segunda-feira, 30 de maio de 2011

PAI NOSSO



& quando nos aproximamos de Ferlinghetti
& havendo um de nós pedido que ele nos lesse um dos seus poemas
ele disse assim: Não decorarem nada. Ouçam em seus corações:

Pai nosso que estais ao léu
maldito seja o vosso sono
venha a nós o nosso reino
& seja feita a nossa vontade
assim na Terra como no Inferno
a grande fome de cada dia, temos hoje
pois sempre aumentam as nossas dívidas
& não nos pagam os tantos putos que nos devem
& sejam bem-vindas as tentações
mas livra-nos da Caixa, do Banco do Brasil
pois o que é teu, é teu; é o que é nosso, deles...
& como é linda essa tal de Glória, sempre & sempre...
... Ah, man!

& tendo dito isso, o mestre se retirou para o Bar da Jane
& disse à mesma que, a conta, ficava por nossa conta
que não nasceu para a caridade, não
& que não lhe caía bem dar lições assim, de graça
& sem ao menos um trago depois...
& depois subiu a Ladeira de São Francisco
em direção a puta que lhe pariu... & acabou-se o dia

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