal, no fue hasta la aparición del famoso video del single “sugarcube” de ésta, su obra más accesible hasta la fecha “i can hear the Herat beating as one” (matador/1997), cuando su popularidad en Europa llega a ser importante. Y es que poco hay que decir de este lp q no se haya dicho ya. Autentica panacea de ritmos sencillos y efectivos y manual interactivo de cómo elaborar bellos temas con ejemplos prácticos tales como “Shadows” o “autumm sweater”, canciones q hoy por hoy me siguen cautivando como el primer día q tuve la oportunidad de escuchar este disco.
Bien. Tres años pasaron tras la publicación de “i can hear the Herat beating as one” y la razón de q estos chicos tan trabajadores (hasta la fecha) dejaran huérfanos a sus seguidores no es otra q la concepción de esa obra maestra llamada “And Then Nothing Turned Itself Inside-Out.” (matador/2000). Y es q crear de la nada una obra tan compleja y oscura no es tarea fácil señores. Nada fácil. Pero rizando el rizo Yo la tengo elaboró un álbum q para mi modesta opinión pasará a la historia como uno de los mejores discos de la década en la q nos encontramos. Desde su inicio con “everyday” (tema q me ha acompañado en mis horas más bajas) pasando por “you can have it all” (este me acompaño en los momentos más álgidos) y finalizando por esa pieza instrumental, generosa en metraje y melancólica llamada “night falls on hoboken”, el disco nos trasporta del pesimismo más profundo a la alegría más repelente en cuestión de minutos. Una autentica montaña rusa de sensaciones que sólo han podido transmitirme dos o tres discos más en toda mi vida. Sin duda EL DISCO q todo el mundo debería tener en su casa te guste lo q te guste. Imprescindible si lo q quieres es sentir además de escuchar, tan grande fue su trabajo; q tras la escucha de su último trabajo; la decepción me llego sin remedio: ”Summer sun” (matador/2003) no es un mal disco,(tenéis una completa review en la susodicha sección, aquí en sonorate) pero a pesar de q las comparaciones son odiosas, no pude por más q acongojarme y resignarme a q estos chicos algún día, y si tenemos suerte, nosotros mortales, podamos disfrutar de otra obra maestra de estos chicos. Ya lo han hecho una vez y pueden volver a hacerlo. ¿Cuestión de tiempo?
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País de origem: Estados Unidos
Ano de formação: 1984
YLT: Georgia Hubley (bateria e voz), Ira Kaplan (Guitarra e voz) eJames McNew (baixo e voz)
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Nota: Embora Georgia, Ira e James, nos shows ao vivo, principalmente, toquem todos os intrumentos, revesando a formação, a que apresentamos aqui é a mais comum.

DISCOGRAFIA
Não são considerados, aqui, os singles.

Summer Sun
Ano do lançamento: 2003 (Matador)

The Sounds of the Sounds of Science
Ano do lançamento: 2002 (Egon)
And Then Nothing Turned Itself Inside-Out
Ano do lançamento: 2000 (Matador)

Genios + Love = Yo La Tengo
Ano do lançamento: 1998 (Matador)

I Can Hear the Heart Beating as One
Ano do lançamento: 1997 (Matador)
Electr-O-Pura
Ano do lançamento: 1995 (Matador/Atlant)
Painful
Ano do lançamento: 1993 (Matador)
May I Sing with Me
Ano do lançamento: 1992 (Alias)

Fakebook
Ano do lançamento: 1990 (Bar/None)
President Yo La Tengo
Ano do lançamento: 1989 (Coyote)

New Wave Hot Dogs
Ano do lançamento: 1987 (Coyote/Twinton)

Ride the Tiger
Ano do lançamento: 1986 (Matador)
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YLT no Brasil
Em 2000, a banda fez alguns shows no Brasil
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9 de fevereiro, Rio de Janeiro - RJ
10, Maringá - PR
14 e 15, São Paulo - SP
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Entrevista
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O maringa.com (cf. em: http://www.maringa.com/musica/yo-la-tengo.php) entrevistou o guitarrista e vocalista Ira Kaplan às vésperas da banda embarcar para o Brasil. Confira:

Andhye Iore Você tem idéia de que o Yo La Tengo tem muitos fãs no Brasil?
Ira Kaplan – Nós sabemos que temos alguns fãs no Brasil. Eu acho que descobriremos quantos. Nós temos recebido cartas de brasileiros e nos pediram para ir ao Brasil na última vez que estivemos em Portugal.

AI – Vocês estão preparando algo especial para os shows no Brasil?
IK – Nós estamos ensaiando algumas de nossas músicas antigas que não tocamos há algum tempo. Isto não quer dizer que vamos tocá-las necessariamente, é claro. Acho que será muito especial estar no Brasil, que os shows também serão especiais.

AIO último disco, "And Then Nothing Turned Itself Inside-Out", foi aclamado como um dos melhores de 2000. Isto mudou alguma coisa no Yo La Tengo?
IK – Nem mais ou menos que antes. Temos sentido um pouco mais de sucesso agora, talvez desde que passamos a viver de música. É legal quando as pessoas escrevem coisas legais sobre a banda, mas tentamos não prestar muita atenção, realmente.

AIComo é trabalhar na Matador, já que sabemos como uma gravadora não respeita o trabalho das bandas e a imagem da Matador é que é uma das mais organizadas do mundo?
IK – A Matador é uma das mais organizadas, sério? Mas, deixando as piadas de lado, Matador definitivamente respeita as bandas em seu selo e isso faz com que trabalhar com eles seja gratificante. Eles nunca dizem para nós como gravar um disco ou o que fazer quando estamos gravando e nós apreciamos isso. Nós pedimos a opinião deles às vezes e eles nos dizem o que pensam. Você usou a palavra respeito e eu acho uma descrição perfeita: eles nos respeitam e nós os respeitamos.

AIVários jornalistas escrevem que vocês são o Velvet Underground contemporâneo. Você fica chateado com essa comparação?
IK – É um pouco chato sim, mas eu prefiro ser considerado o Velvet Underground contemporâneo que o Styx contemporâneo.

AIVocês gravaram dez álbuns, vários EPs, fizeram trilhas sonoras e gravam com outras bandas. Qual é a motivação da banda, vocês nunca se satisfazem musicalmente?
IK – Nós amamos tocar e é interessante, comum e excitante mudar a situação para ver o que acontece. Quando fazemos músicas para as trilhas sonoras, estamos fazendo música para o cineasta, em vez de para nós mesmos. Quando trabalhamos com outros músicos, isto sempre muda a maneira como você responde à música. E, exatamente se você não conduzir isto especificamente, é o que eu quis dizer sobre os shows no Brasil serem especiais. As circunstâncias serão especiais o que afetará os shows.
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Se você teve paciência de ler isso tudo, até aqui, é porque você, como eu, também gosta muito dessa banda... ou então é um grande de um desocupado. Rock and Roll, yeah!!