sábado, 10 de setembro de 2011

2001 (EP)

2001. Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke idealizaram-no mais pródigo do que ele foi, realmente. Na gestação da Madalena Moog, foi aí também que tudo começou: a viagem temática dos nossos experimentos sonoros. E ela também (noutro sentido, evidentemente) foi além do que idealizamos, na época. Parece que isso é bem comum, afinal.

“2001” não foi pensado como EP; não era, muito menos, algo feito para ser mostrado ao público. As músicas, gravações bem caseiras e experimentais, eram apenas... gravações bem caseiras e experimentais. Nada planejado para divulgação, etc. Foi em referência a Kubrick e Clarke que elas recebem os nomes “retrô-futuristas”, evocando o passado que assentava-se no presente, mas desencantado - como na frase inicial de “Aqueles que Vivem no Céu” (em inglês, naturalmente), repetida e a repetir-se, perdendo-se em seu silêncio espaço-espacial: “Alguém está chorando agora, e está chovendo.” E nos também nos distanciamos; mas ainda não nos perdemos.
2001 foi um ano difícil; emblematicamente marcado pelos ataques às torres gêmeas, na ilha de Manhattan, coração financeiro de Nova York: o World Trade Center. Lembro bem daquela manhã do 11 de setembro. Eu dava uma aula de Introdução à Sociologia, e a diretora pediu licença para interromper, dizendo: “Gente, estão jogando aviões sobre os Estados Unidos, um monte deles...” Eu somente pensava em uma Terceira Guerra Mundial. Tinha relido a graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons, Watchmen, bem recentemente. E lembrava de uma música, da banda gaúcha, Engenheiros do Hawaii: “Quando eu abro a janela, quando eu vejo o jornal / Eu vejo a cara dela, a Terceira Guerra Mundial / Jogam bombas em Nova York..." As referências se multiplicavam. E do que veio depois de tudo, todos já sabem bem.
É verdade que o primeiro registro sonoro da Madalena (sem o Moog, na época - seria acrescido em 2006, quando eu fui morar em Porto Alegre) somente sairia em 2002, com o lançamento de um EP homônimo. Antes, porém, essas gravações caseiras, usando um velho teclado Yamaha PSR 620, ligado a não sei quantos pedais, assomado a bancos de madeira (como no caso de “Aqueles que vivem no céu”) e tudo o mais que produzisse algum som. Tratava-se de um “vamos ver como é que fica”. E o que ficou é o que você pode ouvir aqui, no “2001”. Dê um desconto quanto à qualidade, fique com o som, sem preconceitos.
Como você poderá notar, muita coisa mudou de lá para cá e, sinceramente, espero que para melhor. Seja como for, trata-se de um presente (estamos fazendo 10 anos de banda, entre hiatos e reticências) àqueles que gostam da banda, e que não conheciam ainda este seu lado mais, digamos, obscuro – da época em que a Madalena era a banda de um homem só: yo. Apertem os cintos; boa viagem!

Patativa Moog, em setembro de 2011

Set

01 - Aqueles que Vivem no Céu
02 - Voyager
03 - Júpiter & Seus Satélites
04 - Cressid's Love
05 - Espirais CCs


Observação. Como já foi dito, as gravações são caseiras (feitas em Kakewalk) e, como tal, requerem alguns “descontos dos ouvintes”. Todas as músicas são de Patativa Moog (oi!), e todos os instrumentos são tocados por ele (rsrs...), exceto o baixo elétrico em “Júpiter & Seus Satélites”, gravado por Edy Gonzaga, depois (parece que em junho de 2002).



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