Bukowski também te contempla
Bukowski te vê
Do imã da geladeira
Quando você se abaixa
& pega o sal & a pimenta.
Epifania é tua calcinha
Desenhar-se em teus quadris
Teu rego lhe assalta os olhos
Tua alma, o teu nome
Bukowski te vê
& Bukowski te come.
Um dia você suava
Limpando o piso melado
Depois que os ovos caíram
Acaralhando com tudo
& como ele praguejava:
“Que posição tão cruel!...”
& a culpa era de Deus.
Skip James & Lenoir
Afortunados que eram
Descreviam o teu decote
Os teus quadris que dançavam
Comandando o esfregão
“Maldição! Maldição! Ah, maldição!”
Berrava ele, iracundo
Mandando Skip pro inferno
& que o Diabo os levasse
& levasse todo mundo
Que Lenoir era um sujo
& foi justo morrer na merda
Pior que aquela ali, dele
Que também morreu na merda
Mas que, antes,
Comeu muitas bocetas
& amassou muitas tetas
Até que... Caralho! Caralho!
“Um imã de geladeira?!”
& foi um Renascimento
A Maravilha maldita
Que aportou no Brasil
Quando ele foi traduzido
Na puta língua de puta
De terceiro-mundo
De terceira-merda
De terceira-bunda
& se tivesse a parte inferior
Que o filho da puta cortou
(Que imã enorme seria!)
Mostraria o pau pra eles
Pra deixarem de ser tão putos.
& James & Lenoir
Desde esse dia, então
Não gastam uma palavra
Com o linguarudo do Cão
Preferem bater uns papos
Com o outro lá de cima:
Dylan & seus dilemas
(Que aprendeu muito cedo
A respeitá-los como é devido
Antes da condição miserável
Não tão pior por encontrarem
Luiz Gonzaga & a sanfona
Que substituiu Warhol
– o mais estúpido dos imãs –
Dando razão a Lou Reed
... Que pederastia tem limites).
O velho Bukowski, porém
Ignora que lhe ignorem
Afinal, ali: Marylin
Mostrando as pernas & a bunda
Segurando o vestido branco
Contra a boca do bueiro
“Quero ser o vento, garota
Que lambe as suas cochas.”
Mas Marylin, de soslaio,
Chama-o de velho safado
Dizendo que se enxergue
Que vá à merda ou se cale.
“Como se houvesse opção...”
Ele argumenta & lamenta
Não adianta, agora
Ela ignora, vira de lado
& depois perde a fala
É quando vê James Dean
Que, de olhos tristes
Só sabe ver o abismo
Sempre adiante de si...
& quando Bukowski insiste
“Vai pro inferno, caralho!”
Marylin diz, chateada.
“Eu já estou nele, garota...”
Ele responde &, pasmado,
Vê você nua, Renata
Quando acorda, chapada
& faz um café, & bebe água
Às 13:30 d’uma segunda
Daí, do inferno, Renata
Às 13:30 d’uma segunda
Com os olhos paralisados
Bukowski come a tua bunda.
(P.)
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