13 de dezembro de 2012.
No dia em que o meu conterrâneo mais ilustre (Luiz Gonzaga) recebe as
merecidíssimas homenagens pelo seu centenário – que infelizmente, em corpo, não
pode ver* –, eu vejo o Pedro Paz com um enorme chapéu de vaqueiro na cabeça,
armado com o seu acordeon, fazendo referências e reverências ao Rei do Baião, e,
no tempo devido, explicando as nuanças e convergências entre ritmos: tango, xote,
bolero, et cetera. Estou em um show
do grupo Baluarte. E fico sabendo que,
hoje, eles deveriam estar lançando o seu mais novo álbum, o “Pulsa” – nome que deram
em homenagem (in memorian) à
coreógrafa e bailarina Rosa Cagliani, pelo último espetáculo que ela dirigiu (“Pulsação”), e não chegou a ver sua estréia –, mas, por causa do tempo exigido pelas pesquisas de ritmos que
estão empenhados e desenvolvendo, precisaram de prazo maior, que foi
gentilmente concedido pela Funjope. Parece que, disseram, poderemos ouvir o
resultado de tudo isso antes de agosto de 2013. Contemplado pelo FMC (Fundo
Municipal de Cultura) e com o apoio da Casa de Cultura Cia. da Terra, “Pulsa” está
sendo produzido por Daniel Jesi, com direção do talentoso e simpático Tedson
Braga.
No pequenino espetáculo de hoje, que chamaram de ensaio aberto, foram
apresentadas quatro canções que estarão no álbum, arrancando aplausos e
sorrisos do público presente.
Quem conhece o trabalho anterior do grupo (Semaforizado, 2009), pode ter uma boa noção do que estou falando:
letras carregadas de poesia, melodias levinhas e cheias de curvas, como o
Sanhuá, deslizando sobre a Parahyba, seu amor antigo. “O Pulsa”, eles avisam,
“será um disco continental”, passando pela Venezuela (e Erick empunha um cuatro,
que dá o tom “venezuelano” a uma das canções), Argentina (que foi onde Rosa
Cagliani nasceu) e o Nordeste brasileiro, naturalmente.
Juntamente com Erick, a trupe fica completa com Thiago Bezerra no
baixo, e Adam Pessoa na bateria. A sincronia dos músicos, até pelo tempo em que
estão juntos, é flagrante e contagiante.
Nas apresentações anteriores, ao vivo, eles, danados, revezavam os instrumentos,
todos tocando tudo. Neste novo projeto, isso não ocorre, e cada qual explora o
seu instrumento o mais que pode. Isso, ao menos para mim, parece uma novidade
muito boa – porque evita as pausas na troca de instrumentos, entre uma e outra
canção, comprometendo o “pique” do show.
Baluarte é uma aula de música latino-americana, de qualidade
inquestionável. E o “Pulsa” vai respaldar isso tudo; é só esperar.
* Luiz Gonzaga morreu em Recife, no dia 02 de agosto de 1989. Sofreu de osteoporose por anos, até a parada
cardiorrespiratória que o vitimou, no Hospital Santa Joana, em Recife. Foi
velado em Juazeiro do Norte – CE e, depois, levado a Exu – PE, onde está
sepultado.
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