Texto de Patativa Moog
A primeira vez que encontrei o Kiko Dinucci foi na terça-feira, 31 de agosto, em frente à Casa de Cultura Cia. da Terra, ele acompanhado com o Esmeraldo (Chico Correa). Estávamos chegando para um ensaio com a Madalena Moog. Cara simpático, gente fina, atencioso, amigão. Falamos sobre a arquitetura do lugar e sobre a arte local (música, em especial) e sobre uma apresentação que poderíamos armar para a CC Cia da Terra, mais adiante.
A segunda vez que vi o Kiko foi ontem (11/09/10), dia da sua apresentação, ali mesmo, na CC Cia da Terra – dia de aniversário de 9 anos da queda das torres gêmeas nos USA, dia da primeira noite do primeiro Sunrock Festival, em João Pessoa. Embora eu seja da equipe de produção do Coletivo Sanhauá (que administra a CC Cia da Terra), praticamente, fora aquele primeiro contato, nada fiz – porque, no curto período, dei um mini-curso em João Pessoa e outro em Guarabira, fora as aulas normais... c’est la vie! E para não dizer que nada fiz, fiquei na portaria quase o tempo todo: recebendo entradas e dando informes sobre o local et cetera. A produção ficou por conta de Esmeraldo Marques (Chico Correa) e Erick de Almeida (Baluarte), parceiros. Na mesma noite se apresentou, acompanhado pelo Kiko, a paulista Juçara Marçal – com quem conversei um bocado antes de começar seu show. Juçara é uma artista completa: linda, delicada, simpática, dona de uma voz e uma presença de palco maravilhosas. Totonho (acompanhado por Thiago Sombra, no baixo, e Esmeraldo, no violão), que despensa comentários e com quem chegamos a marcar um show (cancelado na mesma noite, rsrs... por choques de agendas), fez o encerramento da festa; e o povo queria mais, e mais... Nosso primeiro show juntos ficou p’ra outra.
Minhas impressões sobre o 11/09: Sábado:
A primeira coisa que me deixou super empolgado e feliz foi ver a casa lotada. Mais de uma vez subi as escadas para verificar se ainda poderíamos deixar mais gente entrar – estamos esperando a vistoria do Corpo de Bombeiros e de engenheiros da Prefeitura, para sabermos a capacidade de pessoas no recinto. A segunda coisa a me impressionar e me fez ter alguns pensamentos foi ver o povo perguntando quanto era a entrada, e dizíamos que era R$ 4,00, e todo mundo pagava sem reclamar. Terceira coisa que notei, e não exatamente nessa ordem, foi que, talvez pela dinâmica do espaço, as pessoas “se educam”, são educadas uma pelas outras. Somente um cara chegou para me perguntar porque, ali, não tinha bebida para vender; aí eu expliquei que não éramos um bar, e não vendíamos bebida para não perdermos essa coisa que estávamos (e estamos) tentando ser: um lugar onde as pessoas vão para, realmente, verem as apresentações, como quem vai a um teatro, a uma exposição artística, et cetera, et cetera. Ele argumentou que, todavia, as pessoas saem para comprar bebida fora. De fato: saem, compram e voltam e, coisa mais linda, trazem de volta as garrafas vazias, as latas, e depositam-nas no lixo que fica fora da CC Cia da Terra. Embora não sejamos um bar, não impedimos que pessoas entrem com bebidas no local. Exceção feita ao fumo, que é proibido.
As coisas que pensei:
1) O fato de a CC Cia da Terra ser uma novidade – até mesmo por essa proposta –, tem atraído pessoas que, comumente, não vemos transitar por ali, pelo Varadouro, etc.
2) A CC Cia da Terra está se firmando como um espaço alternativo às alternativas que já existem (ou melhor, que existe) ali. Um só lugar de eventos, infelizmente, e se não se renova sempre, e melhora, fomenta o tédio do mais do mesmo. É bom, sempre, surgirem escapes, sangradouros, opções outras. É bom a CC Cia da Terra ser como é; e vai ser ainda melhor: estamos comprando som, iluminação, fazendo banners de identificação externa e finalizando as reformas que ainda notamos necessárias para uma legítima grande inauguração oficial. Quem dera, além da CC Cia da Terra e do Espaço Mundo, houvesse ali bares, restaurantes, et cetera e et cetera. #oremos
O que a CC Cia da Terra quer/vai oferecer:
Além de shows em pequenos e médios formatos (sempre com entradas limitadas), como os de ontem e o do pré-lançamento do CD novo do Xisto Medeiros (Prana), todos incríveis, funcionaremos como espaço alternativo para eventos ligados à dança, teatro, lançamentos de CDs, livros, e outros. O último livro lançado na CC Cia da Terra foi o da paranaense Marcele Aires, Que transpõe o halo: trilogia poética (Wgraf Editora), no dia 28 de julho. Também, através da Mariah Benaglia, da equipe de cinema do Sanhauá, temos feito parceria com o povo incrível do TinTin Cineclube. Com eles, além dos curtas e documentários já apresentados, estamos planejando sessões temáticas mensais e fixas, com sessões seriadas, levando ao grande (e limitado) público a obra de, por exemplo, Zé do Caixão. Também queremos, bem em breve, realizar oficinas sobre temas ligados á arte e sua produção, convidando artistas e produtores locais. Ainda, e não por fim, estaremos atuando na produção de festivais locais, privilegiando a área do Varadouro e proximidades. É aguardar para ver!
Esperamos, com isso e com tudo o mais que vier, somar forças às iniciativas já existentes no Varadouro, cooperando com o fortalecimento da vida cultural da cidade de João Pessoa e com o seu cenário independente: na música, no teatro, no cinema, na dança, na literatura, et cetera. Artistas de João Pessoa, unamo-nos!
O coração da velha cidade pulsa!
Para quem duvida que o Varadouro vive, e que pode viver ainda mais, disponho abaixo uma relação de lugares que, ou promovem a cultura ou fazem, de modo menos direto, parte dela, e TODOS/AS DO/NO VARADOURO. O apanhado (feito em 05/09/10) é de Rayan Lins (Nublado / Cerva Grátis), e não está totalmente completo, como ele mesmo diz.
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Como anda a situação da produção cultural no Varadouro, Centro Histórico de João Pessoa? Atualmente a dowtown do Centro Histórico conta com os seguintes empreendimentos culturais:
(Esqueci de algo?) [...] O ex-Galpão (14, 17, Candeeiro Encantado) foi ocupado por um grupo de teatro chamado Ser Tão Teatro e a ex-Intoca está sendo reformada e será um restaurante.
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Post Scriptum: Eliminei partes do texto do Rayan, porque diziam respeito a outra temática, suscitando (em local próprio, a Lista PBRock [que foi de onde extraí o mesmo]) debates e tratando de temas que fogem ao sentido desta postagem. Também fiz pequenos ajustes no texto, com o fito de deixar mais clara nossa intenção primeira. Ele, certamente, não vai ligar pra isso. E viva o Varadouro!
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