quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Agenda da Cabruêra (Visagem) &
Halloween Dark Night 2

Cabruêra na Estrada:


Halloween Dark Night 2:


[BANDAS]

*SCARY MONSTERS
*UBELLA PRETA
*SQUIZOPOP
*STONE JACK
*FORBIDDEN LINEAGE
*CONCLAVE

[DJ´S]

*FELIPHEUSMINUSDECAY (PB):
GOTH ROCK, POST-PUNK,DARKWAVE
*STANZ (SP):
EBM OLD SCHOOL, MINIMAL WAVE, PSYCHOBILLY, DIRTY DISCO
*AC (PB):
EBM, INDUSTRIAL, DARKWAVE

[PERFORMANCES]

*Fábio Manson (marilyn manson cover)
*Blendson Spectro Samael (macabre horror)
*Géssica e Cia ( tribal dance )

[STANDS]

*TATOO
*QUADRINHOS
*ZINE
*SEX SHOP
*BAR INTERNO
*10 LITROS DE SUCO GAMI GRÁTIS 0800
CHEGUE CEDO E APROVEITE LOGO ANTES QUE ACABE.

[DATA] - 01/11/2010
[HORÁRIO] DAS 19:00HR´S ATÉ AS 7 DA MANHA ( 10 HORAS DE PURA CURTIÇÃO)
[LOCAL] ESTRADA DO JACARÉ (ATRÁS DO POSTO JACARÉ E VIZINHO À CLÍNICA DO STRESS) - INTERMARES - CABEDELO
[ENTRADA]
COM NOME NA LISTA = 3 REAIS
SEM NOME NA LISTA = 5 REAIS

[Mais Informações]

* Comunidade Halloween Dark Night 2: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=106958795
* Coloque seu nome e sobrenome na lista da comunidade no orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=106958795&tid=5523611672503974217&start=1

OBS: SERÁ PERMITIDA A ENTRADA DE BEBIDA (SEM GARRAFA DE VIDRO)

COMO CHEGAR | LINHAS DE ÔNIBUS:

* CABEDELO DIRETO – descer na principal de Intermares em frente ao Colégio QI e atravessar a BR-230;

* JACARÉ – entra na estrada para o Jacaré, pára bem perto, mas demora muito a passar;

* TAMBAÚ 513 – descer no ponto final na praia, percorrer a Av. Mar Vermelho (principal de Intermares sentido praia – BR), atravessar a BR-230. É longe, mas tem a Integração.


OBSERVAÇÃO: OS ÔNIBUS CIRCULAM REGULARMENTE ATÉ ÀS 22h, DEPOIS SÓ DE HORA EM HORA E NORMALIZAM ÀS 5h.

Killoffer em João Pessoa

Amigos e amigas,

A Aliança Francesa de João Pessoa e o Mestrado em Comunicação da UFPB trazem à Paraíba o quadrinista francês Killoffer. Não percam a programação na volante abaixo ou no sítio da editora Marca de Fantasia: www.marcadefantasia.com.

Abraço,
Henrique




Quem é Killoffer

Desenhista francês será a estrela do seminário Quadrinhos: Reflexão e Paixão

Oquadrinista francês Patrice Killoffer estará em João Pessoa de 2 a 4 de novembro próximo, onde participa de uma série de atividades programadas para apresentar e debater sua obra com o público. A vinda do artista acontece através de parceria entre a Aliança Francesa e a Universidade Federal da Paraíba, instituições promotoras do seminário Quadrinhos: Reflexão e Paixão, organizado anualmente pelo Núcleo de Artes Midiáticas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPB. O objetivo do seminário é mostrar a diversidade de expressão e conteúdo dos quadrinhos e servir de esteio para os estudos acadêmicos no campo da Graduação e da Pós-Graduação.
A edição 2010 do seminário Quadrinhos: Reflexão e Paixão será desenvolvida em duas fases: a primeira, com a presença de Killoffer; e a segunda, com um enfoque acadêmico. Esta segunda fase promoverá o debate sobre os modos de produção e circulação das publicações independentes, sobre o fazer editorial e as perspectivas de consolidação de seus projetos. Nesta seção, que contará com a participação de alguns editores independentes do Nordeste, será discutida a produção impressa, mas sem negligenciar as propostas dirigidas às publicações digitais. Também farão parte dessa seção a apresentação de artigos e pesquisas desenvolvidas por alunos ligados ao Mestrado em Comunicação, bem como do Curso de Comunicação em Mídias Digitais e de Comunicação Social.
Na terça-feira (2/11) haverá a abertura do evento com a presença do artista francês, com a exposição Ils Rêvent le Monde: Images Sur l'An 2000 (Eles Sonham o Mundo: Imagens Sobre o Ano 2000), organizada pela Aliança Francesa. A editora Marca de Fantasia lança a versão brasileira do álbum Quando Tem Que Ser (Quand Faut y Aller), na quarta-feira (3/11), às 19h, na livraria Comic House (Esquina 200, Av. Négo, 200, Tambaú), com sessão de autógrafos do autor.
Killoffer fará a conferência sobre o trabalho de L'Associationno Zarinha Centro de Cultura (Av. Négo, 140 ), na quinta-feira (411), às 19h. Todos os eventos são grátis.

Programação

Seminário: Quadrinhos: Reflexão e Paixão
Exposição: Ils Rêvent le Monde
Data: 2 de novembro, às 19h
Local: Aliança Francesa
Endereço: Av. General Bento da Gama, 396, Torre, fone 3222-6565


Lançamento do álbum Quando Tem Que Ser
Data: 3 de novembro, às 19h
Local: Comic House
Endereço: Esquina 200, Av. Négo, 200, Tambaú, fone 3227-0656


Conferência e Encontro com Patrice Killoffer
Data: 4 de novembro, às 19h
Local: Zarinha Centro de Cultura
Endereço: Av. Négo, 140, Tambaú, fone 4009-1111

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Coletivos Culturais na PB

- a arte em conjunto -

Seja com uma formação mais orgânica que integra uma rede nacional, como é o caso do Coletivo Mundo e do Coletivo Natora, seja com o espírito de arte coletiva por identificação que une o coletivo Holístico Extra Piramidal, ou a vontade de criar novos espaços que motivou a criação do recém nascido Coletivo Sanhauá, uma coisa é fato: a cena cultural paraibana independente está em pela movimentação na busca de alternativas.

Ligados a movimentos em vários países, os coletivos culturais surgiram no início do século passado com a idéia de quebrar o conceito fechado de arte estabelecido pelas classes dominantes. Com o passar das décadas, o formato de organização desses grupos foi ganhando novas feições e teve explosão considerável no Brasil na década de 90, compondo hoje o que muitos consideram o quarto setor, que seria o que agrupa iniciativas que não são feitas pelo governo, por empresas e nem pelas ONGs.

Nos últimos anos, a forma de organização tem conquistado adeptos na Paraíba e gerado iniciativas que trabalham na busca da criação de um mercado cultural autosustentável, com a formação de uma rede independente, colaborativa e integrada de ações culturais por todo o Estado. Se no início do século passado a forma de protesto foi marcada pela atitude de artistas como o dadaísta Marcel Duchamp, que transformou um urinol em arte ao levá-lo ao museu, hoje é na articulação entre grupos locais e de outros Estados que os coletivos paraibanos apostam na divulgação e resistência da arte independente.


Na onda Fora do Eixo | Coletivo Mundo

Reunião no Coletivo Mundo / Foto: Rafael Passos


Criado em João Pessoa em 2008, o Coletivo Mundo nasceu do agrupamento de algumas bandas alternativas paraibanas que queriam montar um estúdio de ensaios coletivos. A partir da convivência desses grupos, surgiram ideias da realização de outras atividades em prol do fortalecimento de um cenário cultural independente, dando início a um processo que tomou dimensões consideráveis.

Produtores, jornalistas e outros artistas foram se agregando ao grupo e em abril de 2009 foi inaugurado o Espaço Mundo, no Centro Histórico da Capital, local que funciona como bar, espaço para shows, exposições e diversas atividades do Coletivo.

Segundo Rayan Lins, integrante do Coletivo Mundo, o nome “Mundo” vem do Festival Mundo, que é realizado anualmente em João Pessoa desde 2005, com produção dele e de Carolina Morena. Hoje, o Espaço Mundo é ponto de encontro para realização de shows, oficinas, debates, exposições de artes e mostras audiovisuais.

Integrando o Coletivo Fora do Eixo – rede independente de discussão e produção de ações voltadas para o fortalecimento da cadeia produtiva da cultura do país através de mais de 40 coletivos culturais no Brasil – o Coletivo Mundo possibilita a apresentação na Paraíba de bandas de destaque no cenário independente nacional, assim como organiza turnês que levam para outros Estados as bandas que fazem sucesso por aqui e que dificilmente conseguiriam circular garantidas por outras vias.

Seguindo o modelo da rede que integra, o Coletivo Mundo mantém uma forma de organização entre as bandas e artistas que o compõem. “Todo o trabalho é dividido de acordo com o que cada indivíduo pode oferecer ao grupo, desde o planejamento até o garçom do bar, passando pelo administrativo-financeiro, produção de eventos, sonorização, gerência do Espaço Mundo, bilheteira, roadie, fotógrafia, assessoria de imprensa, e etc.”, conta Rayan.


Burro Morto na Inauguração do Espaço Mundo / Foto: Rafael Passos


O grupo tem, inclusive, uma moeda própria, que está em fase de experimentação. A ideia é ter um sistema de crédito solidário, baseado na troca de serviços e produtos, gerando uma alternativa autosustentável para o coletivo. “Por exemplo, uma banda pode ter um integrante que trabalhe com design e ofereça esse serviço, em troca ele é remunerado em créditos, que podem ser utilizados para contratar uma assessoria de imprensa pra o lançamento do disco da banda”, explica Rayan.

Na opinião de Rayan Lins, o trabalho não só está dando um ‘up’ no fomento a produção, divulgação e consumo de cultura independente em João Pessoa e na Paraíba, como também vem contribuindo para uma mudança de postura entre os agentes da cadeia produtiva, que passaram a se enxergar enquanto parceiros.


Coletivo Natora


Também integrando o Circuito Fora do Eixo e atuando em parceria com o Coletivo Mundo, o Coletivo Natora surgiu em Campina Grande no final do ano passado na tentativa de solucionar coletivamente os problemas comuns enfrentados pelas bandas independentes do país. Assim Marlo Simaskowsk, Diogo Rocha e Giancarlo Galdino inseriram Campina nessa rota alternativa com o objetivo de estimular a produção, distribuição e circulação de bens culturais diversos e de qualquer parte do país.

Realizando atividades na mesma linha das do Coletivo Mundo, o Natora se define como grupo de produção cultural que atua em diversas frentes. “Temos cinco núcleos: Agência Natora, Natora Distribuição, Sustentabilidade Natora, Natora Sonorização e Natora Eventos. Cada grupo é responsável pelo andamento de algumas tarefas. Os núcleos são os pilares do coletivo”, explica Marlo.

Nestes seis meses de atividade, o grupo já fez circular por Campina Grande mais de 20 bandas de outros Estados ou cidades. “Realizamos workshops, debates, shows, agenciamento de bandas, ponto de distribuição de discos, gerenciamos um estúdio e uma casa. Todas as artes de natureza autoral”, afirma Marlo.

Juntos, os coletivos Mundo e Natora estão com diálogo aberto com pessoas de Cajazeiras, Souza e Guarabira podendo expandir a atuação para o interior do Estado.


A arte em conjunto | Coletivo Extra Piramidal

Thiago Trapo e Diego Gerlach / Foto: Dayse Euzébio


Com uma proposta diferenciada, o coletivo Holístico Extra Piramidal nasceu há um ano, em João Pessoa, da influência que um grupo de amigos viu que a produção artística de um exercia sobre a do outro. Formado pelo estudante de artes visuais Diego Gerlach, o artista plástico Thiago Moura (Trapo), o estudante de música CH Malvez, o estudante de educação artística David Alvares e o estudante de jornalismo Caio Gomes, sendo os três últimos envolvidos com bandas locais, o Extra Piramidal foi a definição usada pelos rapazes para reunir as produções individuais sempre influenciadas pelo convívio e momentos de produção coletiva.

Sem características de organização como as dos coletivos citados anteriormente, o grupo abarca a produção do fanzine ‘Pinaco Deral’, feito por Diego, as obras e exposições de Thiago Trapo, a produtora de áudio ‘Geladeira Sonora’, tocada por CH e Caio e a banda Ubella Preta, que tem David e CH como integrantes.

Segundo Diego, a definição como coletivo, que já nem existe no nome com o qual o grupo se intitula, está mais ligada a essência do trabalho dos cinco, que por serem amigos há um bom tempo e estarem sempre juntos, organizando as atividades e produzindo juntos, formam um grupo com influências e interesses comuns.

Para o grupo de artistas, o Extra Piramidal surgiu de forma espontânea. Thiago afirma que a intenção é refletir sobre a arte sem qualquer amarra a burocracias próprias de outras formas de organização, deixá-la fluir e fazê-la circular com o apoio mútuo.

Coletivo Sanhauá

Na mesma linha de romper a apatia se juntando a outros movimentos que tem feito o Centro Histórico da Capital fervilhar, foi lançado em junho deste ano a Casa de Cultura Cia da Terra, que integra o mais novo coletivo cultural da cidade, o Coletivo Sanhauá.

Composto por Erick de Almeida da banda Baluarte, pela Cantora Érica Maria, o cantor Chico Limeira e Patativa, da banda Madalena Moog, o novo Coletivo objetiva servir como ponto de encontro para a realização de atividades como apresentações teatrais, espetáculos de dança, exposições e apresentações musicais mais intimistas.

“Saber que as palavras ‘independente’ e ‘coletivo’ tem caminhado juntas pelo Centro Histórico nos deixa esperançoso, porque pra gente não depender de ninguém tem que estar junto, então devemos aplausos a todas as iniciativas que pensam numa nova forma de construção, onde o agente maior é o grupo. Não estamos aqui para pensar a cultura através de métodos, mas pra fazer tudo com responsabilidade e respeito a arte e a quem a consome”, explica Chico Limeira, integrante do Coletivo.

Cada um com sua área de atuação e forma de organização, os coletivos culturais que tem se configurado no Estado buscam alternativas para fortalecer a produção e fazer circular a arte daqueles que não encontram espaço ou incentivo pelos caminhos tradicionais, mas que compõem na militância cultural diária o rico cenário paraibano nas suas múltiplas manifestações artísticas.

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Texto de Renata Escarião | http://intermitencias.com.br/ | 26 de outubro de 2010


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SQUIZOPOP – Uma leitura sentimental


Londres, 1968. Na minha TV, a cara de Jim Morrison toma toda a tela, bêbada, em transe, e ele canta/fala: “Vamos ficar juntos...” Daí entra a voz do apresentador, dizendo:

“O cantor é a estrela americana, Jim Morrison, líder da banda californiana de rock chamada The Doors. Através de sua música, Morrison comenta sobre a sociedade. Fala para uma geração que cresceu espalhada pelas ruas do mundo. Para ela, ele é um poeta, profeta e político. Como seus contemporâneos, o grupo mostrou mais claramente contra o que eles são. Esse filme é sua ilustração sobre a situação do mundo. A mensagem do The Doors é barulhenta. Por favor, não ajuste seu aparelho.”

Trata-se do show/documentário The Doors Are Open (1968), dirigido por John Sheppard. E eu, querendo falar dessa nova banda de João Pessoa-PB, tenho essa imagem martelando aqui. A SQUIZOPOP, ontem (domingo, 24 de outubro), oficialmente, fez sua estréia nos palcos da cidade, durante a 2º edição do Festival Demo-Tape, no Espaço Mundo.

Na descrição da própria banda, no Orkut, ela afirma-se como “uma nova forma de vociferar pelas ruas, uma nova febre ensurdecedora, um novo orgasmo implantado nas entranhas da juventude...” e, antes, consta que “não [é] só mais uma banda, um grupo, uma associação de indivíduos com interesses ou gostos musicais bastante parecidos”, mas “uma deriva, uma guerrilha, uma miscigenação de sons, perfumes, cores, atos, caos e lirismo. Uma trip ensandecida que revitaliza laços perdidos, incompreensões, injetando juventude no pós-modernismo apocalíptico”, etc. Uma proposta, sem dúvida, bastante ousada – principalmente quando, hoje, principalmente em se tratando de proposta musical, é tão difícil encontrar diferenças entre tantos iguais. Até que ponto eles conseguem materializar o que propõem? Até que ponto, não? Ontem pude conferir isso, e deixo aqui, para o bem ou para o mal, minhas impressões, minha leitura sentimental.

Primeiro que tudo, gostei muito do show... Não, minto, na verdade, adorei. Um dos shows mais bacanas que vi aqui pela cidade neste segundo semestre. E os motivos são bem simples. O primeiro deles é o que se pode chamar de “elemento surpresa”. Sabe quando você não tem expectativa e... zás, surpresa!

Da performance.

Os caras subiram (literalmente, para quem conhece o ambiente do Espaço Mundo) o palco com fome, com vontade de tocar... loucos para mostrarem o som deles – e isso conta muito, e conta sempre: entusiasmo. E começaram assim, baixo (Rafael Spitfire) e bateria (Rodolf Lahn), testando timbres, meio que numa jam. Daí apareceu Ikaro Maxx e, com a guitarra no talo, ensaiando danças bêbadas e eróticas com ela, simula uma trepada por trás com “sua garota” miando dissonâncias desacordadas. A platéia, ainda meio “que porra é isso”, adorou e aplaudiu. Na mesma... jam... Pablo Giorgio aparece e... criiiiiiickkk... tzszzzzzzz... problemas com o som. O que poderia ser um começo muito bom, ficou assim, meio frustrado.

Problemas de som resolvidos, a banda continuou, avisando que Guilherme Borges, produtor e técnico de som, não estava ali hoje, por problemas pessoais. Por isso, o show seria reduzido a algumas músicas, só. Mas eles o fariam, porque estavam com muita vontade de tocar. E todo mundo viu que estavam mesmo. Quando parecia que iam emplacar novamente, simplesmente não se ouvia a voz de Pablo. Quando, finalmente, aleluia, a voz “saiu”, os caras tocaram como se fosse o primeiro e o único show da vida deles, e isso contagiou o pequeno público presente. Ao final de cada música a banda era aplaudida entre assovios de entusiasmo. No final do show o público pediu bis... mas, não sei porque, ele não veio.

Do som.

A mim me pareceu uma mistura de Sonic Youth (que eu gosto pacas!) com Weezer, nessa fase mais recente (que acho... legalzinha). A banda explora bastante os ruídos, as dissonâncias, acolhendo e recolhendo microfonias, deixando a reverberação fazer parte da música, como aliada... e fazem isso muito bem. Creio que a proposta de ser “uma nova forma de vociferar pelas ruas, uma nova febre ensurdecedora, um novo orgasmo implantado nas entranhas da juventude...” não se cumpre tão bem, na sonoridade, como “nova” – o que não é demérito nenhum; afinal, e como dizia um dos poetas mais antigos: “O que há de novo sobre a terra?”. Quanto à vontade (e que eles a mantenham) e a energia que exalam no/do palco, isso sim é muito bom de ver. Todo o excesso é perdoável, e é contagiante. Seja como for, a SquizoPop é uma descoberta e, podem me acreditar, vou querer ver suas próximas apresentações, e ver até onde esse bando de loucos bêbados vai chegar. Dou meu apoio e entusiasmo.

SQUIZOPOP é:

IkaRo MaxX – Guitarra, ruídos, vocal
Pablo Giorgio – Guitarra, ruídos, vocal
Rodolf Lahm – Bateria e vocal
Rafael “Spitfire” – Baixo e vocal

Para leituras adicionais:

Twitter: www.twitter.com/squizopop

MySpace: www.myspace.com/squizopop

Blog: www.squizopopstereoanarchy.blogspot.com

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Reverendo Tony Lopes reúne alto clero do undergrownd para entoar cânticos sagrados

Ele é o santo padroeiro do underground local. Senhoras e senhores, Tony Lopes, o São Rock em pessoa, está de volta ao circuito – e ele traz boas novas.

Dentro de cerca de dois meses, esse veterano da música independente baiana lança, em CD físico, seu novo trabalho: Reverendo T & Os Descrentes. Trata-se de um álbum no qual ele reúne composições criadas ao longo dos últimos 25 anos. Mas o projeto em si, tem, pelo menos, duas particularidades. A primeira é a sonoridade da produção, calcada em piano, baixo e bateria. A segunda é que é um CD com lado A e lado B. O lado A, ou seja, as dez primeiras faixas, contam com o próprio Tony interpretando suas canções. Já o lado B – as dez faixas seguintes – consiste nas mesmas composições, só que interpretadas por uma abençoada legião de vozes angelicais.

Olha só a escalação: Ronei Jorge, Moisés Santana, Dão, Artur Ribeiro (Theatro de Seraphin), Álvaro Lemos, Nancyta, Dois Em Um, Paquito, Miguel Cordeiro e Cássia Cardoso. Além de todos esses convidados soltando a voz, o CD contou com a participação de músicos do quilate de Paulinho Oliveira (guitarra), Vandex (piano), Ataualba Meirelles (baixo), Marcão (saxofone), Fernando Cardel (teclados) e outros.

Trajetória de ativismo

Por enquanto, já dá para baixar um single na revista virtual Verbo 21, com as faixas A Culpa (dele e de Luisão Pereira) e Os Bêbados. “Mas são as gravações com minha voz. As versões com os convidados, só quando o CD sair, lá para novembro“, avisa. Tony, para quem não sabe, tem uma longa história de ativismo no underground baiano. Nos anos 1980, integrou bandas como Dúvida Externa, Guerra Fria e Moisés Ramsés & Os Hebreus.

Em 1991, lançou, em vinil, seu primeiro disco solo: De Quem é a Culpa?, como Tony & Os Sobreviventes. “Minha intenção era me lançar como compositor. Só que fui mal interpretado. Quem ouviu, só ficou preocupado em achar minha voz ruim – ninguém prestou atenção as composições“, diz. Depois, abriu duas lojas: a Na Mosca e depois, a São Rock. Hoje, vende CDs independentes via internet e leva adiante seu projeto Reverendo T. Em paralelo, toca bateria nas bandas Koyotes (de Miguel Cordeiro) e Tilt (do ex-parceiro de Guerra Fria Evandro Lisboa). Amém.

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Conheça / baixe o single: http://discipulosdescrentes.blogspot.com | Texto de Chyco Castro Jr., Jornal A Tarde (07/09/2010), Caderno 2+


Toni Lopes, poeta do rock baiano


Paquito

De Salvador (BA)


"Maluca

Lindamente louca
Me dá um beijo na boca
Me jogue uma pedra na nuca
Sai desse asilo
E vem me amar"

Lá se vão quase trinta anos, desde a primeira vez que ouvi estes versos, ao ser chamado para cantá-los, num festival universitário de música, por meu amigo Ataualba Meirelles que me deu, entre outras coisas, este nome, Paquito, que adotei de imediato.

Ataualba, ou, mais simplesmente, Zito, era o autor da música, mas o letrista era Toni Lopes, com uma pequena e substancial ajuda do seu irmão André Luiz. André, morto em 1983 num acidente de moto, era fã de Roberto Carlos, poeta, e programador visual da Código, revista de poesia editada pelo saudoso Erthos Albino de Souza, braço forte do concretismo na Bahia.

Tempos heróicos eram aqueles em que um amigo chamava a gente pra se apresentar num palco apenas um dia antes, a gente ia, fazia, acontecia, e era um barato. Talvez Marcelo Nova já tivesse fundado o Camisa de Vênus, fazendo jus a uma tradição baiana - que remonta a Raul Seixas, Caetano e, mais remotamente, Gregório de Matos - de sermos abusados e combativos. O que sei é que se começava a respirar novos ares roqueiros, graças aos punks e à new wave, inclusive na Bahia, onde ascendia também a nova música de carnaval, com um viés comercial que a turma do rock não possuía. Por isso, muito se brigava, se debatia, apesar de nem haver o termo axé-music.

Alguns anos mais tarde, fui reapresentado a Toni por Eduardo Luedy, meu parceiro, que chegou a produzir um disco dele, e me mostrou Cristo de Pedra, de Toni e Jorge Afonso.

Braços abertos
Eterno sorriso de quem espera
Olhos no nada
Bondade destilando ódio na primavera
A seus pés
Seres sem graça fazem uma prece
Calma da pedra
Que sabe não poder ter pressa

Depois do Corcovado, de Tom Jobim, é a música mais bonita que conheço, inspirada no Redentor carioca, além de profundamente cristã, no que o cristianismo tem de radical e questionador, levando o (des) crente, não à salvação, mas à perdição.

Meu coração é a cara de Cristo
Meu rosto, um pouco triste

Um pouco tristes, um tanto raivosos, cheios de vida e de morte, nunca falsos, são os versos de Toni. E ele é profundamente ligado a esta tradição de dilaceramento, libertário que assume as culpas e as dores, mas, sobretudo, original. Um poeta que escolheu, enfim, se expressar através do rock, arte do seu tempo, e diz não se levar muito a sério.

Tá certo que eu errei que te chamei de galinha
Mas, escuta meu bem, a culpa não é só minha

Outra parceria com Jorge, Ninfomaria, mais pop e auto-irônica, que conheci na voz de Moisés Santanna, no final da década de 80.

Moisés, assim como Ronei Jorge, Nancyta, Álvaro Lemos, Duda Luedy, Heyder, Ataualba, Dão, Arthur Ribeiro, Dois em Um - e este que vos escreve - entre outros, foram chamados por Toni para participar, tocando ou cantando, do CD Reverendo T e os discípulos descrentes, por serem seus parceiros, e também por fazerem parte do underground do rock baiano, um elo entre Marcelo Nova e Pitty, que são a ponta do iceberg de uma turma que, de alguma maneira, tocou a vida da cidade de Salvador, mais heterogêneos e diferenciados do que se poderia supor.

O disco ainda virá à luz em novembro, mas a sensação de pertencimento a uma parte, mesmo nublada e dispersa, da história da música baiana, foi forte, pelo menos para mim, ao estar no estúdio com Toni, Paulinho Oliveira, Duda Luedy e Heyder, os dois últimos, ex-companheiros da Flores do Mal, banda de rock da qual fiz parte até 1990.

Este texto poderia ser apenas nostálgico não fosse Toni uma grande figura. Ex-comerciante, ex-juiz de futebol, museólogo de formação, mas, sobretudo, um poeta meio louco e muito lúcido.

A rotina, os adultos
Reuniões, batizados
Casamentos, certificados

A loucura dos carimbos
O desespero com os preços
A troca de gentilezas
Telefones e endereços

A rotina dos adúlteros
Traições, motéis
Beijos, sonhos e anéis

A ternura, o pecado
O tempero dos fingidos
A hora bem marcada
Amor eterno aos traídos

Sobre o disco propriamente dito, Tony adotou uma formação incomum para o rock, influência de Lóki, disco de Arnaldo Batista: baixo e piano, a cargo de Vandex, e bateria - tocada pelo próprio Toni - em todas as faixas, com um ou outro instrumentista convidado, além dos intérpretes. No caso dos instrumentos acrescentados, algumas intervenções funcionam bem, outras não. Poderia, enfim, ter havido um capricho maior na finalização dos arranjos, uma enxugada aqui, outra ali, e uma mixagem mais resolvida.

Mas a voz do poeta está em dez faixas - iguais a outras dez com os intérpretes convidados, o que o torna um lançamento diferenciado - mais falando que cantando as palavras, mastigando-as, convencendo-nos da força de seus versos. E os versos, não custa repetir, são o melhor do reverendo T.

Que Deus, em sua infinita inexistência, o tenha.


Contato Toni Lopes: saorockdiscos@terra.com.br