A DANÇA DOS COMUNS
monges, bruxas, coro & dançarinos rituais...
todos com suas túnicas pretas, brancas & cinzas
& outros com suas vestes largas esvoaçantes
dançam & rodopiam de mãos dadas
ouvindo respeitosamente a música do Tempo
& tudo é muito gratificante
& tudo é muito digno de riso
& de cerimônias descerimonizadas
alegres, festivas, lascivas & alucinantes
& tudo é singularmente ineficaz enquanto reza
enquanto oração & súplica & petição respeitosa
& todos os deuses estão quietos em seus cantos
& todos os deuses estão em seus céus sem espaço & tempo
& todos os deuses estão guardados em todos os livros santos
omnia opera que bendiz os seus santos & eternos nomes
& todos os deuses estão nas estantes & vivem aí
& em mais nenhum lugar, & em mais lugar nenhum
& por isso todos os devotos & fieis dançam
dançam, dançam, dançam & celebram
porque não há mais danação alguma
somente dança & celebração & o gozo risonho
& porque não há mais o inferno depois do inferno
somente este inverno & este frio & esta fogueira
é preciso dançar junto para manter o calor
& para que haja mais calor & mais alegria
& mais vinho eucarístico para o êxtase sagrado
& todos os deuses, havendo dançado, afinal
são celebrados pelos que dançam sem medo
pelos bacanas que estão empilhados no bacanal
& todos os religiosos de todo o Mundo dão as mãos
& escrevem um único tratado final de Teologia Comum
& escrevem uma única e derradeira Confissão Plural da Fé
& escrevem um único Credo Comum Desobrigante
que tem apenas um único e solene artigo:
"Da fé no Outro que também sou Eu"
o Eu que habita o Mundo: o lugar comum do único
longe da honorável eternidade metafísico-apofática
longe da eterna intangível & ininteligível realidade do Nada
aposto ao Ente eterno sem ser Ser, mesmo
mas cuja eficácia atemporal materializada nas orações
nas orações proferidas desde tempos imemoriais
foi o silêncio obsequioso do “não”:
não existo, não ouço
não vejo, não sinto
não atendo, não salvo
não julgo, não condeno...
Que tradição é traição, disso todos sabem
& por isso dançam, sem vergonha & sem medo
& por isso arremetem suas túnicas & roupas sagradas para o ar
& purificam-se com a nudez sagrada do corpo que é santo & imaculado
até que a Morte se apresente
até que a Morte se apresente & conduza
um a um um a um a um a um aummm...
foi o silêncio obsequioso do “não”:
não existo, não ouço
não vejo, não sinto
não atendo, não salvo
não julgo, não condeno...
Que tradição é traição, disso todos sabem
& por isso dançam, sem vergonha & sem medo
& por isso arremetem suas túnicas & roupas sagradas para o ar
& purificam-se com a nudez sagrada do corpo que é santo & imaculado
até que a Morte se apresente
até que a Morte se apresente & conduza
um a um um a um a um a um aummm...
ao esquecimento cósmico final, o ZERO da moeda
único lugar destinado a todos que têm fé na Vida
amante lésbica da Morte
com quem vive lhe traindo
com seu eterno consentimento
& nem dizem mais que é traição
com Esperança... sim, a outra
Mas Esperança – & todas elas sabem
& todos os que dançam também – é a pior das amantes
& é justo abandoná-la tão logo encontrem Coragem...
& bandos coloridos de padres, gurus, freiras
único lugar destinado a todos que têm fé na Vida
amante lésbica da Morte
com quem vive lhe traindo
com seu eterno consentimento
& nem dizem mais que é traição
com Esperança... sim, a outra
Mas Esperança – & todas elas sabem
& todos os que dançam também – é a pior das amantes
& é justo abandoná-la tão logo encontrem Coragem...
& bandos coloridos de padres, gurus, freiras
monges, coro & dançarinos rituais...
todos com suas túnicas pretas, brancas e cinzas
& mais outros com suas vestes largas & coloridas
dançam & rodopiam de mãos dadas
ouvindo respeitosamente a música do Tempo...
todos com suas túnicas pretas, brancas e cinzas
& mais outros com suas vestes largas & coloridas
dançam & rodopiam de mãos dadas
ouvindo respeitosamente a música do Tempo...
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